CONSTRUINDO A PAZ

Bem vindo ano de 2018. Celebra-seno dia 1º de janeiro Santa Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz com o tema escolhido pelo papa Francisco:“Migrantes e Refugiados: homens e mulheres em busca da paz”.

O Evangelho (Lc 2,16-21) relata o anuncio do nascimento de Jesus aos pastores que foram às pressas à Belém para ver o que tinha acontecido. Certamente eles foram mensageiros da paz, de alegria e de esperança.

As palavras do Papa para este dia ensinam:A paz, que os anjos anunciaram aos pastores na noite de Natal, é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos “são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz”. E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.Daí que, com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.

Entretanto estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados. Praticando a virtude da prudência, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, lhes favorecer a integração. Neste sentido os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmónico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir. Porque há tantos refugiados e migrantes no nosso mundo atual?  São vítimas de “uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas” que caracterizam o século”. Até agora, infelizmente, o novo século não registou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas. As pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir. As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, “é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental”.

Denuncia ao Papa:Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, disse, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos. Daí a importância de olhar para o fenómeno migratório com um olhar contemplativo, sustentado pela sabedoria da fé, capaz de intuir quepertencemos a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a partilha. Precisamos lançar sobre a cidade onde vivemos, este olhar contemplativo, isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça por outras palavras, realizando a promessa da paz”,conclui o Papa.

Neste dia a Palavra de Deus (Num 6,22-27) nos propõe a bênção:“O Senhor te abençoe e te guarde! Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se com­padeça de ti! Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei“.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom JuventinoKestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga