TRABALHAR NA VINHA DO SENHOR

Estamos no 26º domingo do tempo comum. Cor dos paramentos e do espaço celebrativo é verde. Sinal de esperança, de vida, de alegria.

Estamos no mês de outubro, mês dedicado às missões. Igreja missionária. “Igreja de saída Ser verdadeiro discípulo missionário exige o vínculo efetivo e afetivo com a comunidade dos que descobriram fascínio pelo mesmo Senhor. Ele sabe que exerce sua missão na Igreja, “em saída”. “Naquele’ ide’ de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária”.” O papa Francisco afirma: “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Por isso ela sabe ir à frente, tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Vive um desejo inesgotável de oferecer misericórdia”. A saída exige prudência e audácia, coragem e ousadia. (DGAE 13)

No mês de outubro o olhar da Igreja se volta para as missões. Igreja em estado permanente de missão. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!

Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16,15). Jesus Cristo, missionário do Pai, envia, pela força do Espírito, seus discípulos em constante atitude de missão por meio do testemunho e do anúncio explícito de sua pessoa e mensagem. A Igreja é missionária por natureza.” Existe para anunciar, por gestos e palavras, a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Fechar-se à dimensão missionária implica fechar-se ao Espírito Santo, sempre presente, atuante, impulsionador e defensor. Em toda a sua história, a Igreja nunca deixou de ser missionária. Em cada tempo e lugar, a missão assume perspectivas distintas, nunca, porém, deixa de acontecer. Se hoje partilhamos a experiência cristã, é porque alguém nos transmitiu a beleza da fé, apresentou-nos Jesus Cristo, acolheu-nos na comunidade eclesial e nos fascinou pelo serviço ao Reino de Deus. A Igreja é chamada a ser toda missionária e em estado permanente de missão. “Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnância e s em medos. “A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém”. “Todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (idem 36)

A Palavra de Deus (Mt 21,28-32) faz refletir sobre “ter a vontade de fazer e não fazer nada”. Essa realidade está presente em nossa vida, nas comunidades, na família e na sociedade. Há muitas pessoas com boa vontade, desejam fazer algo, prometem participar, mas não decidem fazer. Ficam sempre na boa vontade e não na ação concreta.  O cristão que vive a sua fé manifesta o seu compromisso na participação na comunidade, no cumprimento de seus deveres familiares, na ética como bom cidadão. Há pessoas que gostam muito de falar, mas não assumem nada. E ainda criticam os que fazem alguma coisa.

A segunda leitura (Fp 2,1-11) abre um caminho para a nossa vida. “Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade cada um sinta que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu. Tende entre vós os mesmos sentimentos que existe em Cristo”. O que destrói uma comunidade, uma família, um grupo cristão é a competição e a vanglória. Onde há competição não existe amor.

A Palavra de Deus ensina que devemos ter os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. E quais são estes sentimentos? “Jesus Cristo, sendo de condição divina… esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornou-se igual aos homens. Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz”. Ter os mesmos sentimentos de Jesus é trilhar o caminho que ele nos indicou. É amar os irmãos, socorrer os necessitados e pobres, perdoar os que nos ofendem, ter um coração humilde e capaz de perdoar. Ter os mesmos sentimentos de Jesus é encher-se de fé, de entusiasmo e ser missionário anunciador do Evangelho. Ir em missão como Jesus fez.

E São Paulo conclui: “Assim, ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra, abaixo da terra e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”. Nossa missão é reconhecer Jesus Cristo como o Salvador. É filho de Deus. É Ele que convida para proclamar, anunciar, divulgar o nome de Jesus. Fomos batizados em nome de Jesus Cristo. É nele que encontramos vida, esperança, fé, alegria e ressurreição. A comunidade se reúne em nome de Jesus Cristo. Ele está no meio de nós. É em nome de Jesus Cristo que procuramos ser éticos, justos e honestos. Em nome de Jesus Cristo os pais educam seus filhos, testemunham a fé. Em nome de Jesus Cristo, jovens assumem a vida sacerdotal, a vida religiosa e missionária.

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, que mostrais vosso po­der sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga