A FORÇA QUE VEM DE DEUS

Estamos no 10º domingo do tempo comum. A Igreja reflete sobre o ministério de Jesus, seus ensinamentos e caminhadas pela Galiléia e Judéia. A cor litúrgica deste domingo é verde. Sinal de esperança e de vida.

A Palavra de Deus (Mc 3,23-35) nos faz refletir sobre a presença de Jesus ao lado das pessoas, mesmo nos conflitos, buscas e desafios. A narrativa do Evangelho ocorre em torno da casa, onde Jesus, seus parentes, seus discípulos e a multidão se reuniam. “Jesus voltou para casa com seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer”. Havia certa tensão pelo fato de alguns estarem dentro de casa e outros fora da casa. Pessoas se colocam dentro e fora da casa. Eram os discípulos, multidão, mestres, parentes. Os que estão dentro da casa estão ouvindo a Palavra de Jesus, seguindo os seus ensinamentos, acolhendo sua mensagem e proposta de vida. Eles já têm proximidade com Jesus, por isso estão dentro da casa. Os que se encontram fora da casa, procuram Jesus, estão em busca, querem ouvi-lo. Ainda hoje, estar dentro e fora da casa reflete uma realidade de vida. Muitos já estiveram dentro da casa, mas por diversas circunstancias estão fora da casa. Outros ainda não fizeram a experiência de estar dentro da casa, no convívio da comunidade cristã. Esperam nossa presença, nossa evangelização, nosso convite.

Neste Evangelho as pessoas se identificam em três grupos, em três modos de ser. O grupo dos ‘parentes’, fechados em si, só para um grupo, só para algumas pessoas seletas. Esse grupo não quer que Jesus vá ao encontro dos outros, dos que sofrem, dos que necessitam de uma palavra ou de uma presença. Não quer que Jesus seja misericordioso. Não quer que a Igreja abra as portas, acolha os desvalidos e pecadores Na realidade de hoje aparece uma parcela da população que defende esta posição: Só alguns tem direitos à terra, bens, riquezas, vida privilegiada, espaço na Igreja. Os outros… como favelados, povos indígenas, moradores de rua, pobres, doentes, alquebrados, assentados, ribeirinhos, camelôs, doentes, idosos, pecadores, alquebrados, sofridos… ficam de lado. Jesus se encontra dentro da casa, seus parentes do lado de fora e a multidão está ao seu redor para ouvi-lo. Estão reunidos os discípulos e discípulas em torno de Jesus, como também as multidões, que são pessoas do povo, capazes de deixar tudo e segui-lo: são os aleijados, coxos, pobres, doentes que estão “como ovelhas sem pastor (Mc 6,34)”.

“Participar da casa é participar do banquete da vida, da aproximação com o outro como espaço de diálogo e compreensão. Para poder entrar na casa é preciso romper com o sistema de opressão que há em nossa sociedade, na medida em que faço do outro instrumento da minha vontade e o coloco em disputa com os demais. A casa é o lugar apropriado para desenhar a proposta que Jesus deseja anunciar e promover o sistema de relação social”.

Outro grupo se identifica como os ‘mestres da lei’ que consideram verdadeiro somente o que é útil. Veem nos outros sempre os erros. Vivem criticando, discordando, mas pouco constroem. Querem manter somente as suas certezas, não acolhem o outro, o diferente.

Outros se identificam com a ‘multidão sentado seu redor’, escutam a Palavra de Jesus e o professam como o único Senhor de sua vida e partem em missão. Estar ao redor de Jesus. Unidos, juntos uns com os outros, em espirito e prática de comunidade. “A vida em comunidade é essencial à vocação cristã. O discipulado e a missão sempre supõem a pertença a uma comunidade. Deus não quis salvar-nos isoladamente, mas formando um Povo. Este é um aspecto que distingue a experiência da vocação cristã de um simples sentimento religioso individual. Por isso, a experiência de fé é sempre vivida em uma Igreja Particular”. (DAp 164).

O Evangelho sinaliza que há uma luta interna e externa que cerca o ser humano. A luta interna requer atenção permanente à Palavra de Deus, a superação do egoísmo, da indiferença, do pecado. Mas há uma luta externa que também precisa ser vencida: O egoísmo, a exploração, a acumulação de riqueza, a injustiça, a corrupção. Jesus prioriza acima de tudo a vida, a dignidade da pessoa. “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. E a união em torno da pratica da vontade de Deus que cria os novos laços familiares no Reino. Viver o amor, o serviço, a partilha, a misericórdia, solidariamente com os mais necessitados é inserir-se na família de Jesus, da comunhão de vida eterna com Jesus.

Rezar com a Igreja: Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos por vossa inspiração, pensar o que é certo. e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja a família e as comunidades. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança as desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer somente coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering
Bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga