Palavra de abertura da 2ª Assembleia da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga

assemb cimi 2015 012 (Medium)

Fátima de São Lourenço, 13 a 15 de novembro de 2015

  Saudar presbíteros, diáconos, religiosas, lideranças as pastorais, movimentos, serviços e organismo, coordenação diocesana, padres forâneos…

Estamos reunidos em nome de JESUS. Nele cremos. Ele nos chama, nos envia para a missão. Em nome dele estamos aqui. As reflexões, decisões e compromissos assumidos não devem ser “segundo meu gosto, meu concordo ou não concordo”, mas como resposta ao Evangelho, a Jesus Cristo, ao Reino de Deus para o bem do Povo de Deus nesta diocese.

Vamos dedicar esta assembleia ao menino Aylan Kurdi; aos povos indígenas; ao Simeão Vilhalva Guarani e Kaiowá da Terra Indígena Ñanderú Marangatú de Mato Grosso do Sul, assassinados nos meses passados; vamos ter no coração os refugiados da Síria, do norte da África, os haitianos…, porque um dia nossos antepassados também migraram em busca de vida em outras terras e muitos de nós somos migrantes.

As palavras do Papa Francisco no encerramento do Sínodo sobre a Família no dia 25 de outubro de 2015 nos fortalecem: “Significa que procuramos olhar e ler as realidades de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens e mulheres, num período histórico de desânimo e de crise social, econômica, moral e de prevalecente negatividade para escutar e fazer escutar as vozes das famílias”.

 

– Essa assembleia se situa na vivencia do novo exercício, novo aprendizado, novas descobertas neste caminho de dois anos como diocese Rondonópolis-Guiratinga. 45ª Assembleia – Rondonópolis, 2ª Assembleia Rondonópolis-Guiratinga. Já não há mais diocese de Rondonópolis e nem Guiratinga. Mas Rondonópolis-Guiratinga. É tempo de aprender e de querer aprender.

Testemunho de Pe. Delmiro Vieira do Nascimento Júnior e Pe. João Henrique Correa.

 

Essa assembleia quer ser:

– Experiência de convivência, de partilha, de mútuo conhecimento;

– Reafirmar o planejamento e as propostas do XV Plano Diocesano de Pastoral;

– Avançar a presença da Igreja nos novos espaços de evangelização;

– Revisão anual da ação pastoral em especial das Missões Populares e dos valores das Missões Populares;

– Avaliar a ‘conversão pastoral e missionária’ dos presbíteros, do bispo, dos agentes de pastoral, dos movimentos e das comunidades em termos de ações concretas: de espiritualidade, de formação e de compromisso;

– Valorizar as iniciativas concretas de formação dos ‘discípulos missionários’;

– Desafios de sermos uma ‘igreja em saída’;

 

O que assumimos em 2014:

– Missões Populares, tendo como eixo a Família,

– grupos de família

– semana da família;

– semana social;

– diálogo – aproximação= Pastorais e Movimentos.

– Juventudes

 

Desafios mais evidentes que permanecem e  que nos incentivam à missão, à conversão pastoral e que fortalecem a esperança:

 

– A Igreja se concentrando mais na Matriz, menos nas comunidades;

– Paróquias que pouco fizeram com o livro sobre o Pai Nosso. Comunidades e movimentos que nem tomaram conhecimento do livro, paróquias que não criaram nenhum novo grupo.

– Resistências – pastoral e movimento em relação às Missões Populares;

– Resistência – pastoral social – pobres – peregrinos – dependentes – químicos, especialmente os povos indígenas.

– Devoções que entram na diocese com normas, moralismo e impondo conduta de vida,

– As ideias de visionários entrando na diocese sem que uma pessoa tenha conversado com a coordenação diocesana de pastoral ou com o bispo.

– Catequese de iniciação à vida cristã muito frágil, nas mãos ou segurada pelo padre ou nas mãos de pessoas com pouca capacidade de animar, articular, formar catequistas. Superar a catequese reduzida a momentos de pregação, reza de devoções, sem conteúdo maior. O desafio da iniciação à vida cristã como caminho de catequese ainda está incipiente ou ainda não começou;

– Paróquias que não usaram o roteiro de catequese da diocese, catequizados que vem e vão sem um material na mão.

