O que viste no deserto?

Estamos no 3º domingo do tempo do Advento. Essa palavra significa tempo significativo na vida e na espiritualidade das comunidades cristãs, como celebração do Verbo que se encarnou e se fez solidário com as alegrias, sofrimentos, e esperanças da humanidade.A Palavra de Deus (Mt 11,2-11)  traz para nossa vida  uma luz que nos aponta para o caminho a seguir. Tendo João, em sua prisão, ouvido falar das obras de Cristo, mandou-lhe dizer pelos seus discípulos: Sois vós aquele que deve vir, ou devemos esperar por outro? Respondeu-lhes Jesus: Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres”. Ide dizer a João, não através de palavras, mas, de gestos concretos. A certeza da presença de Jesus no meio de nós são as obras que brotam da fé, do compromisso cristão. A opção da Igreja de privilegiar os pobres, os sofridos, os desvalidos, os sofredores advém de Jesus que mostrou a João Batista quem ele era, não por palavras, mas por gestos concretos. Quando os enviados de João partiram Jesus lançou uma pergunta à multidão a respeito de João: Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas luxuosas? Mas os que estão revestidos de tais roupas vivem nos palácios dos reis. Então por que fostes para lá? Para ver um profeta? Sim, digo-vos eu, mais que um profeta. A multidão entendeu o que Jesus afirmava. João Batista era homem firme, convicto, sem medo de proferir as palavras. Ele é o mensageiro que prepara os caminhos do Senhor

Neste mês que antecede o Natal as famílias se preparam para o nascimento de Jesus por meio de novenas, orações em grupo, símbolos natalinos, meditação da Palavra de Deus, gestos de solidariedade e caridade para com os mais pobres. Nesta direção o profeta Isaias (35,3-5) instrui: “Fortificai as mãos desfalecidas, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei àqueles que têm o coração perturbado: Tomai ânimo, não temais! Eis o vosso Deus! Ele vem executar a vingança. Eis que chega a retribuição de Deus: ele mesmo vem salvar-vos. Então se abrirão os olhos do cego. E se desimpedirão os ouvidos dos surdos; então o coxo saltará como um cervo, e a língua do mudo dará gritos alegres. Porque águas jorrarão no deserto e torrentes correm nos campos. A terra queimada se converterá num lago, e a região da sede, em fontes”  Palavra confortadora de Isaias. Inspira confiança. O projeto de Jesus exige conversão. Implica em penitência, ações concretas e oração. Propõe a partilha das túnicas e dos pratos de comida para que se restabeleça a justiça e se manifeste a presença libertadora de Jesus.

O livro dos Atos dos Apóstolos dá um exemplo: “Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Apossava-se deles o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos” (At 2, 43-47). O cristão, pela graça do Batismo está unido a Cristo e membro da Igreja. Tem a missão de anunciar e testemunhar Jesus Cristo. Para a realização desta missão é fundamental o testemunho pessoal e comunitário, a participação nas pastorais e movimentos e garantir os recursos materiais necessários para a ação evangelizadora da Igreja Católica.

Nos dias 14 e 15 de dezembro, em todas as Igrejas Católicas, comunidades e paróquias realizam-se a coleta. É um gesto concreto dos católicos em favor dos Projetos de Evangelização na Amazônia, nas regiões pobres, nas periferias das grandes cidades e lugares onde o Evangelho precisa ser anunciado. É um gesto de partilha e de renúncia (bebida, cigarro, credito de celular, refrigerante, perfume, guloseimas, um pouco de seu salário, de sua aposentadoria…) e doar para a EVANGELIZAÇÃO da Igreja Católica no Brasil. A coleta traduz a colheita dos frutos amadurecidos no Advento para serem colocados em comum, a serviço da evangelização, da Boa Notícia da chegada do Reino de Deus no hoje da vida do povo brasileiro.

Oração da Campanha da Evangelização. (Coleta no dia 14 e 15 de dezembro) “Dá-nos assumir, na força da fé, a corresponsabilidade na evangelização e na construção de um mundo sustentável e justo, para todos, no seguimento de Jesus, com a Alegria do Evangelho e com a opção pelos pobres e necessitados”. Amém!

Neste ano a Campanha em favor da Evangelização tem como tema: “Eu cuido do anúncio da Palavra, dos pobres e da comunidade” e o lema: “Cuida dele” (Lc 10,35). Com o objetivo de motivar os fiéis a participarem da missão da Igreja por meio do testemunho de vida, de ações pastorais específicas e da garantia de recursos para a ação pastoral, a Campanha para a Evangelização completa 21 anos em 2019. Aprovada pela 35ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1997, ela foi realizada pela primeira vez no advento de 1998.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering.

Bispo diocesano.