Jesus no Templo

Estamos no 3º domingo da quaresma. Tempo de oração, de conversão, de mudança de vida. A cor litúrgica é roxa, cor da penitencia, da busca de Deus e da fraternidade. A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola.

A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola. Neste ano, o tema da Campanha é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14). Com esse tema a Igreja convida os cristãos para a caminhada de conversão neste período de quaresma. Para viver a quaresma é preciso ter a vida e o olhar voltados para Jesus e para os irmãos. A quaresma relembra o rosto sofrido de Jesus, mas também o rosto dos irmãos, em especial os que são vitimas pela falta de diálogo, pelo egoísmo, violência e desorganização social.

A Palavra de Deus (Jo 2,13-15) nos remete para o valor e a dignidade das pessoas. Jesus expulsa os vendilhões do templo de Jerusalém.  No tempo de Jesus, o templo era o centro do mundo religioso, o lugar onde o céu tocava na terra, era o “Santo dos Santos”. Lugar que regulava a vida cotidiana das pessoas. O judeu piedoso, não importava o lugar em que morava, deveria ir ao templo uma vez na vida. O templo era o lugar para onde iam as multidões de romeiros, por ocasião das grandes festas religiosas. Jesus segue a prática religiosa de seu povo. Por ser o primogênito de Ele foi apresentado a Deus no templo logo após o nascimento.  Aos 12 anos impressionou os escribas no templo pela sua sabedoria. Durante sua vida pública Jesus, por vezes denuncia os desvios do culto. “O gesto de expulsar do templo os cambistas e os vendedores lembra e anuncia a superioridade da misericórdia sobre os sacrifícios”.

No inicio o cristianismo deslocou-se do templo, da sinagoga para a casa que passou a ser o lugar irradiador do evangelho. Sem as leis, normas, ritos, preceitos, a casa era espaço simples onde todos se sentavam como irmãos. Assim fez com que as comunidades começassem a perceber que a prática libertadora de Jesus tornava inúteis os sacrifícios apresentados pelos sacerdotes no templo. E isso gerou muitos conflitos e perseguições aos apóstolos.

No ano 70, com a destruição do templo em Jerusalém, as comunidades releram as palavras de Jesus e entenderam que Deus não morava num espaço, mas em todos os espaços e mais ainda, em cada pessoa. Com Jesus, a Palavra de Deus se fez carne e habitou no meio de nós (Jo 1,14). Jesus é o novo templo. O corpo de Jesus, a sua realidade humana é o local em que habita a plenitude da Divindade (Jo 2,21-22). Deus não se prende a nenhum santuário. O que o Deus-Pai quer são os verdadeiros adoradores, aquelas pessoas que amam a Deus em sua vida por meio do amor a Deus e ao próximo. O verdadeiro templo de Deus é a comunidade, onde as pessoas se reúnem, convivem, celebram, praticam a caridade e a solidariedade.

O Catecismo da Igreja Católica, nº 1197 ensina“Cristo é o verdadeiro templo de Deus, “o lugar em que reside a sua glória”; pela graça de Deus, também os cristãos se tornam templos do Espírito Santo, pedras vivas com as quais é construída a Igreja”. E ainda mais: “Justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus” (1Cor 5,11), “santificados… chamados a ser santos”, os cristãos se tornaram “templo do Espírito Santo” (nº 1695)

Papa Francisco ensina: “O Templo é um lugar sagrado no qual o que mais importa não são os ritos, mas adorar o Senhor. Há o templo de pedra, como local de celebração, de encontro das comunidades, de culto, mas também o corpo, a pessoa humana que é templo sagrado de Deus. A Igreja nunca seja um comércio, a redenção de Cristo é gratuita. Jesus vem trazer a gratuidade de Deus, a gratuidade total do amor de Deus”.

São Paulo (1Cor 22-25) nos exorta: “Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, e loucura para os pagãos; mas para os eleitos – quer judeus, quer gregos – força de Deus e sabedoria de Deus. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que dos homens”.

Rezemos a oração da Campanha da Fraternidade:

– Deus da vida, da justiça e do amor, Nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade.

– Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica, ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo como compromisso de amor, criando pontes que unem em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio.

– Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade.

– Por Jesus Cristo, nossa paz, no Espírito Santo, sopro restaurador da vida. Amém.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga.