O CIMI DE MATO GROSSO REALIZA SUA 43ª ASSEMBLEIA ANUAL

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2017 (Relato resumido.)

Neste ano a 43ª assembleia do CIMI-MT foi precedida por dois dias de espiritualidade missionária orientados pelo bispo emérito de Altamira (PA) e por 16 anos presidente do CIMI Dom Erwin Kreutler. Na noite do dia 15 de julho, na sede da cúria de Rondonópolis-Guiratinga, o encontro começou com a celebração da missa e da memória do martírio do Pe. Rodolfo e Simão Bororo. A reflexão-oração partilhada foi sobre a história do chamado de Jesus aos seus discípulos e a cada um dos presentes. Chamado para anunciar com o testemunho, o diálogo, o anúncio do essencial do Evangelho e o serviço. Com atitudes tais como: o bom samaritano, os profetas, uma comunidade familiar e contemplativa-orante. Momento forte foi quando cada um dos presentes relatou o que aprendeu com a convivência entre os indígenas. No dia 17 os participantes se deslocaram para Fátima de São Lourenço onde à noite iniciou a assembleia. Os momentos mais importantes foram:

– Os relatos das equipes dos desafios atuais que enfrentam no trabalho. Os mais comuns foram: a presença cada vez maior dos evangélicos nas aldeias, o aumento do alcoolismo, o desmonte da FUNAI, a burocratização da educação indígena e as buscas de saídas para a subsistência nem sempre as melhores.

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– O relato feito pelo secretário nacional do CIMI Cleber Busatto sobre a conjuntura da política indigenista que reflete a crise da política nacional pela qual passa o Brasil. Destacou o avanço das propostas dos ruralistas que dominam a política nacional inclusive combatendo os direitos indígenas com CPIs, decretos e projetos de lei, corte de verbas da FUNAI tendo em vista sempre a não demarcação e a exploração das terras indígenas já demarcadas. Destacou também a organização e reação dos movimentos indígenas e dos seus aliados que deverão ser mais fortes em Brasília antes do dia 16 de agosto quando o STF discutirá o marco temporal e a presença imemorial dos índios em suas terras.

– A abordagem do tema da 43ª assembleia: “ESPIRITUALIDADE E PROFECIA NO DESAFIO DA MISSÃO”. Os missionários em grupos refletiram sobre suas linhas inspiradoras onde destacaram a força e protagonismo indígena, a mística missionária e o profetismo numa sociedade cada vez mais hostil aos povos indígenas. Completaram a reflexão Dom Juventino Kestering, bispo de Rondonópolis-Guiratinga e o padre salesiano Eloir Inácio de Oliveira relatando o grande encontro nacional que houve em Brasília em março sobre “Evangelização dos povos indígenas.” Depois completando a reflexão sobre a espiritualidade dos missionários que nasce na vida no meio dos povos indígena e no exemplo da Encarnação do Filho de Deus que garantiu estar sempre junto conosco até o fim dos tempos. Hoje a presença missionária é profética mais do que nunca frente às perseguições que os missionários sofrem como os profetas sofreram. A profecia é vivida na mística, no conflito, no martírio cruento ou no cotidiano, na força, na resistência, na insistência, as vezes na solidão mas também na festa, na alegria e na esperança.

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Estas e outras reflexões partilhadas animaram os participantes a continuar firmes mais do que nunca no apoio e defesa dos povos indígenas que muito bem se manifestam no tema escolhido para a próxima assembleia que será também em Fátima de São Lourenço nos dias 23 a 27 de julho de 2018: OS GRANDES DESAFIOS POLÍTICOS-AMBIENTAIS CONTRÁRIOS AO BEM VIVER E AS PERSPETIVAS DE RESISTÊNCIA INDÍGENA. Os encaminhamentos de praxe de cada assembleia e a celebração litúrgica do envio presidida pelo generoso anfitrião Dom Juventino, onde testemunhos lembraram mais uma vez a grandeza e o profetismo dos mártires do CIMI-MT, Pe. Rodolfo, Simão Bororo, Pe. João Bosco e o Irmão Vicente Cañas, encerraram a 43ª assembleia.

Mestre Mario Bordignon, SDB. CIMI-MT.