PASTORAL ENTRE OS BORORO

Entre os dias 03 e 04 de abril de 2018, nas dependências do Centro de Pastoral da diocese de Rondonópolis-Guiratinga reuniram os agentes de pastoral junto aos povos indígenas (Mestre Mário, salesiano, Silvia Pinheiro, missionária em Córrego Grande. Pe. Arthur Brito pároco de São José do Povo, Irmã Valdina, Irmã catequisa Franciscana presente em Piebaga, Joice Fernandes, psicóloga com prestação de serviço na Escola de Córrego Grande, Erivelton Postil, teólogo e advogado, Irmã Lurdes Duarte, presidente do CIMI regional, e dom Juventino, bispo diocesano. Também marcou presença Pe. José Éder, coordenador diocesano de pastoral).

Após acolhida e momento de oração com símbolos que falam da vida dos povos indígenas, cada agente relatou as atividades exercidas na aldeia, seus desafios, conquistas e o que representa a presença dos agentes de pastoral juntos ao povos indígenas. Mestre Mário apresentou um estudo sobre os principais desafios que as aldeias indígenas enfrentam:

– TERRA: acompanhando 3 processos. Jarudori: Recuperados 730 Ha. dos 4.706. Em breve o Procurador da República de Rondonópolis Dr. Raul Batista Leite entrará com um pedido para o juiz reintegrar mais um pedaço da área.

Teresa Cristina: Terminado o trabalho do GT, o processo está parado em Brasília na espera de decreto do Ministro da Justiça para reintegrar metade dos 166.000 Ha. demarcados por Rondon. As lideranças foram por duas vezes em Brasília. Alegam a demora nos motivos: novos funcionários alheios ao assunto, poucos funcionários, portaria da AGU sobre marco temporal e outros questionamentos levantados pela bancada ruralista. Bororo estão inconformados e irão novamente em Brasília.

Pontal do Jorigi na terra indígena de Tadarimana. O Procurador da República Dr. José Ricardo Custódio de Melo Junior iniciou o processo de reintegração de posse do Pontal do Jurigi, chamado pelos Bororo de Coador, hoje fazenda Santa Cruz de 309 Há.

– SOBREVIVÊNCIA: Há aspectos em comum e outros diferenciados.

Aspectos em comum: quem tem aposentadoria, emprego, bolsa família está economicamente em melhores condições, mas os demais, quase todos, passam necessidades. Raras são as roças familiares. Falta maquinário e falta de apoio da FUNAI e das prefeituras.

Aspectos diferenciados: Jarudori com a venda do leite está melhores condições após passar necessidades por mais de dez anos. Perigara está relativamente tranquilo. Entre as aldeias de Côrrego Grande, Galdino Pimentel, Piebaga, Arareiao que são da Teresa Cristina e aldeia central Tadarimana, Praião, Pobori, Jorigi, Pobo Jari e Apido Paru de Tadarimana, a pior situação se encontra na aldeia central Tadarimana. Há caso de desnutrição de crianças e adultos também e nível de alcoolismo.

– CULTURA. Os sábios mestres da cultura na maioria já morreram. Ficam os anciães Joaquim Burudui, Raimundo Itugoga e José Américo Rubugu. Está se firmando o Ismael Tugoreu. Colaboram com ele Sebastião Tororeu e Joaquim Toroa.  Para os rituais serem realizados, todas as aldeias chamam os mestres de outras aldeias. A vivência cultural nos anos passados perdeu um pouco sua intensidade, mas estão sendo recuperada gradativamente recuperando os ritos, os mitos, a língua, a cultura, as festas.

– EDUCAÇÃO. Em geral as aldeias têm escola com professores bororo e ajuda de professores da cidade. As pequenas como Jarudori, Pobo Jari, Jorigi e Apido Paru não têm escola. Preocupa os Bororo o fato de muitos alunos não estudarem na Aldeia, mas em escolas fora da aldeia.  A novidade é que há  alunos/as nas universidades, fenômeno que antes era só da aldeia de Meruri.

– ATENDIMENTO PASTORAL. Aos poucos está melhorando, especialmente em Tadarimana. Mas há muito o que fazer ainda. Além de administrar o batismo, a crisma e a eucaristia necessitam de maior presença para incentivar a vivência cristã. – ALEGRIAS. Alegra a presença de muitas crianças. Ressurgem a celebração de rituais e as alegres festas comunitárias. A solidariedade é forte entre eles. Alegra acolher os pedidos de conhecer Jesus e receber os sacramentos.

– DESAFIOS. Além da sobrevivência, da saúde continua sendo um desafio o alcoolismo entre os Bororo, especialmente nas aldeias mais próximas da cidade. Um desafio é fazer que os Bororo jovens recuperar a própria autoestima, em se orgulhar da própria cultura, da própria língua, da própria escola, de recuperar a capacidade de produzir seus alimentos. Pastoralmente continua o desafio de apresentar a religião católica inculturada que complementa e enriquece a cultura Bororo.

 

.                                            Mestre Mario Bordignon