Vida doada ao Reino de Deus

Neste 28 de março completa um ano que Dom Juventino voltou aos braços de Deus e deixou um imenso vazio em nossa Diocese. Gratidão a Deus pela vocação de Dom Juventino e por ter permitido que ele ficasse conosco por mais de vinte e três anos. Foram muitos aprendizados, muitas alegrias, muitas partilhas, mas também muitos desafios com os constantes problemas de saúde e naqueles momentos, maiores aprendizados ainda, pois Dom Juventino fazia com que a esperança sublimasse as dificuldades. Um bispo que se fazia irmão de caminhada: segurava a mochila nos ombros, colocava um chapéu de tecido na cabeça e caminhava junto com os/as fiéis nas tantas caminhadas e romarias da Diocese. Um amigo que sabia escutar a todos/as, que valorizava o trabalho dos presbíteros, dos leigos, das leigas, dos povos indígenas, das lideranças; que se empenhava na formação de novos padres, enfim, que pastoreava com alegria o rebanho a ele confiado. Incansável catequista buscava aprimorar cada vez mais os trabalhos de evangelização tanto com a presença fraterna quanto com a elaboração de subsídios. Dom Juventino tinha um jeito especial de tocar os corações e se estivesse ainda conosco, certamente nos diria: “Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados”.

Em um dos seus poemas, em 2016, Dom Juventino registrou um pouco do seu ministério: “Obrigado Deus pela vida. Ver o sol nascer e encontrar gente que ajuda viver. Amigos e amigas! Vocês são especiais; coração que abriga. Meus pais na simplicidade me deram a vida e condições de sobreviver. Nascer numa família católica. Ser educado com valores religiosos e morais. E da família não faltou sacrifício e muito sacrifício. Nos trabalhos na roça, na enxada e nas pedras do Morro do Cruzeiro. “O Espirito do Senhor está sobre mim… enviou-me para evangelizar”. 14 de julho de 1973: presbítero. 08 de março de 1998: bispo. Os anos passaram. Com amor, renúncia e doação, gastei minha vida. Corpo fragilizado, mas, sonho e esperança na lida. Esqueci-me de mim…Qual vela acesa fui me doando, me entregando.  Doei o melhor sem fim. Andei pelo sul, centro, nordeste e oeste. Novas culturas, novos desafios. Sair. Ir sozinho para o inesperado na certeza de que Jesus à frente indica o caminho. Sair de Santa Catarina e vir para Mato Grosso. Rumo ao desconhecido. Calor, saudades, cultura e esforço. Amar este povo, esta história, essa Igreja. Com lágrimas, suor, doença, saúde, doação. Acertos e desacertos, vontade de fazer o melhor. Missão: experimentar o Evangelho da vida. Ir ao encontro, escutar, presença solidária, fraterna e de Evangelho. E nesse pouco feito, o coração de Deus me acolhe em seu colo de misericórdia”. Assim era o nosso bispo.

 Gratidão, Dom Juventino, por todas as sementes do amor de Deus que o senhor espalhou entre nós; pela dedicação à nossa Diocese; pelas tantas celebrações, missas, encontros, assembleias e orações que o senhor presidiu; pelo exemplo de superação diante da doença e das dores; pela delicadeza em nos escutar e nos ensinar que a sinodalidade fortalece o nosso “caminhar juntos”. Gratidão pelo testemunho de fé e de fidelidade ao projeto de Jesus. Saudades.

 

Laci Maria Araújo Alves

Equipe Diocesana do Sínodo