DEITADO NUMA MANJEDOURA.

Deus nasce no meio de nós. A humanidade se inclina diante deste acontecimento que marca a história. Esse dia move os corações, aproxima as pessoas, desperta no coração o desejo de paz, de esperança, de vida, de dias mais tranquilos, de uma luz que brilha no horizonte da vida.

O Evangelho de Lucas (Lc 2.1-14) é preciso nos relatos sobre os acontecimentos da noite de natal. “E Maria deu à luz o seu Filho primogênito, pois não havia lugar para eles na hospedaria”. Deus se encarna no meio de nós de maneira simples e humilde. Tão pequeno que coube numa manjedoura e no colo de mãe. Natal é a certeza da manifestação do amor de Deus que se torna presente no meio de nós.

Os humildes pastores foram os primeiros que acolheram e visitaram o menino de Deus. “A glória do Senhor os envolveu em luz e eles ficaram com muito medo, Mas o anjo disse aos pastores: “Não tenhais medo!Eu vos anuncio uma grande alegria que será para todo povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador que é o Cristo Senhor”. Este será o sinal: “Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. O pastores, uma luz, uma mensagem. Ficaram com medo, porém o anjo lhes diz: “Não tenhais medo”. Eles tinham dificuldades de acreditar que uma luz, uma boa notícia estava sendo anunciada. Viviam em situação de medo, de escravidão e de opressão. Esta é a experiência ainda presente na humanidade. Há tantas coisas que inspiram medo e insegurança.

Deus em quem cremos nos diz: “Não tenhais medo, pois nasceu para nós um Menino, foi nos dado um Filho; ele traz aos ombros a realeza; o nome que lhe foi dado “Conselheiro admirável, Deus forte, pai dos tempos futuros, príncipe da paz” (Is 9,5). O nascimento de Jesus é sinal de mudança, de vida e de caminho novos. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandece” (Is 9,1), pois o “jugo que oprimia o povo, a carga sobre os ombros” (Is, 9,3) já não pode mais existir. Deus está morando no meio de nós. Ele é a luz, a vida, a esperança e a salvação.

São Paulo ao refletir sobre o amor de Deus que se manifesta através do nascimento de Jesus (Tit 2,11-14) indica o caminho a seguir. “A graça de Deus se manifestou … ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade“.

Diante deste mistério a comunidade cristã eleva a prece: “Ó Deus, que fizestes resplandecer nesta noite santa com a claridade da verdadeira luz, concedei que vislumbrando na terra o mistério, posamos gozar no céu a sua plenitude“.

Almejo à comunidade cristã, de modo especial aos presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos e leigas inseridos nas comunidades como lideranças cristãs e como evangelizadores, bem como às autoridades constituídos e a todos os homens e mulheres de boa vontade que constroem a humanidade mais solidária, que sintam a alegria que vem do Natal. Alegria que brota do coração de quem acredita no mistério da encarnação, na certeza de que Deus está presente e que nos conclama para a vida, a missão e a evangelização. Somos atraídos por uma luz e esta luz é Jesus. Que todos tenham um Natal abençoado com muita vida, luz e esperança.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom JuventinoKestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga