Quem crê em mim, viverá

A VIDA ETERNA

 

Impressiona a atitude das pessoas, no dia de finados, andando pelo cemitério, carregando flores, acendendo velas, enlevando a Deus uma prece diante do túmulo de um ente querido. As vaidades cessam, as riquezas e honrarias tornam-se secundárias. É a experiência da transitoriedade da vida. O olhar de criança, do jovem e do ancião volta-se para o infinito e para o mistério da vida.

A canção diz “a vida, para quem acredita, não é passageira ilusão. A morte se torna bendita porque é a nossa libertação. Nós cremos na vida eterna e na feliz ressurreição. Quando de volta à casa paterna, com o Pai, os filhos e filhas se encontrarão”.  O mistério da morte, a busca de eternizar a vida e a necessidade de fazer túmulos é uma das características de todos os povos, raças e culturas. Profanar os túmulos, ridicularizar os ritos fúnebres e desrespeitar mortos são ações rejeitadas pela sociedade e fonte de litígio.

Para os cristãos, a morte adquiriu novo significado a partir de Jesus Cristo. “Como Jesus morreu e ressuscitou, Deus ressuscitará os que nele morreram. E, como todos morrem em Adão, todos em Cristo terão a vida” (ITes 4,14).

Professamos no credo: “Creio na ressurreição dos mortos e creio na vida eterna”. Aqui está um núcleo central da nossa vida e da esperança. A vida vem de Deus e volta para Deus. A morte é um processo natural de todos os seres viventes. Para o cristão, a morte, ainda que seja experiência dolorida, é a passagem para a verdadeira vida. “Nós cremos na vida eterna, por isso cremos que após a morte nossa “vida continua junto de Deus na eternidade”.

Por ocasião da ressurreição de Lázaro, Jesus afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto viverá. E todo aquele que vive e crê em mim jamais morrerá” (10 11,24). Jesus veio trazer a vida. Vida plena. Vida em abundância. “Eu vim para que todos tenham vida” (l 10,10). Ressuscitar é ganhar de graça a plenitude da vida, a realização plena de todos os nossos sonhos e projetos. É Deus quem garante esta realidade.

A tradição católica sempre valorizou o respeito ao cemitério, o sepultamento com simplicidade, mas com dignidade, as manifestações humanas junto aos túmulos como flores, uma vera acesa, uma cruz, bem como a prece em favor dos que partiram. Cremos que há uma unidade entre a nossa vida e a vida dos que morreram.

Conforme o Papa Francisco: “A ressurreição depois da morte se baseia na fidelidade de Deus”. “A ressurreição se baseia na fidelidade de Deus, que é o Deus da vida que pertence a Deus, o qual nos ama e se preocupa conosco, ao ponto de unir seu nome ao nosso: é o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó. Deus não é dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para Ele”. E continua: A vida subsiste onde há relação, comunhão, fraternidade. E é uma vida mais forte do que a morte quando é construída sobre relações verdadeiras e laços de fidelidade”.

Rezemos com a Igreja: “Senhor, que a luz eterna os ilumine no convívio dos vossos santos, porque sois bom. Dai-lhes, Senhor, o repouso eterno e brilhe para eles a vossa luz no convívio dos vossos santos, porque sois bom” (Esd 2,34-35).

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano