Na Cruz Vemos o Verdadeiro Bom Pastor

QUARTO DOMINGO PASCAL

 

Neste quarto domingo a Liturgia continua celebrando a Páscoa, a primeira leitura é de fato um resumo do mistério pascal: Cristo rejeitado pelos homens é glorificado pelo Pai. O anúncio de Pedro (At 4,11) é o cumprimento do que cantamos no salmo: A pedra que os pedreiros rejeitaram se tornou agora a pedra onde toda a construção se ajeita (Sl 117). Neste novo edifício da fé nos tornamos em Cristo filhos do Pai, não por natureza, mas por adoção amorosa (1 Jo 3,1).

Mas é por conta do evangelho de João que este quarto domingo da Páscoa é conhecido como o Domingo do Bom Pastor. Diferente dos outros evangelhos que contam a parábola da ovelha perdida, João nos trás um discurso de Jesus, no qual ele revela mais uma importante imagem de sua missão.

De forma enfática Jesus afirma: “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10,11). Esta declaração de Jesus pode ser vista como o cumprimento de duas promessas. A primeira promessa é de que Jesus é de fato o Messias, o enviado tomaria o trono do seu pai Davi (2 Sm 7). O grande Rei de Israel como todos sabemos era um jovem pastor de ovelhas, Jesus se coloca como Pastor assim como Davi, pronto para assumir o seu Reino. Não o reino físico, geográfico, mas o Reino de Deus.

A segunda e mais profunda promessa começa com a tristeza de Deus diante dos maus pastores no livro do profeta Ezequiel (34,1-31). Pastores que ao invés de cuidar do rebanho o explorava e saqueava. Deus diz que Ele mesmo apascentará as ovelhas de Israel, Ele mesmo salvará o rebanho. Isso mesmo, Jesus séculos depois de Ezequiel é o cumprimento de tal profecia. Em Jesus Cristo o povo de Israel tem o Pastor Zeloso e bondoso que é o próprio Deus.

Em Jesus Cristo as características do que seria este pastor ganham o ápice de sentido, mais do que cuidar do rebanho, mais do que ser justo e honesto com as ovelhas, este Pastor de tão amoroso é capaz de dar a sua vida por elas. Sim! A cruz é a imagem perfeita do Bom Pastor! Somos acostumados a figuras representativas, ao se falar de pastor imaginamos sandálias, o cajado e as ovelhas. Ao se falar de amor imaginamos um coração. Mas o evangelho contém imagens bem mais profundas.

A cruz é a grande prova de tudo isso, mais do que as representações alegóricas, deveríamos, ao olhar para a Cruz dizer: Ele, de fato, nos ama! Ele verdadeiramente é o Bom Pastor! Esta é primeira mensagem para nossa vida: temos um Pastor que guia a nossa história! Não temos o que temer. A segunda mensagem é de que podemos e devemos ser pastores uns dos outros. Os ministros ordenados por primeiro devem se doar pelo rebanho de Deus, os pais pelas suas famílias. Não da mesma forma dos pastores da Igreja, mas com caridade todos nós batizados precisamos nos sentir responsáveis uns pelos outros.

Jesus também disse que há outras ovelhas que não estavam naquele redil, historicamente sabemos que Ele fala de todos os povos que não faziam parte do povo de Israel. Mas hoje há muitas ovelhas que não estão em nossas comunidades, em nossas famílias, mas são de Deus. Precisamos amá-las e atraí-las com nosso exemplo e pastoreio.

Por fim, esta nossa vida deve tomar um gosto novo. Não que não teremos lutas, ou que os lobos da vida não tentaram nos atacar, mas a presença de um Pastor tão amoroso e bondoso deve ser a nossa força para continuar nossa caminhada. Muitas vezes seremos guiados como ovelhas, outras vezes seremos zelosos como pastores. O que importa é confiar que estamos no caminho certo, que nunca nos afastemos deste redil e mesmo que um dia acabemos longe um dia Ele nos encontrará.

 

Seminarista 

Andritony Anchieta Adriano

4º Ano de Teologia