– Fraquíssima participação e promoção dos católicos na semana social. Participaram 40 pessoas, mais das entidades do que das comunidades e movimentos. Essa visão de igreja longe do social  é uma bactéria perigosa que está corroendo em silencio a interação fé e vida, a Igreja presente no mundo.

– O subsídio anual para grupos de família ainda oscila entre a paróquia em que o padre gosta e não gosta. O padre não tem o direito de dizer “eu não gosto”. O subsídio é o grande momento de reunir famílias, ajudar as famílias a se reunirem, ajudar a ter um rumo para a vida, de fazer uma pastoral renovada a partir de grupos.

– A comunicação ainda é desafiadora – o que chega às paróquias não vai às lideranças, muito menos às comunidades. Muitas iniciativas lindas aconteceram nas paróquias, mas que se perderam por falta de registro.

 

Destaques positivos:

– Avanços – motivação – dedicação e entusiasmo de padres, religiosas, leigos e leigas na missão, na evangelização e na pertença à comunidade;

– Alegria nas missões populares;

– Igreja de saída- ir ao encontro

– Igreja – das periferias para o centro, do centro para as periferias;

– Novos espaços- pastorais e movimentos – fazer missão para ser missão

– Adultos que buscam reassumir a vida cristã, fazer ou refazer a vida cristã

-Qualidade do Uso dos MCS –Site, TV, rádio, jornal.

 

Novas propostas para novas ações pastorais, evangelizadoras, missionárias:

– Novos espaços: Novos bairros em todas as paróquias. Maiores ou menores “Minha Casa Minha Gente”, escolas, condomínios fechados, prédios, motoristas de caminhão, de ônibus, de taxi, enfermeiros e enfermeiras, garçons e garçonetes, guardas, as pessoas que trabalham em turno. Jovens militares,

– Avançar a presença da Igreja nos novos espaços de evangelização com ações concretas. “É necessário chegar onde são concebidas as novas histórias e paradigmas, alcançar com a Palavra de Jesus os núcleos mais profundos da alma das cidades” (EG 74).

– ‘Conversão de pessoas e estruturas’ neste campo da presença da igreja na sociedade e nos diferentes campos de missão

– Cuidado com a catequese de iniciação à vida cristã, formar a nova geração. Cuidado com os jovens, grupos de família, reunir, congregar.

– Revalorizar o papel do/a ministro na comunidade, a pastoral social,

– O desafio da ‘ecologia integral’. Diálogo com responsáveis; atuações das pessoas para diminuir o consumo e cuidar da natureza; espiritualidade dos ‘dons recebidos de Deus’… Na nossa região e na diocese são marcantes os problemas de agressões contra a ecologia. Atenção dos cristãos a essa realidade e levar em conta que grupos já estão fazendo essa tarefa.

Missões populares nos novos espaços das cidades e paróquias, comunhão, o diálogo, a busca em comum.

 

Questionamentos:

– O que foi feito para aprimorar o encontro pessoal e comunitário com Cristo e a adesão a Ele e ao seu Reino?

– O que foi realizado para valorizar de ações evangelizadoras como testemunho do amor gratuito de Deus por todos/todas.

– O que foi feito em favor da formação de ministros/as e comunidades para aprimorar a sua missão na comunidade e não somente no serviço do altar?

– O que precisamos para nos animar na tarefa pessoal e missionária?

– Como está a tarefa própria, não exclusiva dos leigos e leigas: ‘estar em todos aqueles ambientes e lugares onde, se não houver sua presença, não poderia ser testemunhado o amor incondicional de Deus por todos’? (cf. Concilio).

– A Comunhão diocesana. O que se pode fazer no sentido de incentivar a ‘comunhão fraterna’ na Diocese entre presbíteros, comunidades, paróquias, pastorais, movimentos?

– Como uma paróquia com maior força econômica pode ajudar a outra. Como uma comunidade com maior poder econômico ajudar a outra?

