MISSÃO INDIGENISTA NA ALDEIA CÓRREGO GRANDE

Paz e Amor, que imana do coração de Deus. Com carinho sinto a necessidade de informar a todos/as, que a missão Indigenista já está em ação nas aldeias as quais estamos presentes. Aldeia Córrego Grande, Piebaga, Araeao, Tadarimana e micro aldeias. Ao todo somos duas missionárias, Irma Catequista Franciscana Irmã Valdina Tambosi, Leiga Silvia Maria V. Pinheiro, o colaborador Salesiano Irmão Mario Bordignon, além de outras pessoas que se dispõe a colaborar mais esporadicamente como Padre Arthur, Pe. Erivelton, Padre Lauri e Joice.

Nestes primeiros dois meses, no inicio de ano/2019, ao retorno das férias e visita aos familiares, período em que se faz uma parada para nos refazer. Ao retornar para a aldeia no dia 20 de Janeiro, onde aproveitamos para fazer visitas a famílias na comunidade Indígena, sobre tudo naquelas que mais estão necessitadas porque estão doentes. Além da escuta, oração, ensina-se remédios naturais e acompanhamento dos doentes. Sentimos o que está acontecendo com a comunidade Indígena, seja na questão saúde, educação, o atendimento social por parte do órgão Indigenista oficial a FUNAI, a desassistência é nítida e real. Os Indígenas estão vivendo uma situação vulnerável, triste e quase desesperadora. Nós missionárias presentes nestas aldeias temos um papel de “ser presença solidária” em todos os sentidos e procurar contribuir naquilo que está ao nosso alcance, resolvendo pequenos casos, acompanhado e apoiando seus rituais. Orientamos para que façam suas roças, apoiando plantios de arvores frutíferos nos quintais, mesmo que sejam em pequena quantidade, mas que serve para fortalecer a alimentação.

Presença quase que constante na área de educação, empenhada na parte do funcionamento da escola tentando manter as documentações e alimentando o sistema SIGEDUC/SEDUC, para que a escola esteja ativa. Este ano já estamos com os trabalhos em ação, mantendo o Calendário Letivo/2019, com as matriculas prontas para serem autorizadas pela Coordenadoria de Educação Escolar Indígena, fazer as atribuições conforme dispõe o quadro Quantitativo de Cargos para a Escola E. Indígena Korogedo Paru/Aldeia Córrego Grande, onde são atendidas cento e noventa e seis (196) alunos. Os desafios da educação neste inicio está na situação de Merenda Escolar das crianças, materiais de consumo, contrato dos profissionais, que continuam emperrados como todos os anos. Faltam recursos do Estado e do MEC. Exigem-se muito, mas não oferece condições para se desenvolver um trabalho satisfatório, tanto para o sistema quanto para a comunidade Indígena.

A Saúde Indígena vai de mal a pior. Tudo o que os Indígenas haviam conquistado está sendo desconstruído, desconsiderado e sem condições de serem ouvidos. Até as Casas de apoios dos Polos, como a CASAI, quando eles vêm das aldeias para serem atendidos na cidade, nos casos de média e grande complexidade, estão na eminência de acabar com reduções de funcionários, enfermeiros, técnicos de enfermagem. Medicamentos básicos nas aldeias não existe. Faço um apelo para quem puder fazer doações de Dipironas, Paracetamol e outros que estiverem ao alcance. O lado social cabe a FUNAI, que atende os casos para agendar aposentadorias, benefícios entre outros está também muito precário, afinal a nossa preocupação com a situação e o futuro dos Indígenas, aqui mostramos a nossa indignação com a situação geral dos Indígenas do Brasil, requer a solidariedade do povo de Deus, presente na Diocese e Paróquias, unidos no amor pelo outro/a. Pois sabe-se que muitos Povos Indígenas também já abriram seus corações às palavras do Evangelho de Jesus Cristo anunciados por muitos de nós, são batizados, crismados e hoje se sentem no direito de serem acompanhados por todas/os nós. Sejam Padres, Irmãs, Leigos/as, por Jesus vamos nos unir ouvindo o clamor destes pobres da sociedade, e pelo menos apoiar que eles vivam enquanto povos que sofrem e muitas vezes em silencio.

Quem não conhece o povo Boe Bororo? São Indígenas nativos deste Chão chamado Rondonópolis, com uma longa e linda história, há crianças com sorrisos simples, verdadeiros e cheios de esperanças. Há idosos num forçado espíritos de viver e olhar de esperanças de dias melhores para seu povo.

 

Silvia Maria V. Pinheiro

Missionária.

Terra Indígena Tereza Cristina – Aldeia Córrego Grande, 08 de Fevereiro de 2019