Eleições Municipais

A eleição é exercício de cidadania que toca a vida dos cidadãos em especial as eleições municipais no próximo domingo. Como expressão de participação democrática, as eleições motivam-nos a dizer uma palavra que ilumine e ajude as comunidades eclesiais, os eleitores e os candidatos, chamados a exercerem, através do voto livre e consciente, um de seus deveres de cidadãos.

Inspira-nos a palavra do papa emérito Bento XVI ao afirmar que a sociedade justa, “deve ser realizada pela política” e que a Igreja “não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça”. Participar do processo político-eleitoral, impulsionado pela fé, é tornar presente a ação do Espírito Santo que aponta caminhos a partir dos sinais dos tempos e inspiram os que se comprometem com a construção da justiça e da paz através do exercício, quer no legislativo como no executivo.

As eleições municipais apresentam características próprias em relação às demais por colocar em disputa projetos e problemas mais próximos do povo: o anseio por educação de qualidade, saúde para todos, moradia digna, segurança, trabalho, transporte, lazer e respeito à ecologia e outros direitos fundamentais. Trata-se de um processo eleitoral com maior visibilidade sobre a vida da população e a maioria dos candidatos são visíveis no cotidiano da vida dos eleitores.

Inquieta o eleitor e leva a indignação do povo, a falta de ética na política que agrava a degradação social. Em meio ao desinteresse de muitos pela política, se faz necessário retomar e fortalecer o compromisso social dos cristãos, enquanto cidadãos, em dois tempos: antes das eleições, procurando conhecer os candidatos para votar bem nas eleições; e depois, acompanhar e fiscalizar o desempenho do prefeito e dos vereadores eleitos.

O bom candidato, independente da sigla ou do poder econômico, não é aquele/a que promete mais; mas o que está comprometido de maneira concreta com as causas e anseios do povo, sobretudo dos mais pobres. Conhece, percebe e acolhe as necessidades mais prementes da população carente. Não bastam promessas nem boas intenções. Democracia é mais do que o voto, é um processo participativo, administrativo, ético, onde os recursos redundam em benefícios coletivos para a população.  Política não é mentira e nem forma de enganar o eleitor. Destacam os seguintes critérios para a votação: o comportamento ético do candidato; a defesa da vida, da família, da educação e da saúde, principalmente dos mais pobres e necessitados; a honestidade, a competência, a transparência e a vontade de servir ao bem comum.

É dever de quem vota acompanhar e fiscalizar as ações dos eleitos que são representantes da comunidade. Perceber se eles atuam com corresponsabilidade na gestação, fundamentada na defesa da vida, na promoção do desenvolvimento sustentável para todos possibilitando a justiça social, a preservação do planeta e não no privilegio de alguns.

Para o cristão, participar da vida política do município e do país é viver o mandamento da caridade como real serviço aos irmãos, conforme disse o Papa Francisco: “A política é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros”. Só assim, seremos “fermento que leveda toda a massa”. Que Deus abençoe nosso povo e ilumine candidatos e eleitores no exigente e necessário caminho da verdadeira política.

 

Dom Juventino Kestering
Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga