Deus vem ao nosso encontro

Estamos no primeiro domingo do advento. A cor dos paramentos e do espaço celebrativo é roxa.  É o tempo de proclamar e testemunhar que “a nossa salvação está mais próxima agora, do que quando abraçamos a fé, por isso abandonamos as obras das trevas e nos revestirmos de ar armas da luz” (Rm 13,11-12). A Igreja convida-nos a refleti sobre o mistério de Cristo, mistério sempre novo que o tempo não pode esgotar. Cristo é o Princípio e o Fim. Graças a Ele, a humanidade avança como uma peregrinação para o cumprimento do Reino de Deus “que se faz menino quando o queremos todo-poderoso, faz-se frágil quando o queremos forte, faz-se compassivo quando o queremos dominador. Deus é aquele que vem, entra na nossa história, faz-se gente, pisa neste chão”.

Esse tempo que antecede o Natal nos põe em ritmo de espera e esperança. Cria atitude de chegada e de acolhida. É o Senhor Deus que vem. Ele quer ser acolhido por cada um de nós, pelas comunidades e por toda humanidade. “Vinde todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor (Is 2,5).

O evangelho de hoje (Mt 24,37-44) nos situa na caminhada da comunidade cristã entre a primeira e última vinda, que é também nosso tempo de caminho, pelo qual todos caminhamos. Por isso é preciso acordar a comunidade cristã; convidá-la a abrir os olhos para descobrir o agir de Deus no cotidiano da vida: trabalhando no campo, moendo no moinho. “A vida do ser humano não se encerra nos limites da história, nem se resume em comer e beber, nem em procurar aproveitar a vida”. (Carlos A. Contieri, sj). São João Paulo II ensina que “Advento encoraja-nos a estar vigilantes e conscientes de que o Reino de Deus se aproxima.

Esperar uma pessoa querida cria uma expectativa. Há o cuidado da preparação do ambiente, da acolhida, manifestação do amor e carinho. A atitude de acolher bem as pessoas proporciona um ambiente de diálogo, de alegria e de confiança. Esperar a chegada do Senhor é desenvolver a sensibilidade para perceber os sinais da presença do Deus na vida, na comunidade e na sociedade apesar dos desafios da realidade humana e da realidade social.

No advento somos chamados a manifestar os sinais de Deus no meio de um mundo marcado por fome, desigualdades sociais, guerras, corrupção, violência e males que afligem a humanidade, desfiguram o rosto das pessoas e expressam a ausência de Deus na vida. Deus que vem e traz vida. O advento é tempo para uma revisão de vida, para recriar novas relações na sociedade, criar novas estruturas em favor dos pequenos e dos pobres. O profeta Isaias clama: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas estradas para que todas as pessoas possam ver a salvação de Deus” (cf Lc 3,5).

A preparação da vinda do Senhor concretiza-se em gestos concretos de solidariedade. Muitas iniciativas de partilha acontecem nas famílias e nas comunidades. A preparação do Natal recria dentro de nós maior sensibilidade em favor dos que sofrem e vivem à margem da vida. O Advento é um chamado para “endireitar os caminhos tortuosos”, para construir uma sociedade marcada pela justiça, partilha, igualdade onde todos têm acesso às necessidades básicas como alimento, saúde, moradia, educação, lazer e dignidade humana.

Deus quer nascer no “presépio do mundo” e ser sinal de vida, de esperança e de salvação. A nossa atitude é de acolhimento, de mudança das estruturas para recriar um mundo novo. “Deus vem ao nosso encontro”. A iniciativa é dele. Ele nos amou por primeiro. Mas Deus espera que cada um saiba acolher o irmão para nele ver e sentir a presença de Deus. Deus da vida, da justiça e do amor, Tu fizeste com ternura o nosso planeta, morada de todas as espécies e povos.

Oração da Campanha da Evangelização. (Coleta no dia 14 e 15 de dezembro) “Dá-nos assumir, na força da fé, a corresponsabilidade na evangelização e na construção de um mundo sustentável e justo, para todos, no seguimento de Jesus, com a Alegria do Evangelho e com a opção pelos pobres e necessitados”. Amém!

            Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga