Feliz dia dos Pais

PAI PRESENÇA E SEGURANÇA 

 

Estamos no 19º domingo do tempo comum. Cor do paramento e do espaço celebrativo é verde. Cor da esperança, de tudo que renasce e revive. Ainda em tempos de pandemia. Com restrições nas celebrações quanto ao número de participantes e grupos de risco. Sintonia e oração com quase cem mil famílias que perderam seus entes queridos

A Palavra de Deus (Mt 14,22-33) adentro em realidade concreta para o dia de hoje. “A noite chegou… A barca já estava longe da terra. Mar agitado pelas ondas. Coragem, sou eu…  Não tenhais medo. Jesus estendeu a mão… O vento se acalmou”. São frases que falam para a realidade da vida, das famílias e dos pais. A família, o casamento e o lar sentem-se invadidas pelas noites das separações, do abandono do lar, do desemprego, das doenças. As ondas agitam o casamento, naufragam juras de amor, de fidelidade e de confiança. A tempestade do egoísmo, do individualismo, de encher-se de coisas, de estar longe de Deus, da comunidade e os contra valores minam a vida da juventude. O desemprego, a violência e as precárias condições sociais inquietam a população. Mas, em meio a tudo isso está a mão de Deus. Aí estão as famílias felizes, pais e filhos no amor, na ternura, nos valores, na fé, na comunidade, no sorriso.

Celebra-se hoje o dia dos pais. Comerciais incentivam para compra de presentes e estimulam para festas. Merecidas homenagens. Mas a realidade mostra a dura vida das famílias que vivem a ausência do pai. É uma situação de contrastes por diversas razões. Muitos filhos experimentam a alegria de poder olhar no rosto do pai, de sentir o aconchego, o diálogo e a presença dentro lar. Por outro lado a experiência humana de filhos que não conhecem o pai, ou a dor sua ausência. Quantas crianças e adolescente viram o pai deixar seu lar e ir a busca de outros caminhos ou de aventuras. No processo de crescimento da criança, do adolescente ou mesmo do jovem a ausência do pai abre uma ferida que por vezes não cura. É uma machucadura existencial que corrói por dentro e deixa triste por fora.

A pessoa humana desenvolve-se no equilíbrio entre a ternura da mãe e a presença do pai. Educar é um processo dos pais e não somente da mãe e ou de um pai. As recentes pesquisas mostram que a ausência do pai dentro do lar marca a personalidade dos filhos. É uma das causas das dependências químicas, da revolta, da violência e da perda do sentido da vida entre os jovens. O dia dos pais é oportunidade para dialogar e refletir com os jovens sobre a vida de família. A maioria deles vai amar uma esposa, constituir uma família, gerar filhos e viver os compromissos de pai. Os valores requeridos para um pai não se improvisam. Valores como diálogo, fidelidade, presença na família, oração, acompanhamento dos filhos na escola, na catequese, tirar tempo com os filhos… se constrói no dia a dia. O jovem de hoje será o pai de amanhã.

O Papa Francisco insiste na proximidade e no cuidado com a pessoa humana especialmente as crianças, doentes e os idosos. Essa missão é de responsabilidade da família em especial do pai. Uma das cenas mais lindas é o filho/a brincando com o pai sem medo, sem receio e com toda confiança. É no aconchego, na presença, que se cativa a criança. Uma pergunta: Quando foi a última vez que perguntou aos seus filhos como foi o dia deles? Você olha o material escolar de seus filhos? Explica os limites que impõe às suas atitudes? Costuma brincar com os filhos? Filhos precisam de explicações, de atenção, de incentivos, de beijos, de abraços, mas de limites… “Todos os dias ao saírem ou chegarem em casa, deem um carinho, uma atenção aos filhos. Abra com eles o caderno da escola, estude com eles, pergunte como foi o dia. Assim terão seus filhos perto de vocês e eles confiam a vocês seus segredos, caso contrário eles vão confiar seus segredos e preocupações para pessoas estranhas” ensina o Papa Francisco.

 A criança precisa do pai para brincar e correr para abraçar. O adolescente é carente da presença dos pais. Eles têm o seu jeito próprio, mas o pai é fortaleza nos questionamentos e duvidas dos adolescentes. O apóstolo São Paulo afirma: “Filhos obedeçam vossos pais, pois isto agrada o Senhor. Pais não irritem vossos filhos para que eles não fiquem desanimados” (Cl 3,10). O equilíbrio entre as atitudes dos filhos com os pais e dos pais para com os filhos é o caminho para a vida da família.

Rezemos com a Igreja: Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. 

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga