Estamos no 4º domingo do tempo de Páscoa. Convite para celebrar o Ressuscitado vivo e presente na comunidade. O ambiente celebrativo é revestido da cor branca, sinal de vida e de alegria.

A Palavra de Deus (Jo 10,10-18) apresenta Jesus como o Bom Pastor. A imagem do pastor acompanha o Antigo Testamento. O povo de Israel conhecia bem a atividade de pastor de ovelhas. Com um cajado na mão acompanhava os rebanhos pelas colinas e vales a procura de pastagens. Tinha como missão cuidar das ovelhas, livrá-las dos lobos, para nenhuma se perder ou desgarrar do rebanho. O bom pastor permanecia acordado à noite para proteger as ovelhas. Era conhecida a experiência de bons pastores. Mas os maus pastores e mercenários descuidavam do rebanho as ovelhas se perdiam, os lobos as atacavam as devoravam. A realidade de hoje tem algo semelhante. Como a população está desorientada e inquieta diante de administradores, governantes, políticos e cidadãos que não exercem sua missão de cuidadores do patrimônio público e não atendem o povo nas suas necessidades. Pior ainda quando usufrui dos recursos para se beneficiar a si próprio. Desta experiência, os textos bíblicos foram construindo a missão dos pastores de Israel, uns como guias, defensores e cuidadores do povo e outros como exploradores e usurpadores. O profeta Ezequiel lamenta a atitude perniciosa do pastor que deixa de ser defensor de ovelhas e descuida do povo.

Jesus dá novo sentido a palavra pastor. Ele mesmo se identifica como “Eu sou o bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas”. Ele conhece e ama as ovelhas, elas o conhecem e por isso dá sua vida pelas ovelhas. Jesus entregou sua vida pela salvação de todos. Doou a vida na cruz, mas ressuscitou e está presente na comunidade cristã. As ovelhas são as pessoas. E como tem ovelhas diversificadas que necessitam de cuidados. São as pessoas, os doentes, os idosos, as crianças, os casais, os peregrinos, acamados, pobres, indígenas, pedintes, os migrantes, desempregados, moradores de rua, presos, jovens… Jesus tem cuidado especial com cada um/a e não esquece de ninguém. Todos são amados e cuidados por Ele.

Os que exercem missão na comunidade, ministros, coordenadores de comunidades, padres, catequistas, coordenadores de pastorais e movimentos, animadores do canto, da liturgia, coordenadores dos grupos de família… são cuidadores do povo, evangelizadores que tem a missão de ajudar a comunidade estar a serviço da vida e da dignidade humana. Em especial os pais tem missão de cuidadores dos filhos. Como move o coração ao ver a realidade atual com tantas crianças e jovens mal amados, abandonados aos lobos da droga, da violência, do consumismo, da agressividade, do esquecimento! Mas por outro lado têm-se exemplos lindos de pais, mães, avós, jovens, idosos, administradores, lideranças de comunidades, de pastorais e movimentos que são verdadeiros cuidadores e defensores das pessoas, da fé, da experiência cristã.

Neste domingo do Bom Pastor é dia mundial de orações pelas vocações sacerdotais e religiosas. A Igreja tem necessidade de mais padres, religiosos e religiosas, pastores do Povo de Deus, anunciadores do Evangelho. As vocações nascem e se cultivam nas famílias, entre a juventude.

A diocese de Rondonópolis-Guiratinga forma seus padres no Seminário Jesus Bom Pastor, situado no Bairro Cristo Rei em Várzea Grande. Atualmente estão em formação onze jovens. A maioria dos padres jovens foi formada no Seminário Jesus Bom Pastor. É dever de todo cristão rezar diariamente pelas vocações sacerdotais, religiosas, mas ao mesmo tempo ajudar a manter as casas de formação. Neste dia rezemos:

“Jesus, divino Mestre, que chamastes os apóstolos a vos seguir, continuai a passar pelas nossas famílias e comunidades. Despertai corações generosos para vos seguir como apóstolos leigos, como padres, como religiosos e religiosas, como servidores voluntários do povo de Deus e da humanidade”.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga