Sexta – Feira da Paixão

SEM A CRUZ, NÃO HÁ VIDA NOVA, NÃO HÁ VERDADEIRA
ALEGRIA E NÃO HÁ CONVERSÃO, AFIRMA DOM MAURÍCIO

A cruz de Cristo é “o lugar onde o amor se torna visível” e nela “a vida se entrega para dar vida aos outros”; é da cruz que brota a salvação e “sem cruz não há vida nova, não há verdadeira alegria e não há conversão”.
A cruz de Jesus Cristo como “expressão da vida” e não apenas como “a representação da morte” foi o centro do sermão proferido pelo Bispo Diocesano, Dom Maurício da Silva Jardim, durante a celebração da Paixão do Senhor, seguida da apresentação e adoração ao madeiro sagrado, nesta Sexta-feira Santa, 07/04, na Catedral Santa Cruz: “Na cruz com Jesus estão todos os que sofrem hoje pela guerra, a fome, a violência e as quatro crianças assassinadas na creche em Blumenau” e as dores de seus familiares e amigos, citou Dom Maurício em um dos trechos da homilia que você lê abaixo,na íntegra

Da cruz, brota a salvação!

Com a celebração da Paixão do Senhor, continuamos nosso Tríduo Pascal iniciado ontem e se conclui amanhã na Vigília Pascal. Três dias de uma única celebração.
A celebração de hoje está dividida em: a Liturgia da Palavra, a oração universal, a adoração da cruz de Cristo e a comunhão.

O que é a Cruz? – É o lugar onde o amor se torna visível. É no amor que nos entregamos que nos encontramos, que nos realizamos, que nos tornamos verdadeiramente humanos. É no amor que vivemos nossa dignidade de imagem e semelhança de Deus, é no amor que nos encontramos com Deus.
É o amor que não mede esforços para nos salvar. É o amor que não desiste de nós, mesmo quando nos afastamos dele. É o amor que nos acolhe sempre de braços abertos, independentemente de nossas fraquezas e falhas. É o amor de Deus que transborda, sai de si e nos alcança. Na semana santa, as liturgias destacam o amor transbordante de Deus. Um amor sem medidas e cálculos. Ele toma a firme decisão de entrar em Jerusalém como um escravo montado no jumento. Ele celebra a ultima ceia com o gesto do lava pés.
É o amor de doação e entrega total que nos faz pessoas livres. “Ninguém tira a minha vida eu a dou livremente”. Esta é a liberdade plena. Dar a vida por uma grande causa de amor.
A Cruz não é só a representação da morte, é a expressão da vida. A Cruz é a árvore da vida que floresce em todos os tempos. A Cruz é a vida que se entrega para dar vida aos outros.
O que é a cruz?
Podemos dizer como São Paulo. A cruz é escândalo para os quem não creem. É escândalo para os judeus. Ou como diz Deuteronômio. “Maldito o que é condenado morte de cruz”. Sobre Jesus caiu toda a maldição do mundo. Mas é da cruz que brota a salvação. Sem cruz não há vida nova. Sem cruz não há verdadeira alegria. Sem cruz não há conversão.
A cruz é o lugar onde Jesus Cristo se faz solidário com todos os que sofrem. É o lugar onde Ele se identifica com os mais pobres, os marginalizados, os doentes e os oprimidos. Na cruz com Jesus estão todos os que sofrem hoje pela guerra, a fome, a violência. As quatro crianças assassinadas na creche em Blumenau. A dor de seus pais e amigos. Cristo na cruz se faz solidário com todos os que sofrem.
É o lugar onde Ele se torna o cordeiro imolado que tira o pecado do mundo. Como nos diz o Cardeal Tolentino: “Não há, portanto, drama mais real e atual que a paixão de Cristo. Nenhum poeta, nenhum escritor, nenhuma música, nenhuma arte pode comparar-se o que sucedeu em Jerusalém, com o mistério do Filho de Deus que se entregou por nós. O mundo, quando olha para a cruz, pode sentir-se confrontado com o seu próprio pecado, mas também pode ver na cruz a fonte da sua salvação. A cruz é, assim, um lugar de reconciliação, é um lugar de paz, é um lugar de graça, é um lugar de esperança”.
Hoje ele nos pede para tomar a cruz de cada dia e segui-lo numa vida de amor a Deus e ao próximo. Amar a todos, sem excluir ninguém.
Na instituição da Eucaristia, Ele nos disse: Tomai e comei…tomai e bebei. Este é meu corpo entregue vós; este é meu sangue derramado por vós. Fazei isto em memória de mim. Fazei memória significa, fazer a mesma coisa que Ele fez. Dar a vida, doar-se, entregar-se. Amar até o fim, sem medida e sem limites. Amém

Dom Maurício Jardim
Bispo da diocese Rondonópolis/Guiratinga