Por que Tendes Dúvidas no Coração?

TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

 

Neste terceiro Domingo do Tempo da Pascoa, a Igreja proclama, ouve, medita e reza o Santo Evangelho de Lucas, que nos coloca no momento seguinte ao encontro que os dois discípulos, que estavam no caminho de Emaús, tiveram com Jesus ressuscitado. É assim que se inicia o Evangelho deste domingo: os dois discípulos (que depois do encontro com Jesus, voltam às pressas a Jerusalém) contando tudo o que havia acontecido no caminho de Emaús.

Em meio a esse acontecimento, o próprio Jesus se coloca no meio deles, que estavam reunidos em Jerusalém, trazendo uma palavra necessária para aquele momento: “A paz esteja convosco!”. Que palavra forte Jesus traz para seus discípulos. Eles que estavam enfrentando momentos tão difíceis diante do acontecimento da morte do Senhor Jesus (medo, incertezas, tristeza, abatimento e tantos outros sentimentos que não estão descritos, mas que podemos imaginar que estavam presentes no coração de seus discípulos) ouvem de Jesus Ressuscitado esta palavra de fortaleza e ânimo. E também nós, que somos discípulos do Senhor, também podemos muitas vezes trazer esses sentimentos em nossos corações. Principalmente neste tempo tão difícil que a humanidade enfrenta, diante desta pandemia, onde vemos com tristeza muitos amigos, parentes, familiares e tantas outras pessoas do mundo todo morrerem, vitimadas por essa doença. Assim como Jesus disse aos discípulos naquele momento em Jerusalém, também Ele o diz a todos nós: “A paz esteja convosco!”.

Mas o que pode trazer essa Paz ao coração de toda a humanidade nesse tempo que vivemos? Diante de tantas incertezas, apenas a Fé pode fazer isso. Diante das desesperanças que vemos sendo colocada diante de nós, somente a Esperança pode fazer surgir a essa Paz. Em todos os Domingos somos chamados a manifestar essa Fé e essa Esperança, pois em todos os Domingos nós professamos: CREIO NA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS E NA VIDA ETERNA. É isso que celebramos nesse Tempo Pascal: a Ressurreição do Senhor, que é também a certeza e esperança da ressurreição de todos os discípulos do Senhor.

Por isso a pergunta de Jesus traz neste Evangelho, faz todo sentido também para nós, que vivemos neste tempo: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração?” O Papa Francisco também relembra essa realidade, quando pede a toda a Igreja: “Não deixeis que vos roubem a esperança” (Homilia do Domingo de Ramos, 24 de março de 2013). Um grande risco deste tempo é justamente esse, de deixar com que as preocupações, medos e incertezas, nos levem a desacreditarmos de tudo aquilo que o Senhor nos promete. O seu Plano de Salvação. Quando Jesus, no Evangelho deste Domingo, está explicando aos seus discípulos as Escrituras, Ele recorda que “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia’”. Eis a nossa esperança: a morte não é o fim, a morte não é o esquecimento, a morte não é a não existência. É impossível não nos lembrarmos daqueles que estiveram entre nós como se simplesmente nunca tivessem existidos. São tantas as recordações, tantas emoções, tantas experiências vividas. Desta forma, o grito da Páscoa que marca a ressurreição do Senhor continua a ecoar em toda a Igreja: “ó Morte, onde está a tua vitória?” (1 Coríntios 15,55).

O convite do Senhor para toda a sua Igreja é muito claro, e se faz fundamental nesse tempo onde muitos se colocam como mensageiros de tragédias, do medo, da morte. Como pediu o Papa Francisco na missa da Vigília Pascal do ano passado: “Não tenham medo, não cedam ao medo: esta é a mensagem da esperança. Hoje é endereçada a nós”, e completou, nos convocando a sermos todos “mensageiros da vida em tempos de morte”. É esse o pedido de Jesus no final do Evangelho deste terceiro Domingo da Pascoa: “Vós sereis testemunhas de tudo isso”. Que estejamos prontos para responder a esse apelo do Senhor.

 

Pe. Jefferson Klayton V. Aragão

Pároco da Paróquia São Francisco de Assis em Jaciara – MT