A MISSÃO: NOSSA IDENTIDADE

 

Estamos no 11º domingo do tempo comum. Cor litúrgica é verde, sinal de vida, de esperança. Passado o tempo de Páscoa, iniciamos o Tempo comum. Tempo de escutar, aprender e rezar a missão de Jesus.

Ainda no tempo de pandemia, as celebrações presenciais com número reduzido de 30¢ da capacidade de pessoas sentadas no templo. Mais de quarenta mil mortos em decorrência do vírus. Famílias enlutadas e tristes com a perda de seus entes queridos. Nossa oração necessariamente deve incluir estas intenções.

 A Palavra de Deus (Mt 9,36-38 e Mt 10,1-8) ensina: “Jesus percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade. Vendo a multidão ficou tomado de compaixão porque estavam enfraquecidos e abatidos como ovelhas sem pastor .Disse, então, aos seus discípulos: A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe”  “Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade. Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. Estes são os Doze que Jesus enviou em missão, após lhes ter dado as seguintes instruções: Não ireis ao meio dos gentios nem entrareis em Samaria; ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel. Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!” 

O texto nos conduz para alguns horizontes. “percorrer, compaixão, reunir, conferir poder, enviar, sinais do reino”. Sim a missão é deslocamento, é ir ao encontro, percorrer. Somente quem percorre a comunidade, a paróquia, a rua onde mora, percorre aos hospitais, presídios, o pronto atendimento, as praças, os terminais rodoviários e tantos outros lugares é capaz de perceber a situação das pessoas e entender  a vida de cada uma. Reclusos em nosso mundo o horizonte fica muito pequeno. Percorrendo, vemos mais longe. Percorrer, mas ter compaixão, ter uma atitude de serviço, de quem quer se doar, quer fazer alguma coisa em benefício do outro/a.

Jesus tomou a iniciativa. Ele não esperava que as pessoas virem até ele, mas ele ia ao encontro. Ele buscava. Ele queria alcançar os perdidos. Jesus foi a busca dos doentes, tristes, famintos e abatidos. Muitos jamais teriam se encontrado com Jesus por própria iniciativa. Encontraram a Jesus porque Ele foi ao encontro. Ele percorria os caminhos da Judéia e da Galileia. Os discípulos olhavam para a mesma multidão, para as mesmas pessoas, mas Jesus via, enxergava, compreendia de uma forma diferente dos discípulos. Jesus viu o coração, as mágoas, as pessoas oprimidas por pressões, atormentadas, exaustas e temerosas com o futuro. Porque as multidões e mesmo os  discípulos não viram do jeito que Jesus enxergava? E por que hoje tantas pessoas não veem a realidade, o sofrimentos, a dor do povo? Jesus teve compaixão. Olhou, sentiu com-paixão, como experiência que vem do coração e realizada com amor.

“Jesus percorria todas as cidades da região, ensinando nas sinagogas, proclamando a Boa Nova do Reino e curando todo tipo de enfermidades”. A quantidade de pessoas, que precisavam ser libertas, acolhidas, escutados, era grande. Jesus sente a dor e a mesma aflição do povo, que estava cansado, aflito e abatido como ovelha sem pastor. E a partir desta percepção Ele declara a seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” porque o povo está sem a assistência, abandonado e por isso, espalhado, desunido, triste.

Jesus então chamou os doze discípulos e lhes deu o poder de ir ao encontro. libertar, levar uma palavra de esperança, curar os males físicos, psíquicos, emocionais e espirituais. E os enviou com as recomendações: “No vosso caminho, proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai doentes, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar”!

Papa Francisco em “Alegria do Evangelho” ensina que “uma pastoral em chave missionária não está desarticulada. Quando se assume um objetivo pastoral e um estilo missionário, que chegue a todos sem exceções, nem exclusões, o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário”.  (cf nº 35).  E continua o Papa, “O compromisso evangelizador se move por entre as limitações da linguagem e das circunstâncias. Procura comunicar cada vez melhor a verdade do Evangelho num contexto determinado, sem renunciar à verdade. Um coração missionário está consciente destas limitações, fazendo-se “fraco com os fracos e tudo para todos”. Coração que não se fecha, nunca se refugia nas próprias seguranças e nem pela rigidez. Mas crescer na compreensão do Evangelho e no discernimento da luz do Espírito Santo. A Igreja em saída é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido mas escutar ou acompanhar quem ficou caído à beira do caminho”  (cf nº 45 e 46).

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso ape­lo e, como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vonta­de, seguindo os vossos mandamen­tos. Por nosso Senhor Jesus Cristo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga