Senhor! Ensina-nos a rezar

JESUS ENSINA SEUS DISCÍPULOS 

Estamos no 17º domingo do tempo comum. A cor do espaço celebrativo e dos paramentos é verde. Sinal de esperança e vida.

 A Palavra de Deus (Lc 11,1-13) Nos remente para o sentido da oração do Pai Nosso e a perseverança na oração “Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos. Disse-lhes ele, então: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino; dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento; perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação

”.A oração do Pai que Jesus deixou aos seus discípulos e discípulas condensa, em poucas palavras, o mais íntimo da sua experiência de Deus, a sua fé no Reino de Deus e a sua preocupação pela comunidade e pelo mundo todo. ‘Vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai’ (Jo 15,15). Tudo o que Jesus aprendeu na intimidade com o Pai não são ensinamentos ou doutrinas, mas a maneira de viver, amaro e servir, ensinar e entregar a vida pelos outros. Por isso Jesus costuma rezar; reza sempre ao Pai; e convida os seus a rezar e tratar a Deus como Pai.  “Um dia, ele estava rezando num certo lugar”. (Lc 11,1). Esse era um costume de Jesus. Retirava a rezar sozinho, num um lugar deserto; de madrugada ou à noite; outras vezes, reza com os seus discípulos e ou os convida a rezar em algum lugar.

Jesus usa a palavra Pai (abbá), quando fala de Deus. E o trata com Ele como um filho que confia no Pai. “Senhor, ensina-nos a rezar, como João Batista o ensinou a seus discípulos”, disseram os discípulos. Por que os discípulos sentiram necessidade de rezar? Perceberam que antes das decisões, antes de um grande ensino, depois de uma missão, Jesus se retirava. Certamente por vezes os discípulos foram “espiar” o que Jesus estava fazendo. E o viram em oração. Esse exemplo despertou o desejo de rezar. Jesus ensina a rezar a seus discípulos  e os incentiva a rezar sempre. Os discípulos sabiam rezar, eram judeus e faziam orações, solenes e rituais, repetindo salmos e pedidos. Porém eles se aproximam de Jesus e pedem que Ele os ensina a rezar.

Os mestres religiosos costumavam ensinar os discípulos a rezar, transmitindo o resumo da própria mensagem. A maneira de orar própria de um grupo expressa uma determinada relação com Deus e constitui uma experiência que vincula todos seus membros na mesma fé. A identidade da oração dos cristãos proclama que Deus é Pai e se pode confiar plenamente n´Ele e entregar-se plenamente a realizar o seu Reino”.

A oração do Pai Nosso traz o espírito e o conteúdo de toda oração cristã: a vinda do Reino de Deus. Esta oração se faz na relação filial com Deus Pai, apresentando-lhe os pedidos mais importantes: que o Pai é nosso e seja reconhecido por todos; que sua justiça e amor se manifestem; que na terra a vida, justiça, ética, convivência, trabalho, direitos e deveres, dos povos, raças e culturas sejam iguais para todos; que em cada dia ele nos dê vida plena que inclui o pão. O pão significa tudo o que necessitamos para ter vida abundante: comida e bebida; amor e perdão; saúde e cuidado; carinho e incentivo para seguir a caminhada; confiança no Pai e amor solidário aos irmãos; respeito com todos e defesa da sua dignidade e seus direitos; dizer não à violência e buscar a justiça e a paz.

Conforme o papa Francisco “o Pai nos dá a identidade de filhos. Eu digo ‘Pai’, mas chego às raízes da minha identidade: a minha identidade cristã é ser filho e esta é uma graça do Espírito. Ninguém pode dizer ‘Pai’ sem a graça do Espírito. ‘Pai’ é a palavra que Jesus usava quando era cheio de alegria, de emoção: “Pai, te louvo porque revelas estas coisas as crianças”; ou chorando, diante do túmulo de seu amigo Lázaro. “Pai, te agradeço porque me ouvistes”; ou ainda, nos momentos finais de sua vida, no fim”. Nos momentos mais fortes Jesus diz: ‘Pai’. “É a palavra que mais usa; Ele fala com o Pai. É o caminho da oração e por isso é o espaço de oração”. “Sem sentir que somos filhos, sem dizer ‘Pai’ a nossa oração é uma oração de palavras”.

Os discípulos aprendem a rezar não só com fórmulas feitas, mas seguindo Jesus e fazendo como Ele: ‘aprendam de mim que sou manso e humilde de coração’ (Mt 11, 25). A oração e a vida de Jesus estão iluminadas por essa experiência: Deus é Pai. Todos os pedidos da oração estão marcados pela referência ao Pai: o nome é o seu ser do Pai; o Reino é o do Pai; a vontade não é qualquer uma, mas a do Pai; o pão e o perdão são dons do Pai e é ao Pai que pedimos que não nos abandone na tentação e nos livre do mau. Jesus reza e vive o que reza. Rezou ao Deus que é Pai com confiança, no Espírito de amor. Não com medo, nem para aplacar ao Deus irado, que não sabe perdoar; nem para tirar vantagens pessoais. Desejou a vinda do Reino de Deus, a vontade do Pai, e entregou a sua vida para realizar esse Reino. Senhor, “Dai-nos tua Palavra, a força para lutar pela justiça e a paz; e a Eucaristia, para entregar a vida junto com teu filho; a força para perdoar e para não cair na tentação, nem seguir o mal; que ele nos perdoe como porque nós sabemos perdoar; que ele não nos deixe cair na tentação do egoísmo, exploração, acumulação de bens, intolerante, violento, dominador e que não nos deixe abandonar o caminho de Jesus e o amor aos irmãos”.

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.