CF-2024 Dom Maurício aponta fraternidade e irmandade como caminhos para superar polarizações, guerras e divisões

Em homilia, bispo alerta para risco de exercícios espirituais da Quaresma conduzirem à vaidade, dependendo de como forem vividos

O bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga, dom Maurício da Silva Jardim, fez na última quarta-feira, 14/02, um pedido para que o povo católico que pastoreia esteja atento aos reais propósitos empregados nos exercícios espirituais da Quaresma. Durante a homilia da Missa das Cinzas, na Catedral Santa Cruz, ele lembrou que “dependendo de como a gente assume essa prática, pode nos conduzir a vaidade, quando a gente faz isso só para ser visto pelos outros”.

Segundo o bispo são os exemplos citados por Cristo no capítulo seis do Evangelho do São Mateus, dos “hipócritas” que desfiguram rosto para mostrar que estão jejuando, fazem publicidade das esmolas que ofertam e rezam para serem vistos pelos outros. “Já receberam a recompensa os que gostam de uma plaquinha na igreja. Então Jesus nos alerta: são exercícios espirituais para nos ajudar no esvaziamento de tudo que é vaidade”, pregou.

PROPÓSTICO – Dom Maurício orientou que um primeiro passo essencial é cada católico definir quais esforços fará, no tempo de penitência da Quaresma, em prol da própria conversão e, por consequência dela, em favor dos irmãos: “Com qual espírito faremos essa caminhada de 40 dias rumo a Páscoa?”, questionou o pastor diocesano, afirmando que os exercícios espirituais – esmola, oração e jejum – devem condizer o cristão a “uma abertura maior a Deus e ao próximo”, fazendo com que cada batizado comprometido deixe de “olhar para espelho” e se volte ao próximo e a Deus, cuidando para que os exercícios não se tornem vaidade espiritual. “Aquele que diz que ama a Deus, mas não ama o irmão e mentiroso, nos diz São João”, recordou, acrescentando que o principal fruto da conversão buscada na Quaresma deve ser “conjugar a conversão desse tempo com o amor a Deus e ao próximo” como propõe a Campanha da Fraternidade, através da Amizade Social: “É a gente não separar a fé da nossa vida, na vida prática, conjugar, unir e integrar o amor a Deu, aos irmãos”. 

FRANCISCO – Dom Maurício explicou que segundo o Papa Francisco, a Amizade Social “é o amor que ultrapassa as barreiras geográficas e culturais”, e oferece cura para o medo dos que são diferentes. “Pode ser de raça, de cultura, de religião, de partido político diferente, mas nós somos irmãos… É preciso ir ao encontro dos outros, mesmo dos que são diferentes”; e ir, não para julgar ou condenar, mas para olhar o outro como irmão, filho do mesmo pai. “O cominho para superar as polarizações, as guerras, as divisões, as brigas, mesmo dentro de casa, é a amizade social, fraternidade e irmandade. É um o sonho de Deus que todos sejamos um em Cristo”, catequizou. O convite de Dom Maurício é para que cada um assuma o propósito da “conversão pessoal para alargar o círculo de amigos”.

NÚMERO 40 – Dom Maurício Jardim lembrou – de forma catequética –  que o número 40, a que se refere a Quaresma, é biblicamente simbólico como um tempo de penitência, conversão e graça. Por lembrar, os 40 anos de padecimento no deserto, do povo hebreu, desde a liberdade no Egito até a terra prometida. E entre outras passagens, a dos 40 dias que Jesus jejuou e foi tentado pelo diabo no deserto (Mateus 4,8-11). “É um tempo de provação, tentação, esvaziamento, discernimento e decisão”, acentuou Dom Maurício.

Nilton Mendonça – MTb: 32.737/SP

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