Cremos na Santíssima Trindade

Estamos celebrando o domingo da Santíssima Trindade. Cor branca alegra o espaço celebrativo.

Em decorrência da pandemia Covid 19 as celebrações continuam restritas a 30% da capacidade de ocupação do templo. É um tempo diferente, mas que se deve rever a vida, assumir novas posturas de convivência na família e na sociedade. A Igreja continua colaborando com as autoridades sanitárias sobre o uso de máscara, o álcool gel, a higienização das mãos, o distanciamento social e os demais cuidados. No dia de hoje nossa solidariedade com mais de trinta mil famílias que perderam seus entes queridos e de tantos outros/as que estão acometidos com o vírus. Nossa solidariedade, nossa prece.

A Palavra de Deus (Jo 3,16-18) conduz ao centro da fé: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito”. É o núcleo central da nossa fé. Crer que Deus ama a cada um de nós. Crer em Deus Pai Criador; em Deus Filho o Salvador e crer no Espírito Santo o revelador, o iluminador e santificador. Crer na Santíssima Trindade e quem nos dá esta graça é o Espírito Santo. “Quando vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá à plena verdade”.

“Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Assim iniciamos ou terminamos as celebrações, os sacramentos e as orações. Reunimo-nos em nome da Trindade Santa. Conforme o Catecismo da Igreja Católica (nº 261s) “A Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus no-lo pode dar a conhecer, revelando-se a si mesmo com Pai, como Filho e como Espírito Santo”. Jesus durante os três anos de pregação Jesus se referia ao Pai que cuida, cria, ama, protege e salva. Mas se refere ao Espírito Santo como o Paraclito, como aquele que vem para iluminar, para dar força e coragem na missão.

 A Santíssima Trindade é mistério profundo, que o vivenciamos cada dia através de gestos e palavras simples. Iniciamos as orações “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito santo”. Saudamos a Santíssima Trindade rezando: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. Todos os sacramentos são realizados em nome da Santíssima Trindade: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. “Eu te absolvo de teus pecados em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo”. Quando os noivos se colocam diante do altar, após o compromisso de mútua aceitação, o ministro reza: “Eu os declaro unidos pelo sacramento do matrimônio em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Somos enviados em missão pela Trindade Santa. “Toda autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo que vos ordenei. Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,19-20). Beleza e profundidade nestas palavras de Jesus. Expressa o amor pela humanidade. Sua obra de salvação estava terminada. Agora é a vez dos seus seguidores “irem, partirem em missão” para anunciar o Evangelho, criar comunidades e fazer discípulos. Na certeza de que Jesus está conosco, na certeza de que a Trindade Santa nos ilumina, somos chamados a sermos discípulos missionários. Como é animador ver em nossa diocese tantos leigos e leigas missionários, engajados nas pastorais e movimentos eclesiais e na missão evangelizadora da diocese. Nas missões populares. Ser Igreja viva, missionária, seguidora de Jesus.

 “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espirito Santo estejam com todos vós” (2Cor 12,13) ensina São Paulo. Não somos criaturas perdidas neste universo. Somos filhos/as amados/as de Deus. A dignidade da pessoa humana nasce do amor da Trindade Santa. Somos filhos e herdeiros, portanto irmãos e irmãs uns dos outros.  O Livro dos Provérbios (8,22-31) expressa sobre a força e presença da Trindade através dos tempos. “Eu estava junto com ele, como mestre-de-obras. Eu era o seu encanto todos os dias, e brincava o tempo todo em sua presença; brincava na superfície da terra, e me deliciava com a humanidade. Portanto, meus filhos, me escutem: Felizes os que seguem os meus caminhos”.

A Santíssima Trindade ensina a vivermos na unidade. Somos uma Igreja uma, santa, católica e apostólica e isso professamos no Credo. A Trindade é exemplo de comunidade. As nossas comunidades se inspiram na unidade que provem da Trindade. Onde existe ódio, concorrência, divisões, discórdias, rancores, explorações… não condiz com a dignidade dos filhos e filhas de Deus. A Santíssima Trindade nos ensina a viver na unidade, na concórdia, na harmonia, no diálogo, na mútua correção, na abertura de coração, no olhar sincero, no abraço, na acolhido e na missão.

Rezemos com a Igreja: “Com vosso Filho único e o Espírito Santo, sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das três pessoas, na mesma natureza e igual majestade. Unidos à multidão dos anjos e dos santos, nós vos aclamamos jubilosos”.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga