Ordenação Presbiteral do Diácono Luan Batista Ferreira

Na noite do dia 05 de abril de  2024 ás 19:00 horas, nas dependências da Paróquia São Domingos Sávio, situada no Bairro Jardim Atlântico / Rondonópolis-MT, realizou-se á celebração da Santa Missa de Ordenação Presbiteral do Diácono Luan Batista Ferreira. Com lema “Senhor, tu sabes tudo, sabes que eu te amo” (Jo21,17).

Oitava da Páscoa

Saúdo os familiares do Luan, seus pais Alberto e Suely, seus irmãos Heberto, Douglas e Maria Helena; saudação aos padres da nossa diocese e aos padres visitantes; aos consagrados e consagradas; aos seminaristas e vocacionados; saúdo o Pe. Sérgio juntamente com todo povo de Deus aqui da paróquia São Domingos Sávio, gratidão por nos acolher neste dia solene da oitava da Páscoa na qual será ordenado presbítero o diácono Luan; saúdo os cristãos leigos e leigas que vieram de outras paróquias da diocese, sejam todos bem-vindos. Diác. Luan gratidão pelo teu sim ao chamado do Senhor que te interroga: Luan, tu me amas? A resposta é o lema que você escolheu para o exercício do ministério presbiteral: “Senhor, tu sabes tudo, sabes que eu te amo” (Jo21,17).

Prezados irmãos e irmãs, para reflexão de hoje me inspirei no texto base de preparação para o 19o Encontro Nacional de Presbíteros que acontece em outubro deste ano. Cada padre recebeu na missa do Crisma este texto. Presbíteros: testemunhas da esperança. O texto aborda quatro aspectos da nossa identidade. 1. Presbítero: profundamente humano; 2. inteiramente de Deus; 3. plenamente identificado com a Igreja e 4. totalmente dedicado a vida missionária.

  1. Presbítero: profundamente humano.

Diácono Luan, a imposição das mãos e a prece de ordenação não muda tua condição humana, por isso o padre permanece com sua condição frágil e vulnerável que deve ser cuidada e cultivada. Repito algumas palavras que já disse na tua ordenação diaconal.

As vocações não caem do céu, portanto no seminário e no presbitério não há anjos e nem super-homens, mas homens que trazem suas vulnerabilidades humanas. Deus nos chama na condição humana que nos encontra. Deus conhece nossas fragilidades, nos olha com misericórdia e nos elege. Deus sabe que não somos perfeitos, mesmo assim nos chamou.

Ao longo da formação inicial e permanente é fundamental que nossas fragilidades humanas sejam aceitas, assumidas e integradas, pois “aquilo que não é assumido, não pode ser redimido”.  

Há um adágio popular que diz: “quem não cuida de si não serve para cuidar dos outros”. Sendo presbítero, nossa vocação é de se doar pelos outros, no entanto, não é salutar que descuidemos de nossa saúde mental, física e espiritual. Para servir bem os outros precisamos estar bem. O tempo de oração, de estudo, de retiro, de atividade física, de férias, o cuidado com alimentação, fazem parte deste cuidado consigo mesmo. Demos tomar atenção para que no exercício do ministério não sejamos engolidos pelo ativismo, mas encontremos tempo para o cultivo pessoal.

O padre não pode ter medo de sua humanidade e nem fugir dela. Um remédio é cultivar uma boa relação com a família, com os padres e com amizades saudáveis. Saber integrar a humanidade exige postura de misericórdia consigo, não se deixando levar pela cultura do medo e da rigidez. Não te esqueças, a ordenação não elimina tua condição humana. Continuarás plenamente humano como presbítero.

  1. Presbítero: inteiramente de Deus

Aquele que te chamou por amor e por iniciativa gratuita, aguardou teu sim generoso. Deus te chamou amando e tu respondestes amando, como expressa teu lema: “Senhor, tu sabes tudo, sabes que eu te amo” (Jo21,17).

Nossa vocação vai se tornando clara através da relação de intimidade e proximidade com Aquele que nos chamou e enviou. Recomendo a voltares sempre a experiência do primeiro amor.

No teu cotidiano como padre, irás experimentar a necessidade de cultivar a proximidade e a intimidade com Deus, através do compromisso diário de celebrar a eucaristia, da busca regular ao sacramento da reconciliação, da participação com toda Igreja da Liturgia das horas, de estar presente nos retiros promovidos pela diocese, da reza do terço, do cultivo e tempo de adoração e deserto, da escuta assídua da Palavra de Deus. “Procuras crer no que leres, ensinar o que creres e praticar o que ensinares”. Anuncia com fé e coragem o Evangelho em sua totalidade e, como os profetas da Bíblia, denuncia as injustiças e o que fere a dignidade da pessoa humana.

