Missa dos Santos Óleos

DOM MAURÍCIO REFORÇA QUE NÃO HAJA ‘OPOSIÇÃO’ ENTRE OS MINISTÉRIOS ORDENADOS E NÃO ORDENADOS NA IGREJA

 

O bispo diocesano de Rondonópolis Guiratinga, Dom Maurício da Silva Jardim, reforçou nesta Quarta-feira Santa, 05/04, o pedido de “unidade na diversidade”, dos ministérios ordenados e leigos, dentro da Igreja Católica. Foi durante a anual Missa dos Santos Óleos, celebrada por ele, e concelebradas por todos os padres da Diocese na Catedral Santa Cruz.

Na celebração, também chamada de Missa do Crisma, acontece o ato de consagração do óleo usado nas paróquias para o Sacramento do Crisma, a unção dos enfermos e dos catecúmenos (aqueles que se prepara para o batismo).

UNGIDOS PARA UNGIR – Dom Maurício focou o sermão na renovação dos compromissos assumidos pelos padres em suas ordenações, mas também cobrou que a responsabilidade pela união da igreja é de cada fiel batizado.

Ele reiterou que o centro da missão de cada presbítero é personificar Jesus para suas comunidades, sobretudo, servindo: “Ninguém é ungido ou consagrado para si mesmo; sempre é para os outros. Não fomos ordenados para nós mesmos ou para um pequeno grupo, para uma pastoral, movimento o serviço apenas, mas fomos ungidos, consagrados e enviado para a Missão que o Senhor no indicar através da nossa igreja local”, pregou.

Ação missionária que segundo o Bispo, não se restringe a Diocese, mas pode ir além das suas fronteiros, como é o caso de missões em outras regiões do País e fora dele, com destaque para os testemunhos de tantos missionários alemães, espanhóis e de outras nacionalidades, que ajudaram a construir a igreja em tantas locais do Brasil, incluindo o mato Grosso. “Alguns estão aqui até hoje. Uma Diocese que envia missionários não fica mais pobre, pelo contrário, se enriquece”.

OBJETIVO – O ato da renovação das promessas sacerdotais tem como objetivo, segundo Dom Maurício, que cada padre seja mais conforme Cristo. “Para a gente estar conformado, configurado, cada ano mais, a Jesus Cristo. Ungidos para ungir os pobres, os presos, os cegos, os doentes, os sem teto, os sem trabalho, os sem-terra para plantar, os que vivem em situação de rua e abandono, os migrantes e os descartados da nossa sociedade”, os “oprimidos” eleitos no programa de vida de Jesus.

Dom Maurício citou como exemplo local da Casa Bom Samaritano que acolhe pessoas em situação de rua a abandono. “É um trabalho motivado pela fé. Dar de comer aquém tem fome é Evangelho. Tive fome e me deste de comer; está no Evangelho de Mateus, 25”. E recordou que 60% da chamada Coleta da Solidariedade, no Domingo de Ramos, fará parte de um fundo Diocesano de apoio a projetos de combate à fome. “Ela vai ajudar os mais pobres. Isso é Evangelho e não comunismo, com as vezes se ouve por aí”.

EM SILÊNCIO – Falando aos padres, Dom Maurício reforçou, em linguagem figurativa, que eles, a exemplo do óleo abençoado foram ungidos para ungir e se não for usado estraga, se perde. “Quando este óleo não é usado, fica rançoso, azeda e cheira mal. Vamos usar esse óleo, vamos usar essa unção. O nosso ministério presbiteral, é o ministério da unção, da cura, da libertada para todos os doentes e pecadores”.

O bispo agradeceu publicamente o empenho dos padres da Diocese no atendimento às suas comunidades, de forma destacada nesse tempo de preparação para a Páscoa, com as confissões, unções e atendimentos feitos no silêncio de cada missão. “Não se coloca nas redes sociais o padre confessando, visitando um doente ou alimentando um faminto; não é notícia, mas aconteceu; então sou muito grato aos padres da nossa Diocese que doam suas vidas no serviço”, disse o Bispo, lembrando o risco à tentação de católicos ordenados e leigos de se esquecerem do mandamento do serviço prescrito em Mateus 25,11: “Ás vezes como padre, bispo e leigo (em funções de lideranças), nós temos a tentação de poder, mas Jesus diz que entre nós não deve ser assim: o maior entre vós seja aquele que serve”, recordou citado o ato do lava-pés, “mostrando que nossa missão é o serviço”.

SEM DISPUTAS – Dom Maurício acrescentou ainda que não pode haver concorrência ou disputa entre os ministérios dos padres e bispos e dos cristãos leigos. “O ministério ordenado está a serviço do ministério comum dos fiéis leigos e leigas. Não há oposição ou contradição entre os ministros ordenados e não ordenados. Formamos um único povo de Deus com tantos ministérios e carismas. Os membros são diferentes, mas o corpo é o mesmo. Para crescermos na comunhão não precisamos ser iguais, uniformes, mas precisamos caminhar na mesma direção, viver a unidade na diversidade”. Segundo o Bispo, a Igreja é povo de Deus e neste povo estão todos os batizados. “Repito: o ministério ordenado está a serviço do povo; nós estamos a serviço de vocês; nem acima e nem abaixo, mas a serviço com o múnus (encargo/dever) de ensinar, santificar e pastorear”.

ESPÍRITO SANTO – Dom Maurício encerrou rogando ao Espírito Santo a condução de cada católico da Diocese, no sentido de fortalece-la como uma Igreja em saída “até os confins do mundo e em direção as periferias existenciais; em estado permanente de missão, não parada” e pediu que as comunidades rezem por seus padres e bispo, “Rezem pelos padres e vamos nos comprometer em estar sempre com você em nossas orações. Vamos caminhar juntos com um único povo, a serviço de uma única missão que nos é dada por Deus. Assim seja”.

NILTON MENDONÇA

PASCOM DIOCESANA