A semente que cresce

Desde há quatro domingos que, desafiados por São Marcos a misturas-nos com a multidão, temos vendo Jesus curar doentes e expulsar demônios, mesmo no sábado. “mas quem é este? De onde lhe vem esta autoridade?” A pergunta surge a partir desse momento e a resposta que alguns dão faz pressentir o drama da Paixão. “E tu estás a favor ou contra Jesus?”, parece dizer implicitamente o evangelista, convidando o leitor a experimentar a solidez da sua fé ou a ratificar, com melhor conhecimento de causa, a sua opção primordial. Hoje, trata-se de escutar atentamente uma breve passagem do Seu ensino em parábolas. A expansão e a difusão do Evangelho foram sempre um tema sério de reflexão. A pregação e os milagres de Jesus suscitaram o entusiasmo das multidões. Mas São Marcos indica só a presença de algumas mulheres no Calvário e quem reconhece Jesus como Filho de Deus é um soldado pagão (Mc 15,39-40). Depois do Pentecostes, o anuncio da Boa Notícia congrega uma multidão de discípulos, primeiro em Jerusalém e, logo a seguir, desde o Médio Oriente até Roma. Com tempo, muitas destas Igrejas acabaram por se extinguir. Algumas delas desapareceram, apesar de serem aparentemente muito sólidas como, por exemplo, as do Norte da África, célebres pelos seus grandes bispos e extraordinários doutores, como Santo Agostinho. Também agora vemos definhar muitas comunidades cristãs, enquanto os ramos cortados “do alto cedro” rebentam em terras longínquas e a partir dos quais foram plantados. Perante estes fatos que se podem estudar recorrendo a diversos métodos de análise impõe-se aos que acredita algumas certezas. A Palavra de Deus mantém sempre a sua fecundidade incomparável e interpela a nossa liberdade. Um ramo arrancado de uma árvore velha pode florescer em outro lugar. De um cepo aparentemente morto pode brotar um rebento vigoroso. Tem de ser dá tempo ao tempo. Nunca podemos desanimar, por muito que uma semente demore a germinar. A rejeição e a esterilidade não podem originar nem justificar nenhum tipo de fatalismo preguiçoso. “Caminhando sem o ver”, mas “guiados pela fé”, cheios de confiança, devemos “esforçar-nos por agradar ao Senhor”. Não duvidemos de que a força do Evangelho se desencadeará em nós, muito mais do que poderíamos esperar ou imaginar. Vivemos no tempo da paciência e não no da colheita nem da paga.

Pe. Marcos Antônio Gonçalves dos Santos

Vigário da Paroquia São José Esposo