Juíza criminal se ajoelha para lavar os pés de detentos em MT

Uma inusitada cena chamou a atenção de quem participou (plateia restrita) da missa da quinta-feira santa (28/03), nas dependências do presídio estadual Major Eldo de Sá Correa, a penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis. Em seu segundo ano como bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga, Dom Maurício da Silva Jardim, voltou a celebrar e lavar os pés de 12 detentos da unidade, repetindo o gesto de humildade de Jesus Cristo, descrito no Capítulo 13 do Evangelho de São João, quando, durante a última ceia pascal com seus apóstolos, antes de ser traído, entregue, condenado, morto e ressuscitar, Jesus se levantou, ao final da ceia, tomou água e uma toalha e lavou os pés dos seus 12 apóstolos.

O destaque, na celebração que o bispo já havia realizado ano passado, foi a presençada juíza da 4ª Vara Criminal, proveniente de Cuiabá, Sabrina Andrade Galdino Rodrigues, que está em Rondonópolis há cerca de três meses, e participou da Missa desse ano.

Católica praticante, na gestação da terceira gravidez, a magistrada teve os pés
lavados por Dom Maurício e reagiu de forma inesperada, se ajoelhando e ajudando o bispo a lavar os pés dos detentos participantes da cerimônia. “Para minha surpresa (eu também lavei os pés da juíza), ela me ajudou a lavar os pés de 12 detentos, em um gesto que ela me confidenciou depois: eu estou aqui para servir a comunidade deRo ndonópolis. Ela se ajoelhou, como Jesus, se rebaixou e, junto comigo, lavou os pés de 12 detentos, na quinta-feira de manhã, lá no presídio”, contou o bispo.

Em sua homilia na missa noturna do lava-pés, na Catedral Santa Cruz, Dom Maurício destacou a importância da simbologia do gesto de Jesus Cristo que mesmo sendo de condição divina, se rebaixou, lavando os pés de seus apóstolos, em um ‘serviço’ que, pela tradição da época era destinado aos escravos.

“Como escreve Paulo na Carta aos Filipenses, ele se esvaziou, se humilhou, não se
apegou a sua condição divina e assumiu a condição de servo, servidor. Um gesto que fala por si e dispensa as palavras”, pregou o bispo, completando o que o próprio Jesus disse aos seus: “Deu-nos o exemplo de que o caminho do serviço é o nosso caminho de cristão”, concluiu o bispo.

Nilton Mendonça

Pascom diocesana