SAGRADA FAMÍLIA DE NAZARÉ

Neste dia 30 de dezembro de 2018, a Igreja celebra, ainda no clima de Natal, o dia da Sagrada Família: Jesus, Maria e José, a família de Nazaré, como inspiradora e modelo para todas as famílias.

A Palavra de Deus (Lc 2,13-19) apresenta a família de Nazaré, vítima da perseguição de Herodes, e assim teve que fugir para O Egito. O evangelho relata a fuga e o retorno para Nazaré na Galileia salientando a situação difícil pelo qual passaram Maria e José, como retirantes, fugitivos, peregrinos, mas cuidadosos e defensores do Menino Jesus.

“A alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja. Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimónio – como foi observado pelos Padres sinodais – «o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja”. Como resposta a este anseio, «o anúncio cristão sobre a família é verdadeiramente uma boa notícia” (Papa Francisco).

Os valores aprendidos no colo da mãe e do pai, as primeiras orações, os pequenos gestos de amor, de bondade e de justiça marcam a mente e o coração das crianças e permanecem como referencia no decurso da vida. O amor vivido com dignidade e respeito pelos pais resulta na capacidade de criar os filhos, educá-los e torná-los aptos para uma vida. Quem edifica sua família e seus filhos à luz dos valores e do fundamento que é Cristo não cairão “nos desvios que a face decadente de nossa sociedade lhes oferece, como drogas, sexo, alienação das questões sociais e políticas, exasperada afirmação de si, na indiferença e, muitas vezes, na exclusão e na exploração do outro”.

Ao celebrarmos o dia da Sagrada Família, somos convidados a viver os valores que a Palavra de Deus apresenta. O livro do Eclesiástico propõe amar e respeitar os pais: “Quem honra seu pai alcança o perdão dos pecados, quem respeita sua mãe é como alguém que ajunta tesouros.” E diz mais: “Não humilhes os pais em nenhum dos dias de sua vida. A caridade feita com teu pai e tua mãe não será esquecida”. “O amor e o dever de cuidar dos pais não cessam quando os filhos se emancipam, mas permanece o dever de gratidão do cuidado”. Na Carta aos Colossenses, São Paulo exorta a “revestirmos de misericórdia, bondade, humildade e mansidão”. Insiste ainda para que saibamos amar e perdoar para que “Cristo reine em vossos corações à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos! Que Cristo habite em vós”. Esses são os princípios para a edificação de uma família: Buscar a inspiração familiar na contemplação da Sagrada Família de Nazaré apesar do “amor conhecer os limites das pessoas e dos relacionamentos humanos”.

Papa Francisco ensina: “A encarnação do Verbo numa família humana, em Nazaré, comove com a sua novidade a história do mundo. Precisamos de mergulhar no mistério do nascimento de Jesus, no sim de Maria ao anúncio do anjo, quando foi concebida a Palavra no seu seio; e ainda no sim de José, que deu o nome a Jesus e cuidou de Maria; na festa dos pastores no presépio; na adoração dos Magos; na fuga para o Egito, em que Jesus participou no sofrimento do seu povo exilado, perseguido e humilhado; na devota espera de Zacarias e na alegria que acompanhou o nascimento de João Baptista; na promessa que Simeão e Ana viram cumprida no templo; na admiração dos doutores da lei ao escutarem a sabedoria de Jesus adolescente. E, em seguida, penetrar nos trinta longos anos em que Jesus ganhava o pão trabalhando com suas mãos, sussurrando a oração e a tradição crente do seu povo e formando-Se na fé dos seus pais, até fazê-la frutificar no mistério do Reino. Este é o mistério do Natal e o segredo de Nazaré, cheio de perfume a família” (AA 65)

Que Jesus, Maria e José abençoem e animem a sua família para que seja fiel à missão que Deus lhes confiou, sendo comunidade de fé, de amor, de partilha, de diálogo testemunhando para o mundo, os valores do Evangelho, a exemplo da família de Nazaré.

Rezemos com a Igreja: “Deus, Pai de bondade, vós quisestes habitar numa família humana. Abençoai os pais, as mães, os filhos e filhas. Afastai de nossas famílias todos os males. Ajudai-nos a promover nas famílias, em todos os lares de nosso país, os sentimentos e propósitos de união, amor generoso, fidelidade permanente e perseverança constante na vossa graça”.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre a família. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados, amor aos casais, harmonia no lar.

Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano