VIGÍLIA PASCAL

NOITE QUE BRILHA COMO DIA

 

Hoje, 20 de abril é dia  da vigília pascal, constitui o centro do Ano Litúrgico, é considerada a mãe de todas as noites. A Igreja celebra a Páscoa de Jesus Cristo, a páscoa dos cristãos. É festa batismal. A Igreja dá à luz novos filhos e filhas pela fé e pelo Batismo renova a aliança batismal. Trata-se da celebração da vida renovada em Cristo ressuscitado.

O simbolismo da celebração da vigília pascal pode ser definido como uma “noite clara, a noite que brilha como o dia e a escuridão são claros como a luz”. “Noite na qual a Igreja espera a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos”. “Noite em que Jesus Cristo passou da morte para a vida”. Para estes ritos a Igreja convida os seus filhos e filhas a se reunirem em vigília e oração. A celebração da Vigília pascal realiza-se em quatro partes:

  1. 1. A liturgia da luz: Consiste na bênção do fogo, na preparação do círio Pascal e na proclamação do anúncio da ressurreição. Acende-se o Círio Pascal, uma grande vela que simboliza a luz de Cristo, que ilumina o mundo. Na vela, estão gravadas as letras gregas Alfa e Ômega, que querem dizer: Deus é o princípio e o fim de tudo. O fogo novo e o círio pascal simbolizam a luz da Páscoa, que é Cristo, luz do mundo. Por isso a Igreja canta: “Eis a luz de Cristo que apaga as trevas de todo o mundo” e convida a “celebrar o esplendor admirável desta luz em que o céu se une à terra, em que  homens e mulheres se encontram com Deus”. Quando alguém nasce, costuma-se dizer que “veio à luz” ou “a mãe deu à luz”. A Igreja veio à luz na Páscoa de Cristo. Toda a vida da Igreja encontra a sua fonte no mistério da Páscoa de Cristo.
  2. Após a procissão e já no templo segue a liturgia da Palavra. Propõe leituras do Antigo Testamento, que recordam as maravilhas de Deus na história da salvação e leituras do Novo Testamento com o anúncio da Ressurreição de Jesus. Assim, a Igreja, começando por Moisés e seguindo pelos Profetas interpreta o mistério pascal de Cristo. A escuta da Palavra é feita aos pés da Luz, que é Cristo Jesus. “Eis o dia que fez o Senhor, nele exultemos e nos alegremos” (Sl 118).
  3. A liturgia batismal: A liturgia batismal é parte integrante da celebração. Faz-se a bênção da água batismal, a renovação das promessas do batismo, o canto da ladainha de todos os santos e santas, a bênção da água, a celebração do batismo, a aspersão com água a assembleia. “A água é símbolo. Significa. A água é rica de mistério. Ela é simples, pura, limpa e desinteressada. Símbolo perfeito da vida, que Deus preparou ao longo dos tempos, para manifestar o sentido do Baptismo” (R. Gardini). Pela água “no sacramento do Batismo somos purificados das velhas impurezas e ressuscitados como criatura nova pela água e pelo Espírito Santo”. Na tradição da Igreja, a fonte baptismal é comparada ao seio materno, ao útero que gera vida e a Igreja à mãe que dá à luz.
  4. A liturgia eucarística. A liturgia eucarística, memória do sacrifício da Cruz, presença de Cristo Ressuscitado é o centro da iniciação cristã e proclamação da Páscoa. Santo Agostinho diz: “Esta noite deve ser comemorada em honra do Senhor e a Vigília que nela se celebra, em memória da noite santa em que Cristo ressuscitou, deve ser considerada a mãe de todas as santas Vigílias”.

A vigília da Páscoa é a celebração importante na vida do cristão. Nela falam os símbolos da vida: o fogo, a luz, a água, o óleo, o pão e o vinho. A Missa da Vigília Pascal, celebrada à noite, começa na escuridão, simbolizando a morte de Jesus. Pouco a pouco, as luzes do templo vão se acendendo. O Círio Pascal é conduzido solenemente ao centro do templo, lembrando a presença do Ressuscitado. E assim os cristãos renovam a cada ano o núcleo central da fé.

 

Adaptado

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga