O que é missão?

Rondonópolis, 04.04.2018

Prezados presbíteros, diácono, religiosos e religiosas, lideranças das pastorais, movimentos e serviços, prezado Povo de Deus!

Neste ano dedicado ao Laicato a Igreja na Diocese de Rondonópolis-Guiratinga tem como meta ser um ano missionário, ser “Igreja de saída”, Igreja que vai ao encontro das pessoas, das comunidades, dos bairros, prédios e condomínios para anunciar o Evangelho da vida.

A 4ª Assembleia de Pastoral da Diocese (novembro de 2017) marcou o dia 08 de abril de 2018 como dia de Abertura do Ano das Missões e solicitou também uma carta do bispo sobre o sentido das missões. Com alegria quero me dirigir ao Povo de Deus, animando-o para a missão recebida de Jesus Cristo. O Papa Francisco nos diz queA alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus Cristo”. Com alegria quero ajudar na compressão da missão da Igreja.

 

  1. O que se entende por Missão?

Missão é anunciar o evangelho. Deste modo, o trabalho que realizamos em nossas paróquias tem sido um trabalho missionário, pois todas as atividades pastorais em menor ou maior intensidade visam a vivência e a prática do amor de Deus e o anúncio do evangelho aos irmãos. No entanto, percebe-se que é possível fazer mais, ir além das atividades corriqueiras e envolver mais pessoas nesse projeto de anúncio do evangelho em nossas comunidades e, ao mesmo tempo, chegar mais perto das pessoas que mais precisam sentir-se amadas. A missão surge do mandato de Jesus: “Ide por todo mundo pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Missão significa sair do nosso lugar e ir levar a boa nova, anunciar a Salvação a todos que não creem, levar o amor Deus aos que estão afastados, partilhar com o mundo a alegria do Evangelho.

 

  1. A missão da Igreja

A missão da Igreja é evangelizar. É o chamado que ela recebeu de Jesus é a fonte da sua alegria. Evangelizar é continuar a missão de Jesus, o que exige que a Igreja seja discípula do Mestre, que coloque em prática o evangelho, assuma o agir de Jesus, estando atento aos desafios suscitados pelo mundo, indo ao encontro dos necessitados, como fez Jesus. Jesus é fonte e o modelo de missão.

 

  1. Somos amados por Deus

Como Pai, em seu infinito amor, “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Ser salvo é participar da vida de Deus, fazer parte da comunhão da Trindade, sermos da família de Deus! Por isso “Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher (…) para que recebêssemos a sua adoção” (Gl 4, 4-5). De fato, “Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Jesus foi enviado aos homens, no poder do Espírito Santo, para nos comunicar a graça da vida em Deus.

  1. Somos enviados em missão.

Jesus chamou os discípulos para serem continuadores da sua missão. Ao enviar em missão os discípulos Jesus proclamam: “Como o Pai me enviou, eu também envio vocês… recebam o Espírito Santo” (Jo 20,21-22). Ele enviou-os para fazerem tudo o que Ele fazia e enviou sobre eles o Espírito Santo. Nós somos herdeiros desta mesma missão, que, sendo uma ação movida pelo amor, é gratuita. A gratuidade deste amor primeiro nos lança a missão. Sem impor condições, visando o bem do outro e o ajudando a viver a experiência do encontro pessoal e comunitário com Jesus. A missão: “Torna-se a razão de ser da Igreja, define sua identidade mais profunda” (Documento de Aparecida 373).

 

  1. A missão é nossa identidade

A missão é identidade que brota do nosso batismo. Por ele, todos somos chamados a ser missionários/as evangelizadores. Ela é algo próprio do ser cristão; é caminho e atitude de quem vai ao encontro. Por isso, ela “não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã” (Documento de Aparecida 144). “A missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo” (145) O Concilio Vaticano II diz que a missão da igreja é iluminar com a luz do evangelho as realidades terrestres (Lumen Gentium n.36) e para tanto, deve estar presente em todos os ambientes humanos: na família, no trabalho, nas escolas, universidades, nas lutas do povo, nos meios de comunicação social, nos órgãos de decisão política e econômica, etc.

 

  1. O que são missões populares?

São MISSÕES porque somos convidados a ir ao encontro das pessoas; a visitar doentes, sofredores, necessitados, entidades, escolas, etc. Tempo das pessoas se reencontrarem consigo mesmas e rever a própria vida; tempo de testemunhar a experiência pessoal e filial de Deus; tempo de cultivar a solidariedade, a ética, a cidadania tão necessária em nossos dias e na nossa sociedade.

São POPULARES porque elas acontecem no meio do povo, com o povo e a partir dos anseios do povo.

 

  1. Objetivo da missão

 Ir ao encontro das pessoas em todos os espaços e territórios da paroquia para anunciar a experiência do amor de Deus, sua salvação em Jesus, a ação animadora do Espírito Santo e a alegria de pertencer a uma comunidade paroquial, evangelizando através do testemunho de ser cristão.

 

  1. A quem se destina a missão?

A princípio todos somos destinatários da Missão de Jesus. O projeto das Missões Populares tem como destinatários todos os que habitam o território da paróquia, mas elegemos alguns destinatários prioritários:

  1. a) Famílias ou pessoas afastadas da Igreja, com problemas diversos, especialmente adolescentes e jovens;
  2. b) Famílias ou pessoas doentes, excluídas, em situação de risco;
  3. c) Os novos bairros e lugares onde ainda não há comunidade eclesial;
  4. d) Jovens e adolescentes nas escolas, nas universidades, nas empresas…

 

  1. Qual o rosto dos missionários

Este é o momento de contar com todas as forças vivas da paróquia, de todas as idades e categorias sociais. Todas as pessoas são convidadas a serem missionárias no setor, no bairro, na comunidade onde moram. Não se trata de acabar com isso ou aquilo, mas de viver a Missão Popular como um tempo especial, com forte ardor missionário, saindo de esquemas mais rotineiros.

Os efeitos que irão aparecer, logo ou mais adiante, são muito positivos: preconceitos são derrubados, barreiras são superadas; grupos e pessoas que se desconheciam, agora se descobrem, partilham, criam laços, se abraçam, valorizando dons e diferenças, dentro de um processo de conversão permanente que envolve a todos.

 

  1. As inciativas da paróquia

É toda a paróquia em estado de missão. Vai ser uma mexida muito grande, uma ventania do Espírito Santo, um novo Pentecostes. É um tempo de formação eclesial, ecumênica, orante e militante. As iniciativas propostas pelas Missões Populares devem ser prioridades para os grupos, movimentos e pastorais das paróquias.

Cada paróquia, conforme sua própria realidade deve articular a missão e envolver todas as pessoas: padres, religiosos/as, catequistas, ministros, participantes de pastorais e movimentos, crianças, jovens e adultos.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Abençoai todos os missionários e missionárias. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga