Estamos no 18º domingo do tempo comum. Verde é a cor dos paramentos e do espação litúrgico. O mês de agosto é dedicado às vocações e neste domingo recorda o dia do padre.

O Evangelho (Jo 6,24-35) indica a missão do presbítero na comunidade. “Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, os seus discípulos, subiram às barcas e foram à procura de Jesus, em Cafarnaum. Quando o encontraram no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Mestre, quando chegaste aqui?’…. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo’. Então pediram: ‘Senhor, dá-nos sempre desse pão’. Jesus lhes disse: ‘Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

Ir à procura de Jesus. Ajudar um povo encontrar Jesus. Ser uma Igreja de saída, que vai ao encontro. Mas é importante lembrar que muito antes que nós chegamos Jesus já está presente. Ao encontrar Jesus as multidões pediram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. E esse pão é a eucaristia, a presença de Jesus, a dignidade da pessoa, a vida em plenitude. A missão do padre está nesta dimensão: alimentar a comunidade cristã com a palavra de Deus, com a eucaristia, com a partilha, com a fraternidade, com a solidariedade.

A busca por pão é sobrevivência dos seres vivos. A palavra “pão” é resumo de sonhos, desejos e necessidades que atingem todas as esferas humanas. O pão material que sacia a fome; o pão da dignidade que devolve sentido para a vida; pão da cultura que situa o ser humano no contexto da história. Mas a realidade mais profunda e cruel é a falta de pão que vai empurrando a pessoa, famílias, comunidades, países e continentes para a fome e a miséria.

O mundo produz alimento suficiente para alimentar a população. Acontece que parte dos alimentos é desperdiçada, outra parte está nos paióis à procura de maiores lucros. Uma parcela da população tem fartura e sobras. Para grande parcela falta o necessário. Não há nada mais triste do que o olhar de um faminto. Dói o coração quando o olhar é de uma criança ou de um idoso.

Mas há a realidade da fome e sede do pão da vida, pão espiritual, pão que dá sentido para o viver. Há um equilíbrio entre a necessidade material, humana e espiritual. O evangelho preocupa-se com o ser humano nas suas necessidades. Jesus sacia as multidões, mas alerta para outra realidade: o pão da vida que na última ceia transforma-se em “corpo, sangue, vida, alimento”. É a eucaristia. Todas as vezes que os cristãos católicos se reúnem para celebrar o memorial de Jesus, essa mesma comunidade de alimento com a Palavra lida e proclamada e com a eucaristia “pão vivo descido dos céus”. Graças à eucaristia milhões de cristãos testemunham a vida, enfrentam os desafios da vida, assumem o compromisso com a comunidade, dedicam sua vida em prol da evangelização e vivem o cotidiano na família e nas profissões.

Jesus não fala só do pão, mas do “pão descido do céu”: “O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo.” E mais “se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes seu sangue, não tereis a vida em vós.” Alimentar-se do pão da vida, comer o corpo e beber o sangue é crer Nele como o Salvador do mundo. Como presença real e viva na eucaristia, na comunidade reunida.

“Dá-nos deste pão” é o grito que ecoa no coração e nos ouvidos. E Jesus responde: “’Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. Ir ao encontro de Jesus, Ele é o pão da vida. Ele sacia a fome. Ele é presença viva no sacrário, em cada pessoa, em cada gesto de caridade e de justiça.

Rezemos com a Igreja: Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja nossa família. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering
Diocese de Rondonópolis-Guiratinga