– Como melhorar a presença da Igreja na sociedade: nos ambientes de educação, de decisão, na política, na economia, nos MCS.

– Como dinamizar a formação dos ministros ordenados, dos ministros e ministras leigos, das/dos catequistas, dos ‘pregadores’, dos líderes leigos…?

– Como a Diocese vai estar em comunhão com as Diretrizes Pastorais e evangelizadores da CNBB. As cinco urgências na evangelização (Igreja em estado permanente de missão; Igreja: casa da iniciação à vida cristã; Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja: comunidade de comunidades; Igreja a serviço da vida plena) precisam estar presentes no de planejamento pastoral das Igrejas particulares, instituições eclesiais.

– Como a Diocese vai estar colaborar com a elaboração das Diretrizes Pastorais do Regional Oeste2?

 

A missão da Igreja diocesana

– A evangelização é tarefa complexa e requer levar em conta todas suas dimensões. Não se pode fazer de qualquer jeito, sem um mínimo de planejamento, metas. A missão é uma paixão por Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, uma paixão pelas pessoas. “Quando nos detemos em oração diante de Jesus crucificado, reconhecemos a grandeza do seu amor, que nos dignifica e sustenta e, simultaneamente, apercebemo-nos de que aquele amor, saído do seu coração trespassado, estende-se a todo o povo de Deus e à humanidade inteira; e, precisamente deste modo, sentimos também que Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado e de todos aqueles que O procuram de coração sincero”, diz o papa Francisco.

– Novos carismas: Um sinal claro da autenticidade dum carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de se integrar na vida do povo santo de Deus para o bem de todos. Uma verdadeira novidade suscitada pelo Espírito não precisa fazer sombra sobre outras espiritualidades e dons para se afirmar a si mesma. Quanto mais um carisma dirigir o seu olhar para o coração do Evangelho, tanto mais eclesial será o seu exercício. É na comunhão, mesmo que seja fadigosa, que um carisma se revela autêntica e misteriosamente fecundo. Se vive este desafio, a Igreja pode ser um modelo para a paz no mundo. (Francisco)

  1. É preciso ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo, fascinar-se por Ele e optar por segui-lo. A iniciação à vida cristã recorda que ela não se esgota na preparação aos sacramentos do Batismo, Confirmação, e Eucaristia, mas se refere, principalmente, à adesão a Cristo. As comunidades precisam ser lugar da catequese, para favorecer que o encontro com Jesus Cristo, se faça e se refaça permanentemente.

O tempo e lugar têm um modo característico para apresentar Jesus Cristo e suscitar nos corações seguimento de Jesus Cristo, que convida para com Ele vincular-se. “A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor desperta resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo”.

“A nossa fé não é apenas um adorno, das demais esferas da vida humana, mas é impregnada de significado, por isso não pode se restringir às paredes do templo”. A fé precisa incidir sobre a vida. “A confiança leva-nos a ver o tempo presente como uma oportunidade para se enfrentarem os riscos, lançamo-nos para a construção de um futuro melhor” (Brighenti)

“Mas não percam a graça de deixar Deus ser Deus e não querer mandar em Deus”, (Francisco). “Vocês são dispensadores da graça de Deus e não controladores! Não sejam alfândega ao Espírito Santo”! A assembleia é exercício de escutar o Espirito Santo falando neste momento, mas o Espirito Santo conta com nossa participação, nossa missão.

“A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia. O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor” (Francisco).

 É preciso desenvolver a “cultura da comunidade”, pois nela se adquire o sentido da vida” (Viktor Frankl). Não sejamos nós os que mandam na misericórdia de Deus e nem aqueles que impedem que a misericórdia de Deus chegue ao coração das pessoas.

Estes dias são tempo de sermos diocese Rondonópolis-Guiratinga, porção do Povo de Deus. Diocese em comunhão. Diocese em Missão. Que o Sagrado coração de Jesus, patrono da diocese, proteja os presbíteros, diáconos, religiosas, pastorais, serviços e movimentos. Saúde aos doentes, alegria aos tristes e esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga