Semear e Produzir Frutos

Estamos no 15º domingo do tempo comum. A cor do espaço litúrgico e dos paramentos é verde. Sinal de vida e de esperanças. Domingo é dia que a comunidade se reúne para ouvir a Palavra de Deus, para celebrar a missa.

Nossas celebrações ainda continuam online, sem presencial. É que a pandemia Covid19 está se alastrando e todos os cuidados são necessários para evitar a disseminação do mesmo. Assim participe da celebração via online, reze em família, leia a Palavra de deus, reze em família com o livro “Igreja em Acolhida”.

A palavra de Deus (Mt 13,1-9) assim nos ensina “Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago. Acercou-se dele, porém, uma tal multidão, que precisou entrar numa barca. Nela se assentou, enquanto a multidão ficava à margem. E seus discursos foram uma série de parábolas. Disse ele: Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta de raízes. Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um. Aquele que tem ouvidos”.

O Catecismo da Igreja Católica, nº 546 ensina: “Jesus convida a entrar no Reino por meio das parábolas, traço típico de seu ensinamento. Por elas, convida ao festim do Reino, mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo; as palavras não bastam, são necessários atos. Jesus e a presença do Reino neste mundo estão no coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, isto é, tornar-se discípulo de Cristo para “conhecer os mistérios do Reino dos Céus” (Mt 13,11). Para os que ficam “de fora” (Mc 4,11), tudo permanece enigmático”.  Sair e semear. Missão que requer cuidado, preparo da terra, boa semente e arte de semearO semeador, a terra, a semente. Hoje se percebe a passagem do trabalho manual para o trabalho mecanizado, mas o princípio é o mesmo.  A tecnologia do campo faz as sementes germinarem e produzirem cada vez mais. Cultivar uma semente exige cuidado e perseverança. Plantar uma árvore requer paciência. Anos de cultivo e de cuidados até dar frutos. E quando vem a noite, a semente vai realizando no seu interior o mistério da germinação. Donde vem esta força da semente? Como uma semente pequena pode tornar-se árvore frondosa e alta? Quem ensinou às arvores produzirem frutos? Quem ensinou uma semente germinar? Jesus falou com linguagem compreensível: Compara o Reino de Deus com o plantio da semente, a germinação e o cultivo.

Através das parábolas Jesus ensina a paciência, o cuidado, a dedicação e tolerância de Deus para conosco. O cuidado de Deus para conosco é amor e salvação.

Os bispos da América Latina, reunidos em Aparecida, SP, em 2008 alertam: “Vivemos tempo de mudanças. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus. Excluem Deus de seu horizonte, falsificam o conceito da realidade e só podem terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. Surge a sobrevalorização da subjetividade individual. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários e propõe a transformação do tempo e do espaço, dando um papel importante à imaginação. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos”. (Cf DAp 44).

O papa emérito Bento XVI ensina: “Como o pequeno grão de mostarda, quando se desenvolve, torna-se uma árvore frondosa que oferece hospitalidade aos pássaros do céu, assim também as vossas Igrejas podem oferecer acolhimento àqueles que buscam motivações válidas para a sua vida e para as próprias opções existenciais”. Nossa missão: Crescer, ser árvore que dá sombra, abrigo e produz frutos.

Papa Francisco exorta: “Esta parábola fala hoje a cada um de nós, como falava aos que ouviam Jesus dois mil anos atrás. Recorda-nos que nós somos o terreno onde o Senhor lança a semente da sua Palavra e do seu amor. Todavia, com que disposição a acolhemos? A qual terra se parece: com a beira do caminho, com um pedregulho ou um arbusto? Depende de nós nos tornar terra boa sem espinhos nem pedras, mas arado e cultivado com carinho, para que possa produzir bons frutos para nós e para nossos irmãos. Também nós somos semeadores e devemos nos perguntar que tipo de semente sai do nosso coração e da nossa boca. As nossas palavras podem fazer tão bem, mas também tão mal! Podem curar e podem ferir; podem encorajar e podem deprimir. Lembrem-se que o que não é o que entra, mas o que sai da boca e do coração. Que Nossa Senhora nos ensine, com o seu exemplo, a acolher a Palavra, protegê-la e fazê-la fecundar em nós e nos outros”, conclui o papa.

Rezemos com a Igreja: “Ó Deus que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome”. Por nosso Senhor Jesus vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga