RELATÓRIO DA REUNIÃO AMPLIADA DO CIMI MT

Cuiabá, 28 e 29 de março de 2015

A primeira reunião de 2015 da Equipe Ampliada do Conselho Missionário Indigenista – Cimi MT, aconteceu nos dias 28 e 29 de março, em Cuiabá e contou com a presença da Irmã Ednéia da Silva (Néia), Irmã Lourdes Christ, Mestre Mário, Edina Franco, Iramy Azevedo, Irmã Cleide Palo Janeiro, Gilberto Vieira (Giba), Luiz Gouvêa e Irmã Lourdes Duarte. Após a oração de abertura, a reunião foi iniciada com a indicação da coordenadora, Irmã Néia e do secretário, Luiz. Em seguida, foi discutida a pauta e acrescentada a questão do Encontro Nacional de Educação Escolar Indígena.

 

EQUIPE DE COMODORO: Ir. Lourdes Christ

Precariedade dos ambientes escolares e das estradas das Aldeias Nambikwara que dificulta todo o processo de educação escolar. Irresponsabilidade da prefeitura em nãodar continuidade aos encaminhamentos da administração anterior.

Séria a situação de saúde: falta medicamentos e atendimento de enfermagem na aldeia. Fome em algumas aldeias com casos de desnutrição, diarreia, pneumonia nas crianças. Nos adultos: vesícula biliar, pressão alta, gripe, pneumonia e alcoolismo.

As compensações pelo linhão acarreta disputa entre as lideranças e elaboração de projetos para criação de gado, galinha e peixe com experiência já fracassada.

 

POVO XAVANTE: Ir. Cleide

O Povo Xavante em diversas aldeias está iniciando a formação de um novo grupo etário – importante instituição da organização social do povo, cerimoniais envolvendo jovens, homens e mulheres.

Todas as sextas-feiras e sábados acontecem uma “festa diferente”, corrida de buriti e outros ritos. Quando não tem rito promovem torneio de futebol. Estes eventos têm diminuído ou cessado muitos problemas.

Animação Pastoral Cristã – Pastoral Paroquial: sobriedade, pastoral da criança, pastoral familiar, dízimo, pastoral vocacional, conselho de leigos, com reunião e reflexão cada mês para formação e melhor ação de conscientização da comunidade. Não há batizados de criança Xavante, mas de catecúmenos.

Jovens Xavantes preparando-se para serem religiosos/as recebem aulas de português, matemática, história, geografia, bíblia e formação humana dada pelos missionários.

Saúde: muito deficitária. Construção do Posto de Saúde em Sangradouro. Atendimento médico nas aldeias vindo de Primavera através do programa mais médico. Continua o problema de falta d’água em Sangradouro e em São Marcos foi resolvido.

Educação: em Sangradouro funcionando mais regularmente. Os pais colocam os filhos para estudar em Primavera, Barra do Garças e Naboreio, internato para meninas mantido pela Operação Mato Grosso para aprender português.

 

NOVA XAVANTINA: – relatório

Saúde: continua ruim e Agnelo Xavante deixou o CONDISI por envolvimento em corrupção.

Educação: haverá processo seletivo nas periferias para contratação de professores. Em Campinápolis os indígenas estudam fora da aldeia.

 

MARÃIWATSÉDÉ: Mestre Mario apresentou algumas informações que obteve em sua visita no mês de fevereiro: A situação de saúde não está tão ruim como se comentava. A água não potável causou muitas enfermidades, com suspeita de casos de óbitos.

A escola está funcionando e a aldeia organiza-se através da plantação de milho e plantas frutíferas nos quintais já que o fogo destruiu parte da área reflorestada.

 

PARABUBURE: Na área o chefe indígena vende madeira, a população local é contra. Em Areões ocorreu briga entre indígenas por causa da comercialização de madeiras.

 

PRELAZIA DE SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA – Ir. Odila

Destaca-se a questão do processo de demarcação de terra para o Povo Kanela do Araguaia. O Ministério Público de Barra do Garças notificou a Funai para que implantasse o GT. A divisão interna entre os Kanela é empecilho para a continuidade do processo.

Educação: como em todos os anos, o início do ano escolar foi marcado por disputas com o Estado em função da burocracia e das determinações que contrariam os interesses das comunidades.

Saúde: houve troca na eleição do CONDISI. E o suicídio continua sendo uma preocupação para o Povo Karajá. A equipe da SESAI/MS de Saúde Mental está percorrendo as aldeias do DSEI/Araguaia para dar continuidade ao projeto começado em 2014. Mortes nos hospitais de Cuiabá e Goiânia, morosidade nos encaminhamentos para os casos de média e alta complexidade.

A luta pelos cargos na saúde e educação torna-se cada ano mais aguda e a busca por estudos universitários faz-se mais intensa.

Organização Indígena: articulação das mulheres Karajá na Aldeia Santa Isabel com a participação e colaboração das missionárias Elismar e Arlete.

Os Rituais: entre os Tapirapé começaram os rituais em janeiro com a volta dos Espíritos. Ouve rituais que fazia anos que não eram realizados. O Povo Iny celebrou o ritual de iniciação dos jovens em Santa Isabel e em Fontoura. A falta de roças se faz sentir nesses momentos.

 

Nova Equipe do CIMI: No dia 15 de fevereiro, Mestre Mario e Irmã Lourdes Duarte e representantes da Equipe do Cimi da Prelazia de São Félix do Araguaia estiveram reunidos em Querência, juntamente com D. Adriano, Frei Arcides e a equipe local que faz visitas e dá apoio aos indígenas Kalapalo e Kuikuro da aldeia Tagurinho, município de Querência, para discutir a continuidade dos trabalhos nas aldeias do Parque Indígena do Xingu. Os indígenas estão solicitando, sobretudo, apoio para a criação de uma escola nesta aldeia, visto que as crianças e jovens são obrigados a se deslocarem para escola de fazendas da região ou para Querência, distante 50 quilômetros da aldeia, para poderem estudar. Ficou decidido que uma equipe formada por Raimundo, Demétrio, Gerda e Irmã Rosalinda, de Querência, que já haviam iniciado atividades nas aldeias do sul do Parque, vão dar continuidade a este trabalho. Eunice e Luiz se dispuseram a dar assessoria, quando necessária. Essas pessoas vão participar das assembleias do Cimi e se preparar para fazer o curso básico. A equipe deverá elaborar dois projetos, um para realização dos trabalhos a ser encaminhado pelo Cimi Regional e outro para aquisição de um veículo, a ser encaminhado pela Prelazia de São Félix do Araguaia.

 

CHIQUITANOS: Ir. Néia

Vila Nova Barbecho: a aldeia vem sofrendo com a falta de água desde 2006. Com a ajuda da equipe solidária: Irmãs Azuis, Jesuítas, Salesianos construiu-se um poço, mas não é suficiente para a comunidade. Os indígenas vivem cercados por arame farpado em 25 hectares de terra, sem água para beber e sob constante ameaça do fazendeiro. Apesar destas condições a escola está funcionando bem, inclusive com uma sala anexa em Santa Aparecida e com implantação do ensino médio na Vila Nova Barbecho.

 

Santa Aparecida: destaca-se o funcionamento da escola que ajuda a fortalecer a identidade do Povo Chiquitano com ensino na língua materna. Há uma escola de música que ajuda na luta pela demarcação de terra e no reconhecimento do povo.

 

Vila Bela da Santíssima Trindade: Temos comprovado que neste município há muitos Chiquitanos que foram expulsos de suas terras e que hoje estão perdendo o medo da repressão e começam a se organizar e a se identificar como Chiquitanos. Recentemente, eles se organizaram como Cacicado Urbano e estão solicitando a demarcação da terra do outro lado do rio, onde estão os bairros Aeroporto e COHAB com população majoritária Chiquitana. Ao mesmo tempo a comunidade está lutando para a implantação da escola indígena.

