3º Domingo do Tempo Comum

A” Boa Nova aos pobres” é para hoje

 

3º Domingo do Tempo Comum – Leituras: Neemias 8,2-4ª5-6.8-10; Sal 18,8.9.10.15; 1Cor 12,12-30 e Lc 1-4;4,14-16

A Leitura de Neemias nos leva ao tempo depois do Cativeiro da Babilônia. Os que voltaram do exílio encontram uma terra devastada, o templo destruído e o povo desnorteado. Os dirigentes, Esdras e Neemias, incentivam o povo para reconstruir tudo e renovar a esperança. Numa festa que celebrava o fim das colheitas, realizam um rito de renovação da Aliança. São lidos longos textos da Lei e é feita uma afirmação de fé e confiança: “O Povo respondeu, levantando as mãos: Amém!”. Não foi a ‘volta à normalidade’, senão uma ‘renovação’ da Aliança, com compromissos e com ações concretas, adaptadas à realidade atual. As leituras encorajam a viver a Lei, que significa renovar a confiança e amor a Deus, com alegria; e renovar a solidariedade, na convivência social: ‘comei e bebei … e reparti com aqueles que nada prepararam’.

O Salmo 18 é a resposta o ‘Amem’ de um povo unido e disposto a cumprir a Aliança, com alegria e solidariedade.

A Primeira Carta de Paulo, nos capítulos 12 e 13, nos leva a Corinto, uma comunidade muito viva e onde aparecem muitos dons do Espírito Santo. Mas, os que receberam os dons estão esquecendo que o doador dos dons é o Espírito e que todos (e todas) recebem dons. E, sobretudo, esquecem que os dons são para o bem da Comunidade, para ‘servir’. Não para outros interesses. A imagem do corpo mostra que só a solidariedade é caminho do Evangelho.

E o Evangelho de Lucas toma dois textos: um do capítulo 1 e outro do 4. Pula todos os ‘relatos da infância’ e apresenta a Jesus, adulto, depois de ser batizado por João e chamado por Deus, à luz do Espírito Santo, com o título de ‘Tu és o meu Filho querido, o meu Predileto’. Sob o impulso do Espírito Santo, Jesus se retirará ao deserto e, na solidão com Deus, ora e se encontra com o Pai. É aí que rejeita todos os caminhos errados propostos pelo Diabo, o ‘inimigo dos homens’. E vai a Nazaré, para apresentar aos ‘seus’ o seu projeto de Reino.

                Jesus lê o livro de Isaias (62). Ele conhecia essa ‘promessa’, pois era lida na Sinagoga, e era comentário corrente entre o povo. ‘Quando é que Deus vai a enviar seu Servo para nos salvar’? Jesus responde: “Hoje”. Jesus lê esse texto para apresentar sua missão, a tarefa recebida no Batismo. ‘O Espírito de Deus está sobre mim, para que eu anuncie ‘Boa Notícia aos pobres’ e a todos os que sofrem. Qual é a ‘Boa Nova’ que esperam os pobres? Qual a ‘Boa Nova’ que podem esperar os presos? E os oprimidos por qualquer doença ou opressão’; e os ‘sem casa, sem trabalho, sem renda, sem saúde, sem família, os pecadores…? Jesus anuncia uma ‘Boa Nova’ para eles e elas; e esclarece que tudo isso é ‘de graça’, o “Ano da Graça”. Jesus dedicará sua vida toda a ‘fazer a vontade do Pai’.

                O ‘hoje’ de Jesus descarta reduzir o Reino a um ‘futuro’ promissor. É ‘hoje’!

A ‘Boa Nova aos pobres’ descarta qualquer tipo de ‘teologia da prosperidade’.

Os ‘destinatários’ dessa ‘Boa Notícia’ são os que sofrem por qualquer causa ou razão. Não se descarta ninguém por raça ou cor, por diferenças políticas ou por normas religiosas. Jesus entregará sua vida aos mais necessitados, aos doentes, aos pecadores, aos ‘possuídos pelo demônio’, aos marginalizados por preconceitos sociais, culturais e religiosos. E convidará aos ‘ricos’ e aos ‘religiosos’ a ‘renunciar’ aos seus caminhos e segui-lo, num caminho de amor a Deus e solidariedade com os ‘irmãos/irmãs’, filhos/filhas de um Único Pai, unidos por um único Espírito.

                Que falta às nossas ‘igrejas’ para seguir esse Jesus de Nazaré? Que falta em minha vida para seguir Jesus?

               

Pe. José Cobo

Pároco Emérito da Paróquia São Francisco  de Jaciara – MT