Jesus é o Senhor do céu e da terra

JESUS É O SENHOR DO CÉU E DA TERRA

 

“O reinado de Jesus é marcado por atitudes: o amor, perdão, serviço, vida, gratuidade e verdade.” Neste final de semana a Igreja celebra Jesus Cristo, Rei do universo. Esta celebração litúrgica teve inicio com o papa Pio XI em 1925. É lembrado no último domingo do ano litúrgico como “ponto de chegada de todo o mistério celebrado, para dar a entender que Ele, Jesus o Rei do Universo é o fim para o qual se dirigem todas as coisas”.

Jesus, o Filho de Deus este diante de Pilatos que o interrogou: “Tu és o rei dos Judeus”? Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou rei”, e continuou: “O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue”. O Evangelho deste domingo (Lc 23,35-43) situa Jesus Cristo pregado na cruz. “Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda”. O Mestre Jesus crucificado, entre malfeitores. E ainda tinha coragem para lançar sobre a humanidade a palavra da misericórdia. E dizia: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Eles dividiram as suas vestes e as sortearam”. Jesus Rei não quis ficar com nada. Até suas vestes tiraram. A sua grande herança válida até os dias de hoje: a misericórdia, a salvação, a luz, o caminho para a nossa vida. “A multidão conservava-se lá e observava”. Ontem como hoje, muitas vezes as multidões ficam estáticas, indiferentes diante de tudo que está acontecendo. Assim é a atitude da multidão diante da violência, da corrução, da perda de valores, diante do crescimento da dependência química, dos desafios familiares. A passividade faz-nos achar que tudo está normal e que é assim mesmo. “Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus! Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam-se dele, ofereciam-lhe vinagre e diziam: Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: Este é o rei dos judeus”. Além de pregarem Jesus na cruz ainda blasfemavam como se a condenação fosse um ato heroico, assim foram os sacerdotes judeus, assim foi com um dos malferires. “Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós! Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino! Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”. Que expressão linda, que descoberta na vida. Num momento derradeiro ladrão arrependido tem força para professar a sua fé e o seu arrependimento: Jesus, como ultimo exemplo, clama do fundo do seu coração: “hoje estarás comigo no paraíso”.

Jesus é nosso rei. Mas que rei? Ele não está em tronos, nem possui exército, armas e soldados. Jesus deu o exemplo do seu reinado. Conquistou-nos num gesto de amor. Ele assumiu todas as nossas fragilidades e nos libertou do poder do mal e do pecado e se torna o Senhor Absoluto da natureza humana ressuscitada, liberta, salva.

Papa Francisco ensina “São Paulo, na Carta aos Colossenses, dá uma visão da centralidade de Jesus. Apresenta-O como o Primogênito de toda a criação: n’Ele, por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas. Ele é o centro de todas as coisas, é o princípio. Deus deu-Lhe a plenitude, a totalidade, para que n’Ele fossem reconciliadas todas as coisas (cf. 1, 12-20). Esta imagem, afirma o Papa, faz-nos compreender que Jesus é o centro da criação; e, portanto, a atitude que se requer do cristão – se o quer ser de verdade – é reconhecer e aceitar na vida esta centralidade de Jesus Cristo, nos pensamentos, nas palavras e nas obras. Quando se perde este centro, substituindo-o por outra coisa qualquer, disso só derivam danos para o meio ambiente que nos rodeia e para o próprio homem. Além de ser centro da criação, Cristo é centro do povo de Deus”.

Durante sua vida, Jesus acolhia as pessoas, vivia como um peregrino de vila em vila, de cidade em cidade. Caminhava a pé, de barco. Tinha carinho e amor especial pelos doentes, pobres, sofridos e leprosos. Sabia dar uma palavra de ânimo e de esperança para todos. No final de sua vida apontou para a tonalidade de seu reinado. Ele o  Mestre, tomou uma bacia com água e começou a lavrar os pés dos discípulos. O Rei- Mestre lava os pés dos discípulos. E conclui: “Vocês entenderam tudo que vos fiz? Se Eu sou o vosso mestre e Senhor e lavei os pés assim também cada um de vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 12-15).

Falar em “rei, chefe, presidente e outros afins” é sempre temeroso, pois o imaginário da população está associado à opressão, corrupção, vantagens e interesses próprios. Nesse tempo de tantas mentiras, desigualdades, competição, guerras, violência, insegurança, Jesus Rei é luz e verdade que não se apresenta como uma ideia, mas como uma pessoa: Jesus Cristo. Trilhar o caminho da verdade é andar no caminho de Jesus, pois Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo, 10,14). “Eu nasci e vim para isso: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Jesus é o Rei da humanidade redimida, destinada à ressurreição, à vida eterna, que pratica a reconciliação, a fraternidade com preferencia aos pobres e humildes.

O reinado de Jesus é marcado por atitudes como o amor, perdão, serviço, vida, gratuidade e verdade. Ele é único Rei a quem se adora, reverencia na eucaristia, nos sacramentos, no irmão sofredor, no cotidiano da vida. “Oferecendo-se na Cruz, vítima pura e pacífica, realizou a redenção da humanidade. Submetendo ao seu poder toda criatura, entregará à vossa infinita majestade um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”. A humanidade ainda está longe de assumir a mensagem de Jesus rei como núcleo orientador da vida, como horizonte para as decisões e comportamentos. Ele quer reinar no coração que ama, que acolhe, que escuta, que busca a conversão e a compaixão pelo que sofre. Coração que recria vida, esperança e alegria. Coração que faz a experiência de ser amado por Deus.

O livro do Apocalipse (1,5-8) ensina: “Eu sou o alfa e o ômega, aquele que é, que era e que vem, o todo poderoso”. Deus é desde o princípio e não tem fim. “Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7,15). O Povo de Deus eleva em prece: “Deus que dispusestes restaurar todas as coisas em vosso Filho Amado, Rei do Universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade vos glorifiquem eternamente”.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano