MISSÃO EM TERRA INDÍGENA

Dos dias 29 de junho à 08 de julho, seminaristas de oito dioceses do Regional Oeste 2 que compreende o Estado de Mato Grosso, estiveram em missão na Diocese de Primavera do Leste/Paranatinga. A atividade missionária organizada pelo Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE) aconteceu na cidade de Paranatinga/MT; esta é a quarta diocese visitada pelos seminaristas desde que o conselho foi criado.

Muitas atividades faziam parte da programação dos dias de missão, que comtemplou as três paróquias da cidade, dentre elas, estava a visita à aldeia indígena Kurâ Bakairi. Foram enviados à aldeia para desempenhar o papel missionário os Seminaristas Guilherme Nunes da diocese de Rondonópolis/Guiratinga, Hamilton de Primavera do Leste-Paranatinga e Alex da diocese de Diamantino. Além deles, estavam presentes o Pe. Josivan Coordenador de Pastoral da Diocese de Primavera do Leste/Paranatinga que orientou territorialmente e presidiu a Santa Eucaristia; Irmã Rubiela da Congregação das Irmãs Lauritas que tem como carisma o cuidado com os povos indígenas; Irmã Ana Edna da Congregação das Filhas de São José que esteve nas aldeias por 3 dias; Irmã Francisca da mesma congregação que permaneceu por 2 dias; e também, o senhor Marcidiz, indígena responsável pelo cuidado da capelinha da aldeia Pakuera, que se fez Missionário para o seu próprio povo.

Para o seminarista Guilherme, os dias em que passou fazendo missão junto ao povo de etnia Bakairi foram de profundo aprendizado. “Foi uma experiência realmente de Deus, um presente riquíssimo, em que pude cumprir minha vocação missionária de levar a presença de Cristo a todos os povos, mas também de aprender muito e de crescer humanamente”.

A região de Paranatinga/MT abrange 12 aldeias, dentre as quais 11 foram visitadas. “Foi a primeira vez que tive contato com os povos indígenas. Vimos gente que na sua simplicidade sabe ser acolhedor e doar, doar de sua comida, mas também de sua hospitalidade e amor fraterno. Nas casas visitadas, cada “bom dia” era correspondido com um “bom dia, vamos chegar?”. Quanta beleza há nessas curtas palavras e simples gestos, que demonstram o coração aberto daquele povo, que, ao mesmo tempo que são facilmente fraternos, se abrem facilmente à mensagem de Cristo e à fé que esta mensagem lhes implica. Não que eles não tinham experimentado a presença de Cristo ou a fé, pelo contrário, é por terem vivas, entre ele, as palavras do que a acolhem cada vez mais como alimento que satisfaz”.

As visitas que os missionários faziam às famílias indígenas eram sempre ricas partilhas em que os indígenas contavam de seus dramas, das lutas por terras, ou do preconceito que sofrem, quase sempre, pela falta de conhecimento que muitos têm a cerca deles. “Não me esquecerei do belo gesto de uma senhora, que, depois de rezarmos a Santa Missa em sua casa, ofereceu-nos um delicioso almoço, suficiente para nós, mas que lhes faltou, por que não tinham mais gás, e que eles nos deram com alegria, nos prometendo que fariam o deles depois no fogão de lenha. Que gesto de amor!! Tanto me lembrou aquela viúva do Evangelho que deu em oferta tudo o que tinha, de coração generoso”.

Durante a missão as atividades abrangeram a todos, desde as crianças até os idosos com suas dificuldades de saúde. “Nos alegramos com a alegria dos idosos em nos acolher, e também com os sorrisos e gargalhadas das crianças nos momentos de brincadeira. Tudo isso se resume na frase de São João Bosco: “A santidade consiste em estar sempre alegre”. Essa alegria levamos também à escola, que em meio à musicas com gestos e simples dinâmicas, deixamos às crianças a mensagem de que não vale a pena viver sozinho sem Deus, pois quando construímos a nós mesmos sozinhos nós nos desfiguramos: “Deixemos que Deus nos forme e construa, e mesmo que caiamos no pecado, sempre retornemos a Deus que é pai bondoso e nos espera de braços abertos”.

Mesmo em aldeias onde outras denominações religiosas dão assistência a acolhida era de coração aberto e alegre. A aldeia Paikum é um bonito exemplo, pois sendo todos da Igreja Batista, a acolhida foi grande e descontraída.

Quantos “volte novamente” nós escutamos, e essas belas palavras me dilatavam o coração, pois pude ver e experimentar da vida desse povo, que como todos os outros povos, necessitam do amparo e presença da Igreja de Cristo em seu meio. Dessa experiência, então, tomo para mim e minha vocação o desejo de levar a presença de Cristo a todos os povos, mas especialmente àqueles que mais sofrem, e que na maioria das vezes está muito perto de nós”.

Santa Laura Montoya, rogai por nós.

Guilherme Nunes da Silva