DE QUEM É O POVO?

Com alegria novamente nos encontramos para refletir sobre a Palavra de Deus. Neste final de semana celebramos o 29º domingo do tempo comum. Verde é a cor dos paramentos e do espaço celebrativo. Hoje é dia mundial das Missões, com o tema: “A Missão no coração da fé cristã”. Dia da coleta em favor das missões.

A Palavra de Deus abre uma perspectiva linda para nossa vida. Vejamos o que diz o profeta Isaias (45,1-4). “Chamei-te pelo nome; reservei-te … pois eu sou o Senhor, não existe outro”. Como é bom sentir na experiência da vida que nos chama pelo nome. Chamar pelo nome é uma atitude de proximidade e de ternura. Nome é algo que está no coração. E Deus nos chama pelo nome. Assim o nome se torna algo sagrado.

O Evangelho Jesus adentra numa temática nova. De quem é o povo? (Mt 22,1 21). A cena se realiza assim: Alguns fariseus queriam apanhar Jesus numa contradição ou num motiva para acusá-lo. Entraram na questão dos impostos. Perguntaram da liceidade dos tributos. Jesus não entrou no mérito da pergunta e nem respondeu sobre questão dos impostos. Na realidade os fariseus não chamaram Jesus para uma reflexão mais aprofundada sobre os impostos, a exploração dos pobres, aos altos encargos que empobrecem a população e a corrupção que penalizavam a vida do povo. Mas os Fariseus entraram na malicia da pergunta. E aí Jesus teve sua resposta: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus“: E o que é de Deus? Toda criação e em especial a pessoa humana é de Deus, não pode ser explorada nem machucada, pois a pessoa é de Deus. É filha amada de Deus. E o que é de Deus não se pode dar para César, ou seja, para a exploração, para a competição e escravidão.

Essa questão é importante para os dias atuais. Há na realidade da sociedade um jogo sobre o papel da pessoa humana e até sobre a identidade afetiva da pessoa. O mercado olha a pessoa como consumidor, como massa de consumo, como quem deve dedicar dia e noite sua vida a servir o mercado para poder produzir e consumir. A lógica de Deus é diferente. A pessoa necessita da base para a vida, mas ela deve tirar tempo para suas relações com as pessoas, para o cuidado da família, da natureza, da saúde, do lazer, da fé e do compromisso com o irmão. Neste sentido é preciso resgatar o sentido do dia de domingo. Está deixando gradativamente de ser um dia de encontro na comunidade, de visita às famílias, de caridade aos irmãos e está se tornando um dia de lazer, de compras, de descanso e de esporte.

São Paulo em (1Ts, 1,1-5) resume a realidade da pessoa humana em poucas frases. O cristão precisa estar inserido na comunidade cristã ali alimentar a fé, a caridade e a esperança. Por isso diz: “A Igreja reunida em nome de Deus Pai, no Senhor Jesus Cristo, graça e paz. Recordo sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança“. É na comunidade, no fortalecimento com as pessoas, é na partilha de vida que os cristãos encontram motivação para sua missão.

Hoje é dia Mundial das Missões. Igreja missionária, igreja de saída para todos os continentes, raças, culturas e povo. Igreja que anuncia o Evangelho da vida, da esperança e da salvação. Além de renovar o compromisso missionário, neste dia os cristãos são convidados a fazerem uma coleta em favor das missões. Esta coleta se realiza em cada comunidade, em cada igreja. Tem por finalidade animar as missões no mundo inteiro especialmente nos países mais pobres.

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, quisestes que a vossa Igreja fosse o sacramento da salvação para todas as nações, a fim de que a obra do Salvador continuasse até o fim dos tempos. Despertai nos corações dos vossos fiéis a consciência de que são chamados a trabalhar pela salva­ção da humanidade até que de todos os povos surja e cresça para vós uma só família e um só povo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Juventino Kestering
Bispo Diocesano