Dom Juventino reflete “PISAR NO CHÃO DA REALIDADE”

23 romaria dos martires bispo com povo
23ª Romaria dos Mártires – 2014

 

Estamos no terceiro domingo da quaresma. É o tempo de caminhada em preparação da Páscoa de Jesus. Tempo de conversão, de misericórdia, de perdão e de fraternidade. A cor litúrgica dos paramentos e do espaço celebrativo continua com a cor roxa.

A Igreja Católica no Brasil está em pleno tempo da 52ª Campanha da Fraternidade com tema: “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. Pela quarta vez a Campanha da Fraternidade é realizada de forma ecumênica. Tem como objetivo “mostrar a realidade do saneamento básico e assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”.

A Palavra de Deus (Lc 13,1-9) convida para a misericórdia e conversão. Jesus insiste: “Se não vos converterdes”. O tema da misericórdia e conversão permeia o espírito da quaresma. Conversão é uma atitude do coração que impulsiona para um novo rumo para a vida. Todos necessitam de conversão, de mudança de posturas de vida e da experiência da misericórdia. Jesus retoma a comparação da figueira. Ela é plantada para dar frutos. Cresceu, foi cuidada, os anos passam, mas a figueira não produziu frutos. Assim Jesus compara a ação de Deus a respeito de cada um de nós. Somos filhos e filhas amados de Deus para produzirmos frutos de vida, de alegria, de justiça, de honestidade, de fé, de amor aos irmãos e à comunidade. E tudo tem seu início com o batismo como fundamento de vida cristã. Nossa missão e vocação é dar frutos. Quando um pai de família, uma mãe, um jovem, um cristão, não produz frutos de vida na educação de seus filhos e na vivencia na comunidade é como uma figueira que foi plantada para produzir frutos, mas nem sequer deu um fruto para os pássaros se alimentarem.

Nesta mesma linha está a leitura do livro do Êxodo (3,1-15). É chamado fundante, pois marca o encontro de Deus com Moisés. Ele apascentava os rebanhos nas montanhas de Horeb quando viu uma chama ardendo no meio de um espinheiro. O fogo queimava, mas não se apagava. Moisés se aproximou deste fogo e a voz e Deus lhe disse: “Moisés”. E ele respondeu: “Aqui estou”. Então Deus lhe disse: “Tire as sandálias dos pés porque o lugar onde estás é uma terra santa”. Tirar as sandálias é um gesto de despojamento, de compromisso, de pisar no chão, na realidade. “É ir às periferias sociais e existenciais” como afirma o papa Francisco. E Moisés tirou as sandálias e pisou no chão. Então entendeu que algo de grandioso Deus lhe estava pedindo e revelando: “Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão. Eu vi a opressão de meu povo no Egito, ouvi o grito de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios e fazê-los sair desse país para uma terra boa e espaçosa, terra onde corre leite e mel”… O grito de aflição dos israelitas chegou até Deus. Ele viu, ouviu, sentiu a opressão que os egípcios fazem pesar sobre o povo de Israel. Por isso Deus diz: “E agora, vai! Eu te envio ao faraó para que faças sair o meu povo, os israelitas, do Egito”. Moisés disse a Deus: “Quem sou eu para ir ao faraó e fazer sair os israelitas do Egito?” Deus lhe disse: “Eu estarei contigo; e este será para ti o sinal de que eu te envio: quando tiver tirado do Egito o povo, vós servireis a Deus sobre esta montanha”.

Deus se revela ao lado do povo sofredor e envia Moisés para ajudar a libertar o povo da escravidão. Dois elementos estão unidos: Deus que se revela ao lado dos sofridos e a resposta de Moisés a este chamado.

Neste tempo de quaresma o tema da conversão é o chamado de Deus para a misericórdia, mudança de vida e o compromisso de transformar a mudança na sociedade, na família, nas relações entre as pessoas, no cuidado da Casa comum que é esse nosso planeta terra.

Dia 13 de maço, às 16:00hras no Espaço da antiga Rodoviária: 25ª Romaria dos Mártires.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga