O GARIMPEIRO RICO E O SENTIDO DE SUA VIDA

 

O momento em que cada um de nós estamos vivendo e vivenciando atualmente, são momentos fortes existenciais, pois vem ao encontro do sentido de nossa vida e da nossa missão neste mundo. O que temos visto ultimamente são questões que vem mexendo a todo momento sobre o nosso ser, pois se trata da vida e das razões de estarmos neste mundo. São momentos fortes de conflitos, de questionamentos e de crise existencial ou de fé, mas precisamos pegar tudo isso para nos reanimar na fé e na esperança, pois precisamos saber oque viemos fazer neste mundo e como estamos respondendo a nossa missão, o nosso chamado.

Havia um garimpeiro muito rico em Tesouro, tinha tudo o que qualquer pessoa desejaria possuir: bens materiais, dinheiro, uma família maravilhosa, saúde, amigos, fé em Deus. E muitas pessoas comentavam entre si: com tudo isso fica fácil acreditar em Deus! Quero ver se este cara crer em Deus, diante da fome, da miséria…! Pois é, este garimpeiro tinha tudo isso, e mais um pouco. Só que aconteceu que um dia este garimpeiro perdeu tudo, e a única coisa que restou foi sua fé em Deus. Diante de tamanhas perdas, muitos de nós poderíamos perder também a fé em Deus. Olhando em nossa volta, iremos perceber que por tão menos, muitos perdem a fé. Basta perder um bem qualquer, ou talvez um bem realmente valioso, como: uma pessoa muito querida… para se revoltar completamente contra Deus e achar que Ele não existe, que Ele nos abandonou, que Se esqueceu da gente…, ou até mesmo que esta castigando.  O garimpeiro passa por um processo doloroso de perdas. Perde tudo o que tinha, e fica na miséria; perde os amigos; perde os filhos; perde a esposa. Os poucos amigos que ainda restam não ajuda em nada, pelo contrário, o questiona sobre sua fé em um Deus que tira tudo dele, levando-o a um sofrimento maior.

Esta simples história nos trás esse estado de miserabilidade do garimpeiro que era rico, que vê sua vida perdendo o sentido, para assim nos ajudar a refletir o sentido de nossa vida e da nossa missão neste mundo. O garimpeiro passa noites e noites em claro refletindo e esperando pela chegada de um novo dia, para ver se algo de novo irá acontecer, mas quando o sol se abre percebe que as coisas continuam de mal a pior e depois fica aguardando a chegada da noite para ver se consegue descansar.

Nesse dilema existencial, começa os questionamentos sobre o sentido de sua vida e compara sua vida como a vida de um escravo, que esta cumprindo as obrigações dadas pelo seu senhor, uma vida toda de trabalhos feitos sem nenhum prazer, e consequentemente sem nenhum sentido. Ou talvez, como um gari, um diarista ou uma pessoa que trabalha em serviços gerais, que trabalha somente por causa do salário, não vendo assim nenhum sentido em suas ações. Porém, esse salário, essa recompensa é irrelevante diante do pesado fardo, tornando sua vida algo penoso, tendo como herança meses e meses de ilusões e noites de fadiga.

Ele se vê consumido por miséria e dor, com a esperança se esvaindo pela falta de sentido das coisas e pelas constantes perdas. Diante de tamanha situação, a sua vida é colocada a nu, sem subterfúgios, nem esperanças. Diante desta realidade, surge um grande questionamento: como confiar em Deus? O garimpeiro por tanto sofrer, por muitas e muitas vezes fez este pergunta, e no final da vida ele percebeu que valeu sim confiar, embora ele tivesse muitos momentos em sua vida de fraqueza, medo, desespero, próprios de qualquer ser humano diante do sofrimento extremado, como foi o seu caso.

Mas afinal, o que esta história tem a nos dizer?

Esta história do garimpeiro vem nos mostrar, que “às vezes é necessário chegarmos ao fundo do poço para ver que Deus não nos abandona”. Mostra que Deus é maior do que nossas dores e misérias. Mostra que nossa missão neste mundo não se encontra nos bens que possuímos. E quem tem fé verdadeira, mesmo que seja minúscula “como um grão de mostarda”, é capaz de ir além, superar e vencer os obstáculos e sofrimentos. Enfim, mostra que a nossa missão neste mundo é lutar contra o sofrimento, e encontrar nele uma resposta para a nossa vida, mesmo que para isso tenhamos que ver a nossa vida ameaçada, ou a nossa esperança por um fio. Lutar e encontrar sentido não só pelos nossos sofrimentos, também pelos sofrimentos de nossos irmãos. Somos operários do Senhor, servos na sua messe e trabalhadores em sua vinha. Não devemos agir por recompensa, mas sim por amor a Deus.

Como diz nosso amigo Viktor Frankl: “Diante das catástrofes da vida não podemos perguntar, onde estava Deus; e sim, o que seria de mim se Deus não estivesse ao meu lado, quando todas estas catástrofes estavam acontecendo.”

Por: Padre Wender Souza dos Santos – filosofowender@hotmail.com – Tesouro MT