Palavras de Vida

JESUS NA SINAGOGA

 

Estamos no final do mês de janeiro de 2021. Continua a pandemia dizimando as famílias. Mas aos poucos a população começa a ser vacinada. É um sinal de esperança. Mas isso não exime a responsabilidade de cada um/a do cuidado, do uso da máscara, da higienização das mãos e do distanciamento social. A solidariedade com tantas famílias que perderam seus entes queridos e sofrem a solidão.

A Igreja celebra o 4ª domingo do Tempo Comum. A Palavra de Deus (Mc 1,21-28) adentra num tema importante para as comunidades, para os que exercem lideranças e para cada um de nós. O Evangelho segundo Marcos, no primeiro capitulo, ensina que a palavra, o ensinamento, as atitudes e os gestos de Jesus são diferentes das palavras dos escribas e dos fariseus. “Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade”. A autoridade de Jesus não vem do poder, dominação, violência, pisar e humilhar os outros, mas uma autoridade que brota da maneira de tratar as pessoas, de acolher os pecadores; os sofridos, os marginalizados e a forma de anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Tanto é verdade que a multidões que o escutava diziam: “O que é isto? Um ensinamento novo. Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem“.

Nós cristãos anunciamos uma mensagem nova. O Evangelho é sempre Boa Nova. Mudam os métodos, as pedagogias, as dinâmicas, mas a mensagem de Deus não muda. É sempre mensagem atual e palavra para cada momento da vida e da história. A canção diz: “Palavra não foi feita para dividir, mas palavra foi feita para construir”. Papa Francisco inicia a Exortação Apostólica Evangellii Gaudium com as palavras: A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”.

 No mundo da modernidade, da informática, estamos vivendo uma crise da palavra. As pessoas pouco falam ente si. Muitos andam o dia inteiro com um fone no ouvido, com o celular nas mãos, com os olhos fixos na televisão e no computador. Silenciou a família; o diálogo tornou-se monólogo ou discussão. Recuperar sentido da palavra na família, na comunidade e nas relações entre as pessoas é fundamental. Como está a palavra em sua vida, na sua família e na comunidade? Qual o valor da Palavra de Deus em sua vida?

Jesus se utilizava do método da proximidade, da escuta. Jesus escutou o grito do homem. Certamente o grito incomodou muita gente. E alguns até pensaram: “será que vão tirar esse homem para fora… ele está atrapalhando o ambiente da sinagoga”. Não foi esse o pensamento de Jesus. Foi até o homem que gritava e perguntou: “O que queres que eu faça”? Jesus abriu um diálogo, usou da proximidade, despertou a confiança, fixou um olhar de amor e curou esse homem.

Há um grito na humanidade. Grito por vida, por respeito, por proximidade, por fé, por tolerância. É Missão da Igreja, é nossa missão escutar os clamores. Escuta e ação concreta. Escuta e promoção. Escuta e vida.

Recuperar a palavra é melhorar a qualidade de vida. Palavra que aproxima, que acolhe, que orienta, que indica caminhos, que consola, que reconstrói. Neste sentido cada um/a de nós pode contribuir para melhorar as relações entre as famílias e na comunidade.  É importante, desde criança instruir os filhos/as para o correto uso das palavras. Que a mente e o coração sejam povoados com palavras construtivas e animadoras. Há no mundo admiração por pessoas que tem a capacidade de usar a palavra certa para o momento certo. Jesus fala com autoridade e suas Palavras são palavras de vida eterna justamente porque tinha a capacidade de aproximar as pessoas e entendê-las nas suas situações mais diversas.

Na leitura (Dt 18,15-20) “o Senhor teu Deus fará surgir para ti, da tua nação e do meio de teus irmãos, um profeta como eu: a ele deverás escutar… Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome”. Falar, comunicar, escutar construir pontes, unir pessoas é a missão da palavra.

 Rezemos com a Igreja: Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração e amar todas as pessoas com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga.