Ressuscitou Verdadeiramente – Aleluia

RESSURREIÇÃO DO SENHOR JESUS

 

A Páscoa daquele ano estava toda organizada. Não seria diferente dos outros anos e o costume se repetiria como há séculos. A cidade estava preparada para receber os peregrinos vindos de todos os lados. Vinham para rezar no Templo já que o costume era de, ao menos uma vez no ano, visitar o “lugar onde Deus habita”. Traziam suas oferendas ou o dinheiro para comprá-las. Os comerciantes se antecipavam guardando suprimentos para esses dias da “invasão” de pessoas na cidade. Todos queriam apresentar suas oferendas, o consumo de alimentos era enorme, e os de mais longe precisavam trocar suas moedas. Os moradores de Jerusalém preparavam as casas para hospedar parentes ou até alugar para estranhos. Os sacerdotes no Templo pensavam nos mínimos detalhes a fim de que o culto transcorresse da melhor forma. O lugar dos sacrifícios, do incenso, das orações, as vestes apropriadas. Tudo devia ser feito com a maior solenidade possível.

Eis que, todavia, eles não contavam com um acontecimento novo e que iria mudar tudo. O Homem Jesus Cristo, às vésperas da grande solenidade da Pascoa Judaica, é terrivelmente condenado à morte: a trama da traição, o julgamento na calada na noite, o brutal açoitamento, a crucificação com os bandidos e o sepultamento, feito às pressas para não atrapalhar a ordem da cidade e o culto no Templo. Mas a novidade Pascal não iria se dar no interior do Templo como todos os anos, e sim de dentro do Túmulo! Jesus, no amanhecer do terceiro dia, rompe as portas de pedra do sepulcro, vence a morte que pensava tê-Lo derrotado, e de forma esplendorosa se revela Aquele que veio conduzir a humanidade desviada e corrompida pelo pecado a Deus. “Ressuscitou verdadeiramente – Aleluia!” cantam alegremente seus Discípulos hoje!

É já a segunda vez queríamos celebrar profusamente a Páscoa de Jesus, mas estamos à mercê de inúmeras limitações. Diante da dor por não fazermos parte das procissões, ouvirmos os cânticos, participarmos das orações, pode nos advir aos corações a sensação de que tudo isso poderá levar o povo a uma grande falta de fé. No entanto, a Páscoa, além de tudo o que a Igreja oferece e que alimenta nossa caminhada cristã, se mostra na fé que Deus semeou no coração dos homens e mulheres de boa vontade. Deus nos pede uma nova Páscoa! Enquanto os olhos humanos veem morte por todos os lados, o cristão sabe ver os sinais de vida, de ressureição. Em cada gesto fraterno que nos aproxima em nossa humanidade ferida, em cada pensamento e ação que nos converte em pessoas melhores, em cada oração lavada pelas lágrimas da dor, há sinais de ressureição.

Enquanto tecia estas linhas fui surpreendido pelo falecimento de Dom Juventino Kestering e não poderia concluir sem mencionar sua importância para esta Igreja particular. O Pastor que conduziu seu povo reunido nas cidades, aldeias, assentamentos e nos campos do pantanal. Ele fez sua Páscoa definitiva, e nós que aqui permanecemos construímos ainda nossa Páscoa definitiva em cada Páscoa celebrada. Deus o tenha consigo Dom Juventino!

Uma feliz e Santa Páscoa a todos!

 

Frei Ivan Luiz Nava f.m.m.

Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo – Itiquira – MT