 

Casa do Chiquitano em Cuiabá: A Casa do Estudante Chiquitano em Cuiabá se tornou um local de hospedagem dos Chiquitano que vem das aldeias e um local de articulação e convívio dos mesmos em Cuiabá. O problema mais grave está sendo o uso exagerado de bebida alcoólica na casa do estudante e na aldeia. A presença da Rosana, filha do pajé Lourenço e Tereza tem sido de discernimento no grupo.

 

MYKY: Nenhum membro da equipe Myky pode comparecer à reunião da Ampliada. Rodolfo e Natália se encontram em Curitiba em preparação para o nascimento da filha. Irmã Beth está substituindo Natália na escola. Em função disto enviaram um relatório.

Roça: Entre os Myky há satisfação em relação à produção deste ano destacando-se alguns produtos obtidos nas trocas de sementes e, de modo especial, a produção do milho fofo, que tem um pouco mais para as novas trocas e pedidos. Há também aumento no número de pessoas fazendo roças este ano.

Congresso Nacional de Agroecologia: vai acontecer em Belém, no mês de setembro. Rodolfo e Natália vão participar apresentando as atividades que desenvolvem nesta área, como membros do Cimi, sobretudo, as trocas de sementes. Pretende-se levar também um indígena.

Educação: no próximo ano deve ser iniciado o ensino médio via SEDUC, visto que o Instituto Federal de Juína não assumiu o curso de agra ecologia como havia prometido.

A casa de Brasnorte está precisando urgentemente de reformas, Foi elaborado um projeto com esta finalidade, como também a casa do Irmão Vicente Cañas, local onde foi assassinado. A equipe apresentou outro projeto para o CIMI regional e nacional, Jesuítas, Opan e familiares de Vicente com interesse de manter a memória deste missionário. Egon virá ao regional e à terra dos Enauwenê-Nawê coletar dados para um livro sobre Vicente Cañas.

 

POVO BORORO; Aldeia Córrego Grande – relatório de Silvía.

Como DESAFIOS  destacam:

Demarcação de terras: permanece muita morosidade e ou lentidão para resolver a questão.

Educação: Elaboração de planejamento pelos professores, materiais didáticos próprios, planos de ação, prestação de contas dos recursos recebidos e merenda escolar, internet e o pagamento dos funcionários da educação atrasados.

Saúde: novas lideranças querendo assumir o controle social sem estarem preparados; não participação nos conselhos municipais; como saber o montante de recursos que está na prefeitura de Santo Antônio do Leverger.

 

SEDE – Regional: Mestre Mario traçou uma panorâmica da política estadual em seguida informação do coletivo:

Curso de Indigenismo com possibilidade de ser assumido pela Universidade Latino-Americana ou pela UFAM (Amazonas) com previsão para julho de 2016.

Apostila de Formação: descolonização dos Povos Indígenas.

Formação Básica: 11/janeiro a 01/fevereiro de 2016.

Assembleia Geral do CIMI: 15 a 18 de julho de 2015.

CNPI – Conselho Nacional de Políticas Indigenistas: é preciso acompanhar esse processo e participar das conferências locais para tentar barrar as propostas oficiais anti-indígenas. É bom lembrar que antes da programação da CNPI estava em curso a programação da Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, que deverá acontecer em 2016.

Planejamento das Equipes: lembrem que é preciso levar em consideração as prioridades do regional assumidas na última assembleia e as urgências dos povos do Mato Grosso: na assembleia foram tiradas prioridades. Estamos fazendo esta discussão nas aldeias e nas nossas equipes? Mário colocou em questão a forma como nós atuamos nas terras indígenas. Os missionários de outros regionais vão às aldeias para discutir problemas bem concretos como a questão da política indigenista, a questão da terra etc. Isso permite um maior envolvimento e participação das lideranças e comunidades. Como nós estamos atuando em nossas visitas às comunidades?

“Eu vim para servir” e constatamos que @s Missionári@s servem com teimosia e  alegria.

Síntese da primeira ampliada do CIMI-MT.

Cuiabá, 12 de maio de 2015.