Para ser inteiramente de Deus, o padre, configurado a Cristo bom pastor, mestre e Senhor, é testemunha viva do mistério de Deus. Chamado a ser um sinal e portador do amor misericordioso de Deus para todas as pessoas. Um dos motivos que muitos padres cansaram e desanimaram no caminho foi a perda da identidade espiritual, reduzindo o ministério ao funcionalismo.

Como homem inteiramente de Deus, és chamado a santidade de vida. O padre é revestido da santidade de Cristo, Mestre e Pastor. A santidade do padre está enraizada no mistério pascal. É um consagrado que apesar do sofrimento que passou e que ainda possa passar, é capaz de superar com esperança, pois sua vida está sedimentada no Cristo ressuscitado. A alegria e a esperança dever ser a nossa marca. O odor da santidade se expressa no modo de ser, viver, falar, se comunicar, atender, agir, celebrar. Trata-se de seguir Cristo de uma maneira total, com o coração indiviso.

Vivendo o celibato poderás te dedicar mais livremente ao serviço de Deus e da humanidade e trabalhar com mais solicitude na obra da salvação, sendo um sinal e ao mesmo tempo um incentivo da caridade pastoral e fonte de fecundidade no mundo. Sejas, portanto, inteiramente de Deus.

  1. Presbítero: plenamente identificado com a Igreja

O presbítero tem sua razão de ser e de existir na união de Cristo e com a Igreja, jamais separado dela (Diretório para a vida e Ministério dos Presbíteros, n.9). Com a ordenação presbiteral, te unirá para sempre ao sacerdócio de Cristo e por sua vez inclui uma união com a Igreja, por isso, o padre se torna um homem de Igreja e da Igreja.

Com a ordenação você fará parte deste corpo presbiteral que tem uma união sacramental. Caminha, pois, conosco em espírito de comunhão. Você agora é um dos nossos. Você sabe, somos poucos (29 diocesanos e 10 religiosos), por isso precisamos nos amar muito e caminhar juntos. O presbitério é tua nova família. Cultiva, pois a participação em nossos encontros de padres na diocese e no regional, isto te ajudará a vencer tentação ao isolamento.

A vida do padre é orientada para a comunhão. Comunhão interior com a Trindade, com o povo santo de Deus, com os irmãos presbíteros, com o bispo, com as diretrizes da ação evangelizadora, com a Tradição viva da Igreja e seu Magistério.

Outra expressão chave para exercer o ministério, além da comunhão e da unidade é a sinodalidade e a diocesaneidade, expressões relativamente novas em nosso linguajar, mas querem expressar nosso desejo de caminhar juntos, na fraternidade, na unidade e no amor a Igreja. Sejas um padre plenamente identificado com a Igreja.

  1. Presbítero: totalmente dedicado a vida missionária.

O Ide de Jesus não tem fronteiras: “Ide pelo mundo inteiro, proclamais o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Mesmo incardinado nesta diocese, a tua responsabilidade não se restringe a este território, mas se dirige a todos os povos, a onde a Igreja te enviar. O decreto Presbyterorum Ordinis, do Concílio Vaticano II, recorda: “O dom espiritual, recebido pelos presbíteros na ordenação, não os prepara para uma missão limitada e determinada, mas sim para a missão imensa e universal da salvação, “até aos confins da terra” (At 1, 8); de fato, todo o ministério sacerdotal participa da amplitude universal da missão confiada por Cristo aos Apóstolos. Lembrem-se, por isso, os presbíteros que devem tomar a peito a solicitude por todas as Igrejas. Portanto, os presbíteros daquelas dioceses que têm maior abundância de vocações, mostrem-se de boa vontade preparados para, com licença ou a pedido do próprio Ordinário, exercer o seu ministério em regiões, missões ou obras que lutam com falta de clero” (PO, n. 10).

Do nosso ser presbítero configurado a Jesus Cristo Profeta, Sacerdote e Pastor, decorre nossas atividades missionárias de ensinar, santificar e governar. Recordo, porém que a missão não se reduz as atividades ou a algumas horas do nosso dia, está relacionada ao nosso ser. Nossa vida é missão. Somos uma missão de Deus neste mundo. Por isso, a vida do ministro ordenado não se reduz a fazer coisas como se fosse um funcionário do sagrado.

Uma recomendação que gosto de repetir, não te esqueças dos pobres, os prediletos do Reino, seja próximo e amigo deles. Olhe os pobres com compaixão. Já disse no teu diaconato e repito, o amor preferencial aos pobres não é ideologia, é o Evangelho de Jesus Cristo.

Por fim, conte com a oração e apoio de cada uma das pessoas que estão aqui neste dia tão importante para tua vida. Que a Virgem mãe Aparecida interceda por ti, pelo clero, pelos consagrados e consagradas e pelos cristãos leigos e leigas. Amém!

Dom Maurício da Silva Jardim

Bispo Diocesano