Paz nesta casa

A PAZ DO SENHOR JESUS 

Estamos no 14º domingo do tempo comum. A cor litúrgica e a ornamentação do espaço celebrativo são verdes. Cor da esperança, da Igreja viva, tempo da missão.

A Palavra de Deus (Lc 10,1-12) nos remete para o envio missionário dos setenta e dois discípulos. Enviou-os dois a dois. OS discípulos/as são enviados dois a dois porque a missão é um envio da Igreja, é uma experiência de comunidade, de partilha. Envolve a comunidade na atividade missionária. Todo/a batizado/a é convocado a participar desta missão porque o cristão é evangelizado, mas ao mesmo tempo evangelizador.

As palavras de Jesus: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos“, revela o olhar, a atitude que devemos ter. Hás muitas coisas lindas acontecendo na comunidade e pessoas que se dedicam no anonimato à missão. Mas a realidade mostra que faltam trabalhadores e trabalhadores as pastoris, nos serviços e em especial no ministério ordenado e na vida religiosa.

Deus trabalha no coração do povo. Deus é o semeador que lança as sementes do Reino com seu amor e sua graça. Para esta missão de anunciar o Reino de Deus, de fazer com que o Evangelho chegue ao coração das pessoas e se transforme em vida é que Jesus chama os “trabalhadores para a colheita”. É uma missão grandiosa. Jesus quer atingir com sua mensagem o mundo inteiro. “Ide pelo mundo e evangelizai” e para isto necessita de trabalhadores, de missionários/as, de pessoas disponíveis. Uns deixam tudo e se dedicarem inteiramente à missão; outros através de família e de sua profissão são fermentos do evangelho e anunciadores de Jesus Cristo na comunidade em que vivem.

É maravilhoso sentir em nossa diocese os leigos e leigos, catequistas, ministros e ministras da palavra, da eucaristia, da visitação, tantos grupos de pastorais e movimentos que assumem o compromisso de evangelizar a comunidade e participam das Missões Populares.

Mas Jesus alerta que apesar da dedicação, do olhar de fé, da oração e da doação, a missão tem dificuldades. Jesus mesmo afirma: “Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos”. Os “lobos” são o pecado, a ganância, o egoísmo, a injustiça, a corrupção, o ódio, a intolerância, as infidelidades, a falta de fé, a falta de vontade de aprofundar a fé, de estudar a religião e de se comprometer com a comunidade.

Jesus também coloca algumas características da missão: Realizá-la com despojamento, sem desejo de aparecer, de sobressair, de ser elogiado. “Não levem nem bolsa, nem sacola, nem sandálias”.

A  missão é levar a mensagem e dom da paz. “Paz a esta casa”.  Paz para as famílias, para as pessoas, para as comunidades e para o mundo. A paz é o núcleo central da mensagem do reinado de Jesus. “O Reino de Deus está próximo de vós”. O reino de Deus é, antes de tudo, uma pessoa: Jesus. Quem O acolhe encontra a vida, a alegria, a missão de anunciá-lo.

O XVI Plano Diocesano de Pastoral afirma: “Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: “Eis que faço de novo todas as coisas” (EN 18) e chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação”. A Igreja de Rondonópolis se propõe a realizar essa missão nesta porção do povo de Deus. Comunhão com Deus, com a comunidade de irmãos e irmãs e ser Igreja evangelizadora”.

A paz esteja nesta casa. Instrui o Papa Francisco: “Jesus, ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa! E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6). Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história humana, esperam na paz. A casa, de que fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem discriminação alguma. E é também a nossa casa comum: o planeta onde Deus nos colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude”. E continua o Papa a ensinar: “A paz é um dom artesanal nas mãos dos homens. Somos nós, homens, todos os dias, que devemos dar um passo para a paz: é o nosso trabalho. É o nosso trabalho com o dom recebido: promover a paz nas pequenas coisas, todos os dias”.

E o papa conclui: “Você pode falar da paz com palavras esplendidas, fazer uma grande conferência… Mas se no teu pequeno, no teu coração não há paz, na tua família não há paz, no teu bairro não há paz, no teu trabalho não há paz, não haverá tampouco no mundo”.

O profeta Isaías (66,12) usa um simbolismo profundo e carinhoso: “Eis que farei correr para ela a paz como um rio e a glória das na­ções como torrente transbordan­te. Sereis amamentados, carregados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como uma mãe que acaricia o filho, assim eu vos consolarei, e sereis consolados em Jerusalém. “Tudo isso haveis de ver e o vosso coração exultará, e o vosso vigor se renovará como a relvado campo. A mão do Senhor se manifestará em favor de seus servos”

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, que pela humilhação de vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga