Palavra do Bispo: “AS INTENÇÕES DA MENTE E DO CORAÇÃO”

 

dom-juventinoEstamos no 22º Domingo do tempo comum. Verde é a cor litúrgica. Final do mês vocacional. Abertura para o mês da Bíblia. Semana da Pátria, morada de todos os cidadãos. Direitos e deveres iguais, mas que para a maioria ainda pesa um difícil encargo de sofrimento, desemprego, doença, evasão escolar, violência.

A Palavra de Deus é de Mt 7,8-23. Jesus adentra numa discussão fariseus, mestres da lei. Julgavam-se perfeitos, sabedores das leis, e por vezes acima do povo. Aproximaram-se de Jesus, não para escutá-lo, mas para discutir. Sim há pessoas que não sabem escutar, mas são expertas em discutirem, discordarem, argumentar. E a discussão não era em cima de assuntos importantes como a vida, a justiça, o respeito, a fé, a partilha, a honestidade, o amor ao próximo, mas discussões sobre temas sem importância como alguns costumes, tradições, formas de lavar prato, de lavar as mãos.

Jesus não entrou nesta conversa, pois para Jesus o mais importante são as pessoas, a vida, a salvação, a fraternidade, a partilha, o Reino de Deus. “Abandonais os mandamentos de Deus para seguir os ensinamentos as tradições humanas”. Inverteram os valores. Inverteram as prioridades. Jesus age duramente com os fariseus e mestres da lei por travavam a liberdade da Boa Nova, impediam de que o anúncio do Reino de Deus realizasse. O povo estava atento, saiam a procura, tiravam tempo para ouvir Jesus, acolhiam a boa nova com alegria e isto os mestres das lei se incomodavam e a todo custo queriam atrapalhar a missão de Jesus.

No final das discussões e ao explicar o sentido de todo acontecido aos discípulos, já reunidos em casa Jesus esclareceu: “O que sai do interior da pessoa, da sua mente, isto sim pode tornar impuro. Com efeito, é na mente, é no coração que nascem os pensamentos, as palavras e ações, as intenções malignas premeditadas, os propósitos maus da vontade, que já são pecados de pensamento; prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, malícias, devassidão, inveja, difamação, arrogância, a insensatez que leva a não distinguir mais o bem do mal e a viver como se Deus não existisse. Todos esses males saem de dentro da  pessoa, são eles que a tornam impura”.

A nossa consciência e nossa vida precisa ser moldada à luz da Palavra de Deus, Palavra revelada. Precisamos formar, disciplinar a mente, o coração, as intenções e os sentimentos porque tudo que fazemos de bem ou de mal começa num pensamento, numa intenção, num sentimento. De um coração bondoso, povoado por Deus, cheio de valores brota como de fonte pura os bons pensamentos que se concretizam em boas ações e atitudes.

Nesta mesma direção São Paulo exorta a Tiago (17,22-27). “…Recebei com mansidão a palavra em vós semeada… Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvinte… Aquele que escuta a palavra sem a realizar assemelha-se a alguém que contempla num espelho a fisionomia que a natureza lhe deu: contempla-se e, mal sai dali, esquece-se de como era. Mas aquele que procura meditar com atenção a lei perfeita da liberdade e nela persevera – não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como cumpridor fiel do preceito -, este será feliz no seu proceder. Se alguém pensa ser piedoso, mas não refreia a sua língua e engana o seu coração, então é vã a sua religião. A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo”.

O que soma para a nossa vida são as atitudes do coração, o desejo de fazer o bem, de trilhar o caminho da ética, da justiça, da lealdade, e isto, só se consegue com fé, com amor à Palavra de Deus, com vida comunitária,  com participação nos sacramentos, com oração, com alegria e amor aos irmãos.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja nossa família. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering
Diocese de Rondonópolis-Guiratinga