O caminho do Amor

O AMOR DE DEUS 

 

Estamos no sexto domingo do tempo da Páscoa. A liturgia nos prepara para o Pentecostes. A cor dos paramentos e do espaço celebrativo é branca. O círio Pascoal brilha em nossas comunidades.

Ainda com celebrações presenciais restritivas em decorrência da pandemia e do cuidado que precisamos ter, valorizamos as celebrações na Igreja doméstica, a família reunida lendo a Palavra de Deus, fazendo as orações, participando das celebrações pelas redes sociais e outros conforme orientações e normas vigentes podem participar presencialmente. Mas acima de tudo a solidariedade com os que sofrem, os desempregados, as pessoas em isolamento, os idosos, as crianças, os profissionais que cuidam da saúde.

A Palavra de Deus (Jo 14, 15-21) indica o modo de ser dos seguidores de Jesus. Jesus. Ele dá as últimas recomendações. Com um bom pai, uma mãe que dá preciosos conselhos aos filhos ou filhas quando deixam a casa paterna para irem a outra cidade em busca de trabalho ou de estudo.

 “Se me amais, após guardareis os meus mandamentos”. As manifestações de Jesus sua ressurreição apontam para a missão e o amor. O caminho do amor identifica os seguidores de Jesus: “quem me ama, será amado por meu Pai”. E quem ama, guarda, segue, pratica, internaliza na vida os mandamentos, especialmente as bem-aventuranças. Só pelo amor de Jesus é possível experimentar o imenso amor do Pai para cada um/a. Significa reconhecer o amor de Deus como Pai cheio de bondade, misericordioso, como insiste o Papa Francisco. “E assim é a misericórdia de Deus: uma grande luz de amor, de ternura”. Conforme palavras de Bruno Forte, “Quem ama reconhece o outro enquanto outro e tende a se fazer um com ele, não suprimindo a sua alteridade, mas oferecendo-lhe a própria identidade e acolhendo como dom a identidade do outro. O amor é saída de si; o amor é chegada, acolhida do outro, o amor é compromisso: “Tu, Pai, em mim, e eu em ti” (Jo 17,21). Falar do amor é falar da verdade da vida: fazê-lo na escola da Palavra de Deus é ir às fontes eternas e perscrutar os horizontes últimos daquilo que somos chamados a ser e daquilo que somos”.

Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro defensor para que permaneça sempre convosco. É o Espírito da Verdade”. 

Jesus sabe e conhece as nossas fragilidades. “Quem me ama, será amado por meu Pai”. Ele oferece a seus discípulos e discípulas o “defensor, o advogado”, que permanecerá para sempre ao nosso. Ele nos defende e auxilia nas dificuldades. Alerta-nos para o bom discernimento, a clareza nas dúvidas, o caminho certo para seguir, fortaleza diante do desânimo e do enfraquecimento da fé. Infunde em nossos corações, ânimo que conforta e estimula para a missão. É o Espírito de Verdade que faz a Igreja permanecer na verdade transmitida por Jesus e protege a cada um de nós das escolhas erradas. “O Pai, concede-nos o dom do Espírito Santo que, como luz, dissipa as dúvidas e as trevas do coração e nos faz caminhar seguro pelos caminhos de teu Filho Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida que nos conduz ao Pai”.

Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós”. A comunidade eclesial sofre dificuldades e problemas internos e externos. Na certeza de que não somos “órfãos de Deus”, Nele encontramos o caminho, o auxílio para viver e superar as tensões. Antes de amarmos a Deus, somos amados por Ele. Isto nos faz sentir que somos filhos e filhas amadas de Deus. Jesus ensina a deixar nos conduzir para a bondade, para a doação, para a reconciliação, para a justiça, a solidariedade e para a alegria. O papa Francisco insiste: “Deus perdoa não com um decreto, mas com uma carícia”. A orfandade é sentir os pais, a família e os irmãos, os amigos e amigas distantes. Porem a experiência da filiação é certeza da proximidade, do aconchego, da ternura, do abraço, do cuidado, da acolhida e do perdão. “A Igreja é morada do Espírito Santo, que a anima e a conduz à missão, vivência do amor, pois sem o amor, perdão, missão, doação não há comunidade cristã que se proponha seguir os passos de Jesus”. Neste Evangelho Jesus pede a vivência do amor e nos promete o Espírito da verdade. As estruturas passam, as doutrinas se remodelam mas o mandamento do amor e o Espírito Santo continuarão inseparáveis e permanecerão para sempre.

“O Espírito prometido por Jesus permanecerá sempre conosco. Mataram a Jesus, tentaram destruir seu projeto, mas o Espírito Santo sempre estará atuando junto aos seus, sempre estará vivo no mundo. Se o acolhermos, não nos sentiremos órfãos nem abandonados”. Papa Francisco nos impulsiona a repensar nosso comportamento. Cada um precisa dar resposta e encontrar soluções para declarar amor às pessoas, ao planeta e agradar a Deus-Criador que não desiste de nós. Ensina o Papa: “O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado”.

Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama, porque quem me ama será amado pelo Pai”. Acolher é gesto de amor. Quem acolhe, cuida, protege, defende, promove, quer ver o planeta terra cuidado, quer ver as pessoas felizes, quer ver as praças como lugar de idosos se encontrarem e de crianças brincarem.  Acolher é colocar o projeto salvador de Jesus como luz no caminho das nações, dos povos, das culturas e de cada pessoa.

Neste sentido apóstolo Pedro (1Ped 3,15-18) ensina: “Portanto, não temais as suas ameaças e não vos turbeis. Antes santificai em vossos corações Cristo, o Senhor. Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito. Tende uma consciência reta a fim de que, mesmo naquilo em que dizem mal de vós, sejam confundidos os que desacreditam o vosso santo procedimento em Cristo”.

Estar pronto para dar as razões da esperança é viver com convicção o seguimento de Jesus. Razões da esperança no dia a dia, na família, na profissão, na justiça. É pela razão da esperança em Jesus Cristo que crescemos como cristãos com fé convicta, com pertença a comunidade, com gestos de solidariedade e de caridade com os mais necessitados.

Rezemos: Concedei-nos, Deus omnipotente, a graça de viver dignamente estes dias de alegria em honra de Cristo ressuscitado, de modo que a nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.