Palavra do Bispo: “NATAL DE JESUS”

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 “Alegremo-nos no Senhor: Nasceu-nos o Salvador do mundo e do céu desceu a verdadeira paz” (Sl 2,7). Na simplicidade de uma criança, o mundo contempla a revelação de Deus que entra na história. O que era palavra, agora se fez gente e nasceu no meio de nós. Assumiu a condição humana. A noite se iluminou. O mundo já não precisa caminhar na escuridão, pois Jesus, a Luz brilha no meio das trevas. “A noite nos arredores de Belém é iluminada pelo clarão do anjo do Senhor. A vida escura se ilumina. A luz de Deus brilha no meio de nós. É Natal”.

O Profeta Isaias (9,1-6) resume em poucas palavras o significado do nascimento do salvador: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria… o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor. Todo o calçado ruidoso da guerra e toda a veste manchada de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão pasto das chamas. Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado «Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”.

São Paulo na carta a Tito (2,11-14) insiste que a graça de Deus se manifestou, trazendo a salvação para toda a humanidade. Essa graça de Deus ensina a abandonar a impiedade e todas as forças do mal e viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade. O menino no presépio é a manifestação da graça salvadora de Deus.

“Glória a Deus nas alturas e paz aos homens e mulheres amados por Deus. Eis que vos anuncio uma grande notícia que será alegria para todo povo: Hoje, em Belém nasceu o Salvador, o Cristo Senhor” (cf Lc 2,10). O nascimento de Jesus é fonte de alegria. Não deixa ninguém constrangido e temeroso. Dele todos podem se aproximar, tocar e procurar. Nos palácios, pastores, humildes e pobres não podiam entrar, mas na gruta de Belém, onde nasceu o salvador, todos tiveram acesso.

As lições do nascimento de Jesus são horizontes para os dias atuais. Dois mil e quinze anos já se passaram e a humanidade ainda teima em trilhar pelo caminho da violência, da exclusão, da divisão entre classes, raças e culturas. O ideal do Natal não faz parte de muitos projetos que conduzem os passos da história. Como consequência, a guerra, a fome, as injustiças e a falta de condições de vida digna. Ao lado dos lautos banquetes permanece a mesa vazia de milhões de pessoas.

José e Maria foram a Belém e para eles não havia lugar nas hospedagens. Retiraram-se para o campo e numa gruta nasceu o Salvador. E hoje Jesus quer abrigo em nosso coração, em nossas famílias e na comunidade. Que ele não encontre as portas fechadas pelo egoísmo, pela ganância, pela injustiça e pecado. O nascimento de Jesus é luz que aponta para a solidariedade, a partilha e a construção de novos parâmetros para a sociedade.

Neste tempo de natal, nobres sentimentos afloram no coração: o sonho de um mundo de paz, de harmonia e de sorrisos. Cresce no coração a experiência do abraço, do encontro com as pessoas e da partilha de alimento. Mesmo que seja somente neste tempo, mas é sinal que precisa ser alimentado, divulgado e transformado em prática permanente. O natal lembra o espírito de família. Daí as longas viagens para rever familiares, encontrar-se com parentes que faz anos que não se veem e o abraço entre pessoas que se fecharam para a amizade e o perdão.

Desejo a todos os padres, religiosas e religiosos, as autoridades civis e militares dos nove municípios que integram a Diocese; as lideranças cristãs, católicos e evangélicos, pais e mães de família, doentes e sofredores, povos indígenas, presos, abatidos, peregrinos e moradores de rua… um Natal abençoado com um abraço fraterno. Que no coração de cada pessoa brilhe a luz de Jesus que resplandece a cada dia na humanidade.

 

 

Dom Juventino Kestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga