5ª Romaria do Cerrado Berço das Águas

“Cerrado, berço das águas: Cuidar da Terra, Cuidar da Vida”

 

Na cidade de São Lourenço de Fátima, Juscimeira – MT, no espaço das Irmãs Catequistas Franciscanas – Recanto Terra Mãe, aconteceu, em 18 de setembro de 2022, a 5ª Romaria do Cerrado, com o lema: “Cerrado, berço das águas: Cuidar da Terra, Cuidar da Vida”.

Este momento celebrativo foi organizado por:  Baltazar Ferreira de Mello, da CPT – Comissão Pastoral da Terra, Edilúcia Freitas, das Irmãs Catequistas Franciscanas, Dirceu Coelho, Adilson Francisco, Dê Silva e Tânia Stoffel – membros das CEBs – Comunidades Eclesiais de Base. A Romaria contou com 120 pessoas das cidades de Cuiabá, Poxoréu, Rondonópolis e alguns representantes da CPT de outros Estados.

O início da caminhada, deu-se, às margens do lago de Leite/Buritizinho, com partilha de um delicioso café da manhã. Após, os presentes foram convidados a contemplar o Espaço Sagrado da Criação de Deus e, por isso, a desamarrar as sandálias, como um dia, Deus disse a Moises “tire as sandálias dos pés, porque o lugar onde você está pisando é sagrado” (Ex.3,5).  Assim imbuídos e imbuídas por esta convocação divina – Terra é Solo Sagrado – fomos também conclamados/as a pedir licença para os guardiões daquele espaço Sagrado, fruto da criação Divina, por eras geológicas, que no passado e presente Deus o habita com suas criaturas e deseja continuar, visto que “armou sua tenda entre nós” e no meio de nós.  

 Baltazar relatou-nos a respeito do histórico das Romarias do Cerrado e Leila, da CPT – Comissão Cerrado – fez memória das ações realizadas em prol à preservação deste bioma em outros Estados. O Cerrado é o berço das águas e, para continuar sendo é preciso cuidar e preservar suas nascentes. Ação realizada no espaço da Romaria – Recanto Terra Mãe – cujo aumento de água foi relatado por Ivandil, morador local.

Assim, numa caminhada de contemplação, feita de: silêncios e partilhas, cantos e orações, falas e gestos, caminhando e parando, ora ouvindo o som dos   pássaros, o pulsar da vida e reverenciando a natureza, ouvindo as experiências de vida do romeiro/a que caminhava ao lado. Neste movimento realizamos a 5ª romaria, sentindo também o pó da estrada de chão que ao impacto da caminhada deixa a marca dos pés e faz içar a poeira no ar, a qual traz à mente a sequidão da terra e também que ao pó um dia voltaremos.  Houve um abraço simbólico aos pequizeiros, como símbolo de resistência e, também, foram apresentadas algumas plantas do cerrado e suas propriedades medicinais.

Em frente à casa das irmãs, Edilúcia Freitas e Isabel Pereira – irmãs Catequistas Franciscanas – fizeram memória da presença da Congregação naquela localidade. Ao som do canto “Sandálias Caminhantes” seguimos até a última parada à Beira do rio São Lourenço. Almir Araújo e Flávia Isabel, do Grupo Arareau, trouxeram dados sobre a situação das águas em MT e da poluição gerada pelos moradores das cidades. “Somos todos responsáveis” e convidaram-nos a mudar nossos hábitos.

Após leitura da Palavra de Deus, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, chegou através do Rio São Lourenço, em uma canoa conduzida por Nilton e Rosangela, moradores locais, enquanto se entoava a música Romaria, de Renato Teixeira. Com os olhos embarcados pela emoção do momento foi realizada uma homenagem ao Baltazar, pelos trabalhos de preservação das nascentes que realiza. Emocionado, ele agradeceu e expressou gratidão por fazermos este trabalho em mutirão, “fico feliz nesta caminhada porque sempre nas Romarias e mutirões temos uma participação de muitos jovens e crianças, além de nós velhos, pois serão eles que continuarão este trabalho”, disse ele.

De volta ao espaço do Recanto Terra Mãe, a Romaria terminou em uma dinâmica, realizada ao redor da mesa do almoço, onde assumimos compromissos de auxiliar na preservação do cerrado, das nascentes, de construirmos juntos o 15º Intereclesial de CEBs, entre outros e, recebemos um anel de tucum como símbolo deste compromisso.

Levamos a alegria e os momentos partilhados, as preocupações que assumimos como compromisso e a gratidão a Deus que acompanha e abençoa o nosso caminho de preservação do cerrado, das águas e da Vida em toda sua majestosa forma de se expressar.

Texto: Tânia Stoffel

Imagens: Paulo Isaac – veja outras em https://www.facebook.com/media/set/?vanity=paulo.isaac.7&set=a.5067899033321710