UM GESTO: DOMINGO DOS POBRES

Neste domingo, dia 19 de novembro, por iniciativa do Papa Francisco, celebra-se o Dia Mundial dos Pobres, tendo como lema “Não amemos com palavras, mas com obras”, usando um texto de São João: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade” (1Jo 3,18). Papa Francisco dá as razões: “Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo ‘discípulo amado’ até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos”. E continua o Papa Francisco: “Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas dos Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens ‘cheios do Espírito e de sabedoria’, que assumam o serviço de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres bem-aventurados e herdeiros do reino dos céus”.

O texto motivador do Papa continua com palavras de comprometimento com a nossa vida, nossa fé e nosso modo de ser cristão. Afirma: “De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: ‘Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a fome’, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta’ (Tg 2,14-17)”. Ainda textos do pronunciamento do papa:Nestes dois mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos que, com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais pobres, animados por uma generosa fantasia da caridade!… Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia”. “Não esqueçamos que, para os discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de mais, uma vocação a seguir Jesus pobre. Pobreza significa um coração humilde, que sabe acolher a sua condição de criatura limitada e pecadora, vencendo a tentação de omnipotência que cria em nós a ilusão de ser imortal”.

E finalmente Papa Francisco faz um convite a toda Igreja e a cada cristão: “Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste. O convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.

O Evangelho (Mt 25,35) ensina: “Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. Há várias maneiras de celebrar este dia. Fazer algo para descargo de consciência; fazer um gesto caritativo para não passar por egoísta ou insensível ou fazer algo em favor dos pobres por causa da fé, porque vê em cada pobre o rosto de Jesus; vê o ser humano com dignidade que também quer viver. A fé nos ensina o amor, a caridade, a partilha e a justiça. O amor aos pobres é a medida da qualidade de nossa fé.

 

Dom Juventino Kestering