Estamos no 31º domingo do tempo comum. Verde é a cor dos paramentos Outubro é o Mês das Missões, um período de intensificar as iniciativas de animação e cooperação missionária em nossa comunidade. O objetivo é sensibilizar, despertar vocações missionárias e realizar a missão entre os cristãos como urgências da Igreja. “Cuidar da Casa Comum é nossa missão”. Este é o tema escolhido para a Campanha Missionária em 2016.

A Palavra de Deus neste final de semana (Lc 19,1-10) indica caminhos para nossa vida. Subir, descer, de igual para igual.  ”Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu, subiu a uma figueira para o ver, quando ele passasse por ali. Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador… Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido).

Zaqueu era um homem inquieto. Tinha uma boa profissão, vida tranquila. Mas lhe faltava alguma coisa. Queria preencher seu coração que estava vazio. Já tinha escutado falar de Jesus. Daí a sua busca, o seu desejo de se encontrar com Jesus.  Zaqueu soube que Jesus iria passar por ali. Então deixou o seu dia de trabalho e foi ao encontro de Jesus e fez de tudo para atravessar a multidão para poder vê-lo. Ele era de baixa estatura para isso encontrou uma solução: subir numa árvore e assim poder ver melhor a Jesus. Subir numa árvore para ver Jesus. Ele não sabe bem o significado deste gesto e nem imaginava que Jesus ia levantar os olhos e fazer um diálogo com ele. Na verdade a intenção de Zaqueu não era conversar com Jesus, mas apenas “vê-lo”.

Jesus toma a iniciativa. Olha para cima, vê Zaqueu e o chama pelo nome. Chamar pelo seu nome que significa: “eu te conheço. Deus se recorda de ti” e convida-o a descer da árvore, porque Jesus quer conversar com ele e entrar na casa dele. Vemos que isto também acontece em nossa vida. Queremos ver Jesus, senti-lo, fazer a experiência do encontro. Mas por vezes precisamos “procurar, ir ao encontro, fazer um esforço, subir em árvores, deixar-se ver por Jesus”. Mas é sempre Deus que toma a iniciativa em nossa vida. O mal dos tempos atuais é de ficar à distancia da comunidade, da família, da ética, da nossa experiência de fé e por isso distante de Jesus. Voltamos a ser como Zaqueu: nossa estatura de fé, de amor à família, de honestidade, de fidelidade, de ética, de compromisso com os irmãos vai se ternando de baixa estatura, vai diminuindo até temos uma baixa autoestima. Dai vem o medo, o vazio, a angústia, a falta de fé, de confiança. Mas é preciso um esforço pessoal para querer ver Jesus e nem que para isso temos que romper barreiras e subir numa árvore.  Uma reflexão nos ensina: “Não há profissão ou condição social, não há pecado ou crime de que tipo for que possa cancelar da memória e do coração de Deus nenhum dos seus filhos. “Deus se recorda”, não se esquece de nenhum daqueles que criou: Ele é Pai, sempre à espera, vigiante e amoroso, de ver renascer no coração do filho o desejo de regressar a casa, de ir ao encontro, de reconhecer o erro e retomar o bem caminho, de abrir a porta para receber Jesus. E quando a pessoa sente e reconhece o desejo de ver Jesus, por simples que seja, como Zaqueu, utilizou-se de uma árvore, Deus põe-se logo ao lado dele, e com o perdão torna-lhe mais leve o caminho da conversão e do regresso.”

O Papa Francisco nos ensina: “Somos os filhos amados de Deus. Deus ama-nos assim como somos, e nenhum pecado, defeito ou erro Lhe fará mudar de ideia. Para Jesus, ninguém é inferior e distante, ninguém é insignificante, mas somos prediletos e importantes! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o celular que usas; não Lhe importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável”. E o papa continua: ‘Estar distante de Jesus é um vírus que infecta e bloqueia tudo, que fecha todas as portas, que impede de reiniciar a vida, de recomeçar”.

O olhar Jesus para Zaqueu foi penetrante. Gerou mudança. Desceu da arvore. Tornou-se igual com os iguais. Jesus olhou nos olhos de Zaqueu e convidou Zaqueu para olhar com profundidade para esta experiência de querer ver, de subir numa árvore, de ser olhado por Jesus, de descer da árvore, de perceber e sentir o olhar de Jesus e receber o convite para ir junto à casa de Zaqueu. Esse é o processo catequético, essa é a verdadeira iniciação à vida cristã, esse é o verdadeiro encontro com Jesus, essa é a profunda conversão que gera mudança de vida: Senhor  vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo.

Neste último domingo do mês de outubro, mês missionário, aprendamos de Zaqueu a busca, o desejo de ver Jesus, de anunciar Jesus, de ser missionário de Jesus., por isso rezemos “Ó Pai de misericórdia, que criaste o mundo e o confiaste aos seres humanos. Guia-nos com teu Espírito para que, como Igreja missionária de Jesus, cuidemos da Casa Comum com responsabilidade. Maria, Mãe Protetora, inspira-nos nessa missão”. Amém

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano