Palavra do Bispo: ““VAMOS PARA OUTRA MARGEM” (Mc 4,35)”

 

Estamos no 12º domingo do tempo comum, tempo de compreender os ensinamentos de Jesus Cristo na vida do cristão. A cor do espaço litúrgico é verde, sinal de esperança, de vida,

O Evangelho deste fim de semana (Mc 4,35-41) nos faz refletir sobre a força da fé que temos em Deus, e ao mesmo tempo, recordar a confiança que tivemos enquanto dormíamos no colo materno. O evangelho que fala diretamente para a vida, a comunidade e para toda sociedade: “Enfrentar tempestades, sentir-se ameaçado de afundar, ficar com medo; buscar ajudar, pedir socorro”. Quem de nós já não passou por esta situação ou algo semelhante! Conhecemos famílias, casais, cidadãos que “afundaram”, que não suportaram as tempestades e veio a destruição da pessoa, do lar, da família, do casamento, dos negócios.

Ao cair da tarde, no inicio do escurecer. “Vamos para outra margem”. O que tem na outra margem?  Qual o novo depois de uma noite de travessia, de tempestades, de ameaça de afundamento? O que o amanhecer oferece? Jesus se utiliza destes simbolismos para fazer as pessoas refletirem sobre a realidade de vida, da comunidade e da sociedade. É preciso atravessar, superar os desmandos, a violência, o esfacelamento da família, o combate contra a droga para se chegar a um novo amanhecer, com mais vida, cidadania, justiça, fé e harmonia na família e na sociedade.

Para essa travessia Jesus usou um transporte simples para ajudar na travessia: Uma barca. “Vamos para outra margem…” (Mc 4,35b). É preciso sair do lugar costumeiro, da tristeza, dos conflitos familiares, da insegurança social. Uma pessoa, uma comunidade, uma sociedade deve sonhar por algo novo e perceber que este novo é possível, mesmo que se tenha atravessar um mar agitado.

Para a comunidade cristã, missionários e missionárias, evangelizadores e catequistas, coordenadores de movimentos e pastorais, lideres das comunidades é preciso arriscar e conhecer outros rostos, povos, outras metas, no diálogo e partilha. O que tem na outra margem? Onde moras? “Vinde e vede…” (Jo.1,39)

A travessia não é fácil! O barco está sobre as águas e águas profundas, as águas se agitam, vem a tempestade. Porem como uma criança confiante no colo de sua mãe, Jesus fica tranquilo e dorme na barca.

Muitos missionários/as hoje continuam usando barco, canoa, voadeira, para evangelização. Enfrentam chuvas, sol, muitas noites de viagem sobre as águas. Enfrentam também tempestade, contudo, como um bebê no colo materno, confiam em Deus, buscam essa força contemplando as estrelas longínquas e adormecem em suas redes seguras que balançam com o vento.

Nossa vida muitas vezes é como as águas de um imenso rio; ora tranqüilo, ora agitado pelo vento. Porem não se navega sozinho. “Havia ainda outras barcas com ele.” E feliz daquele/a que procura ajuda, partilha tarefas, distribui funções, favorece a participação de todos. Cada um de nós precisa cultivar a força interior que tem dentro de si, a certeza de que Deus caminha conosco. Não fazemos grandes coisas, mas todo bem que fazemos pela outra pessoa, é dom de Deus. Onde há confiança, há tranqüilidade, há paz e certeza de que nunca estamos sozinhos. Em meio as dificuldades, angústias em nossa vida, no colo materno de Deus a tempestade torna-se brisa suave reanimando nosso ser.

“Quem é este, aquém até o vento e o mar obedecem”? O evangelho só faz a pergunta e não dá uma resposta. Mas a nossa fé ensina que é Jesus, Filho de Deus e nosso Salvador. É ele que está conosco mesmo nas horas que parece que os ventos afundam a barca da vida. São Paulo ensina: “Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo”  (2Cor 5,17).

Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja nossa família. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering
Bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga