Missa com a comunidade acadêmica UNIFAC –SEDAC

Visita especial! Os bispos das dioceses que compõem o Regional Oeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Mato Grosso participaram, nesta manhã, da visita anual a Católica de Mato Grosso. As atividades desta quarta-feira, que fazem parte da visita, iniciaram com a celebração de missa, às 7h30, no auditório da FACC-Sedac, no Bairro Cristo Rei, em Várzea Grande. A missa contou com a participação de presbíteros, estudantes, professores, funcionários e os diretores da instituição de ensino. Além das faculdades, com vários cursos de graduação, a instituição administra o Instituto Católico de Ensino Técnico Profissionalizante (ICET), que são mantidos pelos bispos por meio da Associação Dom Aquino Corrêa (ADAC). Depois da celebração eucarística, os bispos se reuniram com professores e coordenadores dos cursos e com a direção geral da Católica de Mato Grosso, a UNIFACC-MT. Créditos: UNIFACC – MT.

Dom Maurício em sua homilia disse:

 

“Irmãos e irmãs,

 

O tempo litúrgico da quaresma nos conduz a experiência do deserto. Quarenta anos o povo de Deus levou para atravessar o deserto. Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto antes de assumir sua vida pública. O deserto como lugar teológico de tentações, provações, aridez, falta, vulnerabilidade, esvaziamento, e também o lugar do discernimento e da tomada de decisões. Tempo de conversão de abrir-se ao absoluto de Deus e fraternidade universal. A autêntica conversão se abre ao amor total a Deus e aos irmãos. Não há conversão sem viver a fraternidade e alargar nossas tendas e círculos para construir pontes de amizade social. Sem abertura a Deus e ao próximo ficamos dando volta ao redor de nós mesmos e de nossas paixões. É preciso sair da frente do espelho e ir ao encontro, sair e ser presença entre os que mais sofrem, tocar suas feridas e deixar-se tocar pelos caídos, descartados, rejeitados e sofredores.

O profeta Jonas pode ser um exemplo paradigmático para este tempo de conversão. No capítulo 3 do livro diz que “a Palavra do Senhor foi dirigida a Jonas pela segunda vez”. Significa que foi dirigida a primeira vez e Jonas seguiu outro caminho, não foi em direção a Nínive, mas em direção contrária, fugiu para Társis, longe da face do Senhor. Dai para frente conhecemos a trágica experiência de Jonas que não atende a Palavra do Senhor. Vem a tempestade, Jonas é jogado do barco, o mar cessou seu furor e o profeta é engolido pelo grande peixe e lá permanece três dias e três noites. Nasce aqui o grito de Jonas, uma invocação pedindo que Deus o livre desta angústia e o Senhor o livrou dando uma nova possibilidade de vida, e o peixe vomitou Joanas em terra firme.

É uma experiência que se repete em nossas vidas às vezes caímos ou desviamos do caminho indicado lá no início do primeiro amor. Deus é paciente e cheio de misericórdia conosco, porém não suporta nossa autossuficiência, nossas máscaras, vaidades e aparências. Sempre teremos chance de mudar a direção e voltar a motivação inicial. Mudar nunca será fácil, exigirá humildade e boa intenção daquele que se sente escolhido e amado.

“E a Palavra de Deus, veio a Jonas uma segunda vez: Levanta-te. Vai para Nínive e proclama a mensagem que te digo (3,2). Jonas atravessa a cidade em um dia, enquanto diante de Deus Nínive era uma cidade grande e necessitava três dias para atravessar. Jonas em sua pregação anuncia a destruição de Nínive e não é capaz de aceitar o arrependimento e a conversão de Nínive. Converter-se ao Deus amor e misericordioso é um passo decisivo em nossa caminhada vocacional.

A história revelou que Deus desiste de fazer o mal ao povo Nínive, mas isso desagrada a Jonas e vem a sua frustação, ira e revolta com a imagem que tem de Deus. Por vezes queremos manipular a Deus com nossa limitada compreensão. Adotamos pregações com ênfase no pecado e na condenação ao inferno. Falamos mais do diabo do e esquecemos que a última palavra é o amor, a salvação, a cruz e a ressurreição.

No final Jonas faz sua confissão, “Por isso eu fugi para Társis, pois sabia que Tu és um Deus compassivo e clemente, lento para ira e rico em bondade”.

O ponto central desta história não é o profeta Jonas, mas a autoproclamação de Deus como “lento para ira e rico em misericórdia e bondade” (Ex34,5-6). De fato, é assim que Deus se comporta contra o maior inimigo do antigo Israel, o povo de Nínive, capital da Assíria. Nossa melhor resposta sempre será a ternura, a bondade, o perdão, a fraternidade, a amizade social.

Jesus toma o exemplo de Jonas, como referência para uma geração má. O sinal do amor misericordioso de Deus revelado em Jesus já foi dado, não haverá outro sinal. Creio que o caminho mais indicado para cooperar na única missão de Deus é ser sinal de misericórdia, de graça, de salvação, sem julgamentos e condenações.

Que neste tempo quaresmal possamos intensificar a prática da oração, do jejum e da esmola. Que o Espírito de Deus nos ajude a viver esta quaresma deixando se surpreender pelo transbordante amor de Deus que deseja chegar a todas as pessoas.

Amém!”

 

Dom Maurício da Silva Jardim

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga